sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um abraço, amigos madeirenses

Estão-me no coração todos os amigos madeirenses que, comigo e com muitos outros então rapazes de pouco mais de vinte anos, partiram do GAAC e do BI 19 para o M'Cito, zona de Tete, para constituir a CCaç.4941. Antes, tínhamos vivido meses de formação naquela terra, um paraíso mesmo para um militar que ali fora colocado, transitoriamente.
Ao assistir ao drama que ali desabou, no passado dia vinte, vêm-me à memória tantas recordações, tantas emoções e, nesta hora negra, o turbilhão de dúvidas e incertezas, angústias e medos mais me atormenta. De toda essa gente e de seus familiares, nada sei. Espero que estejam todos bem e que saibam ultrapassar estas dificuldades.
Daqui do Continente, recebam um abraço solidário, tão forte quanto aqueles que sempre trocámos, lá longe, onde a chuva, que tamanha dor lhes causou, era, por ironia do destino, naquela altura, um dos bens mais escassos.
Ali, na via férrea da Beira para Tete, imperava o calor: o real e o outro.
É este, o outro, que aqui evoco. Com muita emoção, com enorme esperança.
Que estes dias de tristeza sejam, em breve, a outra parte do futuro risonho que a todos desejo.
Aos meus particulares amigos madeirenses, que tudo de bom lhes aconteça!
Àqueles que não conheço, mas que sinto como irmãos de sempre, os mesmos desejos e votos aqui expresso também, como é meu dever solidário.
Coragem, irmãos! Força! Muita força!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Voar para a Madeira

Conheci a Madeira, enquanto ali prestei serviço militar em 1972. Foi terra que logo me encantou. Depois disso, por razões profissionais e outras, várias foram as vezes que me desloquei a esta Ilha. Do seu encanto, quase tudo está dito e nunca se conseguiu retratar, de corpo inteiro, tanta maravilha, tanta graça e tanta beleza e trabalho feito.
Mas o que muito nos dói, no dia de hoje, é a terrível tragédia de que está a sofrer. Muitos são os escombros e os destroços. Infinitamente pior - e sem qualquer remédio - é a onda de morte que acompanhou este temporal, ceifando dezenas de vidas e deixando muitas pessoas a caminho dos hospitais, segundo as últimas informações. As imagens que nos chegam mostram a dimensão de tão assustadora realidade e ainda se não descobriu tudo.
A Madeira está de profundo luto. A Madeira precisa da nossa generosidade. Voemos para ali, depressa, que aquela gente bem merece a nossa solidariedade.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

De um banquito para um cadeirão

Dizem que somos terra pequena, que não passamos de um qualquer torrão à beira-mar, mas daqui sai gente da alta, como se vê agora com a ida de Víctor Constâncio para a vice-presidência do Banco Central Europeu, o conhecido BCE.
Deixa assim de dirigir o nosso Banco de Portugal, mas não perde importância nem, talvez, proveitos. Se esses pormenores não nos importam, por cheirarem a buraco de fechadura, como alguém dizia há dias, o relevo vai todo inteirinho para esta escolha, que não pode passar despercebida a quem gosta de ser quem é: gente que se sente com aquilo que acontece a cada um dos seus compatriotas. E este caso de sucesso sabe bem reconhecê-lo, verdade seja dita.
Agora, daqui a meses, vai haver mudanças na grande casa do dinheiro português. O senhor que se segue é, para já, uma enorme incógnita. Eu não sou, de certeza absoluta.
Mas que vou estar atento, isso posso garantir. Fica, no entanto, uma sugestão: aproveite-se esta oportunidade para trabalhar com razão de estado aquilo que com o estado tanto mexe. Por qualquer prisma que o vejamos, mais social, menos liberal, mais regulador, menos controlador, o estado, o nosso, não pode ser deixado ao acaso nem ao capricho de ocasião. Pede-se uma outra postura: elevação, eis o termo que me ocorre, de momento.
A mesma palavra gostaria de a ver aplicada à adivinhada contenda que começa a estalar no PSD e já não é sem tempo.
Com três candidatos, pelo menos por agora, dirimam-se argumentos, mas preserve-se o essencial: eleve-se então o discurso, para se poder ver ao fundo do túnel uma qualquer alternativa, credível e apetecida.
É isso que se aguarda, tanto aqui na Vagueira, como lá em cima, na encosta da Serra do Ladário, terras de Oliveira de Frades, que ontem tiveram mais encanto com o manto de neve que as ornamentou.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Em plano inclinado

