quarta-feira, 23 de abril de 2008

Europa connosco

Hoje, mais do que nunca, a Europa estará mesmo connosco, quando, no Parlamento, o grande centrão der o seu aval ao novo Tratado de Lisboa. Tudo se encontra a postos para esse momento decisivo. Deixada de lado a hipótese referendária, não fosse o diabo tecê-las, certo e sabido é que uma larga maioria nos vai encaminhar no sentido desse enorme espaço, agora mais animado, por via da esperança em conseguir o foral necessário.
Lei parece que vamos ter. Mas aquilo que mais necessitamos é de uma Europa mais solidária, mais arrojada, em termos de novos projectos e ideais. Carece-se de um outro salto, que vá para além da estafada economia e do comércio. As fronteiras devem alargar-se, de modo a abrangerem uma outra visão do mundo e de nós próprios. O homem e a terra precisam de uma estratégia mais determinada, para serem legítimos depositários de um outro futuro, de uma outra sociedade.
Enquanto isto acontece, o PSD vive uma séria agitação. Cheira fortemente a "tatcherismo", um caminho de rigor puro e duro, que tudo pode vir a abafar: fujam aqueles que se querem candidatar, que a unanimidade de ferro pode vir a ser a regra de ouro deste reino de laranjas atarantadas.
Mas que se cuide também o PS: os tempos de avanço sem oposição à altura estão a desaparecer.
Com uma Europa nova, quer-se também um Portugal renovado e mais confiante em si mesmo.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A tempestade

Esta noite de quinta-feira, com previsões de céu descontrolado, acabou por receber de Lisboa o maior dos contributos, quando o Dr. Luís Filipe Menezes fez desencadear um verdadeiro ciclone, que, convertido em tornado, desabou sobre as casas dos Drs. Aguiar Branco, António Borges, Pedro Passos Coelho, Pacheco Pereira e tantos outros críticos de agora e sempre, por entenderem que o mundo nunca está feito à sua imagem e semelhança.
Accionada esta bomba, o vento, a chuva, o granizo deram o ar de sua graça e tudo levaram em frente. Agora, tudo mudou e nada vai ficar como dantes. Descansem em paz os senhores da verdade absoluta e das inquestionáveis verdades!
Com tudo isto, treme o clube da Lapa, mas regozija-se o seu congénere do Rato, que o Caldas e os demais pouco têm a dizer, por mais que se empertiguem...
De alvoroço em alvoroço, o petróleo e as finanças podem estar descansadas: internamente, todos os ajudam e, agora, seja o que Deus quiser.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

A bonança

Naquele dia oito de Março, estiveram em Lisboa 99999 professores e mais uma outra pessoa: eu próprio. Em clima de festa, correu-se o trajecto do Marquês ao Terreiro do Paço, em passada decisva, ritmada pelos cantos do protesto contra a Ministra da Educação, em particular e, mais em geral, como desafio à política educativa, no seu todo.
Dizia-se que ali estava a imensa maioria de docentes, que, de crispação em crispação, fizeram daquele momento o tempo ideal para despejar mágoas, indignação, desconforto, desconfiança, incertezas e, mesmo, o sentimento de perda da sua dignidade e identidade profissionais. Talvez até, quem sabe, o medo do futuro.
Aquelas eram as vozes do descontentamento, que se erguiam quase em uníssono.
Mas esse foi um dia, um dia mais.
Agora, ao que se sabe, entrou-se na bonança, na paragem, no encosto às "boxes", talvez como acordo ou lá que o valha, uma espécie de aperto de mão, com os olhos de esguelha.
O certo, acrescentam, é que a escola vai sossegar, durante este final de ano. Para que se saiba e se diga, nada disto, cremos, tem carácter definitivo: os livros, de uns e de outros, ficam apenas nas respectivas prateleiras, à espera de mais álcool para a fogueira. É que o mal da educação é muito mais grave que tudo isto...
Mas, é bom assim pensarmos, tudo acaba "bem", mesmo que muito mal tenha começado e pior se mantenha na mesma cepa torta. A educação está gravemente enferma e os remédios que têm pretendido dar-lhe só agravam o seu estado de saúde. Isto já se não cura com paninhos quentes, precisa antes de uma terapia da cabeça aos pés.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Acerca de mim : quem sou

Nem alto, nem baixo
Nem gordo, nem magro
Nem velho, nem novo
Assim - assim
Português de corpo inteiro
Europeu por segura convicção
Mas com África também no coração
Nem citadino, nem aldeão
Cidadão do mundo sou eu
Aqui e agora
Sempre

A primeira braçada

Aqui estou eu a falar em português da possível última geração, antes que outra para aí desponte. Nascido com esta fase da língua, a ela me habituei. Mas convivi, durante anos, com os saudosos da pharmácia, que nunca desarmaram. Assim, se mostrou que mudança e tradição, afinal, podem viver lado a lado.
Durante alguns anos assim me portarei, entre dois mundos. Harmonizá-los é isso que se nos é pedido. Adivinho, no entanto, os problemas com que me vou deparar, quando me fizerem perder o "p" e o "c", entre outras medidas... Em acção este vai mostrar-se decisivo : num país de tão baixa produtividade, é necessária muito mais acccção e não o corte da sua própria essência. Mas andemos para diante...
É por isto estar a acontecer que o crescimento vai quedar-se pelos 1,3%, segundo o FMI, muito acima dessa miséria, no entendimento da nossa gente.
Mesmo com esta quebra acentuada, que chispa com todas as previsões que nos colocaram na mesa, parece-me, todavia, que quem devia partir vai continuar de pedra e cal e quem surgiu para salvar a pátria, afinal, consta para aí que pode perder por comparência.
Ideias grandes precisam-se. Mas nunca aquelas que nasceram em S. Caetano à Lapa contra a Câncio e muitas outras, vindas de lados a esmo, a beliscarem a escolha pessoal e profissional de Jorge Coelho.
Afirmo solenemente que não são estes pequenos apartes os meus valores. Defendo a elevação, abomino a mesquinhez, venha ela de onde vier.