Até me tenho desviado de pegar nesta página da Net, a minha amiga de muitas horas, porque são pesados os tempos que estamos a viver. Aqui, no ponto em que a Serra do Ladário deve rondar os 400 metros de altitude, chegam dados de todo o mundo. O tempo de saber pouco, de acreditar em que a chuva e o sol eram universais em cada segundo, iguaizinhos nos seus efeitos em todas as partes deste mundo, já passou. O meu concelho, o de Oliveira de Frades, anda de ouvido atento e nada lhe foge. Nem este desconchavo de ver um país, o seu, a quase afundar-se nos leva a tapar os ouvidos e a cegar os olhos.
É triste o panorama que vivemos: ninguém acredita em ninguém, todos falam, não há razão alguma em qualquer das partes, advogados atiram-se a juízes e magistrados, estes dizem mal daqueles, e aqueles destes, os jornais divertem-se em minar tudo o que seja ponto de pólvora, a rádio e a televisão seguem o mesmo caminho, a voz pública anda desconfiada e, pior, muito pior do que isso, as carteiras estão cada vez mais vazias.
Na minha terra, vive-se com o credo na boca. Na estranja, os grandalhões teimam em querer deitar a nossa credibilidade abaixo, os ricalhões bancos falam já em encontrar meios de continuar a encher os bolsos, o governo local acena com um outro forte apertar do cinto - o do congelamento dos salários até 2013 - e, no meio de tanta gritaria, já se sabe quem vai pagar o maior quinhão da crise: o mexilhão, a arraia miúda do meu amigo Dr. Jaime Gralheiro.
Vem aí o Carnaval.
Máscaras?
Tenho que chegue. Esta, a da crise e dos desvarios que por aí abundam.
Mais?
Porra!... Nunca.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Portugal à deriva no mar das ilhas

Já não vale a pena viver no remanso desta Serra do Ladário, mesmo quando se nota uma chuva miudinha, porque os ventos tempestuosos das nossa ilhas atlânticas tudo parecem levar à sua frente. Este é um país em mar sem controle de si mesmo. A água entra por todos os lados. Os políticos andam a brincar com o lume. Um buraquito de 50 ME é mais forte que o bom senso. No entanto, em matéria de TGV, não se recua um milímetro. O Governo arma-se em vítima. A Oposição estica a corda, na esperança de colher dividendos. O PR ouve o CE e fica, amarrado, à espera. O Presidente da AR assina um adiamento da votação - vi-o escrito há minutos - sem o Plenário se ter pronunciado. Este meu país é um perfeito-imperfeito desatino. As Finanças da rica Madeira ameaçam devorar-nos. A UE - verdade ou mentira? - diz que somos assim-assim uma Grécia afundada. A Bolsa dá um enorme trambolhão. O meu amigo, funcionário público, já pôs as barbas de molho. O Zé, dali perto, pensa no carro que pode ter de entregar no prego. Alguns espertinhos do PS, que têm assento na AR, até querem que nos ponhamos nus perante todo o mundo, com as notas estendidas. Os miúdos do Secundário, felizmente, barafustam nas ruas. O PR anda pelos locais do Interior a pescar boas práticas...
E eu, modestíssimo cidadão de Oliveira de Frades, interrogo-me: vale a pena continuar a querer acreditar no futuro? Teremos nós, país de 900 anos, ainda energias para vencer estas crises, as reais e as imaginárias? As minhas filhas, uma na Serra, outra na Capital, têm razões para crer num destino melhor? A minha mãe pode confiar no Sistema de Saúde? Os meus primos terão a certeza que a sua Escola é a melhor? Poderei eu circular no A25, sem ter outra via plausível para dar umas voltas, sem ter medo de me irem ao bolso? A Serra do Ladário ainda continuará a poder dar-me ar puro, ou também vai ser taxada? Os meus amigos, produtores industriais e agrícolas, poderão avançar com mais projectos?
Em suma: com estes políticos e com esta gente, vale a pena ter-se esperança? Vale?...