segunda-feira, 31 de maio de 2010

Selecção pobre até nas músicas

Ao vermos que o mês de Maio está a acabar e a nossa Selecção se apresta a sair da Covilhã, hoje vamos falar de uma das opções tomdas.
Pouco discutimos os jogadores escolhidos.
Entendemos, no entanto, que há falhas graves.
Que não foi gente que devia ter ido, que outra ali está que, talvez, a nosso ver, não é a mais ajustada.
A ver vamos.
E prognósticos, alguém o disse, só no fim do jogo.
Mas há uma opção que tem o nosso frontal desacordo: é a canção que serve de suporte à Selecção.
Em terra de poetas e autores de grande mérito, é um erro de todo o tamanho ir buscar ao estrangeiro o tema motivador.
Nada temos de xenófobo. Nada.
Mas uma canção, em inglês, choca-me.
É a selecção portuguesa que ali está a representar-nos e bem poderia ouvir, de manhã à noite, música da nossa.
Boa, bem feita e digna de ser mostrada ao mundo.
Se tenho de aturar a VUVUZELA - e até me agrada um pouco, por cheirar a Vouzela - em cada momento do Mundial, dêem-me, em contrapartida, música da minha.
Mudem lá o disco, que ainda vão a tempo!
Já agora: joguem bem, que aquele desafio com Cabo Verde foi uma lástima.
Ainda vão a tempo. Lá na África do Sul...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

M e M

Esta é uma terra em que os "M" têm uma certa importância, melhor dito, um capítulo à parte: Mourinho é o que é; Marcelo, o Rebelo de Sousa, também não deixa de ter o seu pelourinho com abas largas, porque o seu pouso, o das televisões, só agora teve um desfecho - TVI - e, por aquilo que se viu e ouviu, não é de abastardar esta sua cátedra...
Marcelo tem palavra, descobre a careca de todos, adivinha o coração de seus visados, desmonta-os todos, de alto a baixo, sem contemplações e com voz de anjinho. Mourinho, esse, com ar azedo, se isso for bom para o seu projecto, apresenta obra, da cabo a rabo: foi feliz em Portugal, no Porto, continuou esse invejável estatuto em Inglaterra, prolongou-o por Itália e, rezam as bruxas, não deixará de fazer o mesmo em Espanha, no Real dos Reais.
Com dois métodos e dois esquemas, um e outro são uma espécie de gente que nos deve motivar: se um fala e é aceite, o outro concretiza e mostra que Portugal, afinal, não é um qualquer reino de bananas, mas um país com nível...
Com um terceiro lugar nas tabelas do futebol mundial, com um técnico que é estrela cintilante, com um Eusébio, um Figo, um Cristiano Ronaldo, a culpa de termos um Primeiro-Ministro que teve azar no tempo em que governou, porque mostrou garra, mas esqueceu-se de analisar as condições económicas que o mundo apresenta, não nos cabe, de certeza. Se não votámos nele, sentimos que tudo isto é mau, que a vida a encarecer, talvez, não tenha apenas o seu carimbo, mas não podemos deixar de ver que errou bastante...
Mas o meus Mourinhos são outros, aqui em Lafões e Oliveira de Frades. Dão pelo nome de Martifer, Portax-Iberoperfil, Rações Classe, Pereira e Ladeira, Campoaves, Sequeira e Sequeira, Perfisa, Notícias de Vouzela, que, este ano, comemora 75 anos de idade, Misericórdias e Bombeiros de Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, ASSOL, Barragem de Ribeiradio e tantas outras gentes e instituições desta Região de Lafões que, estando em subida, não pode assistir ao folclore do aumento das portagens sem dizer que esse é um discurso para quem não sabe que a EN16 está entulhada de todo e que o Índice de Desenvolvimento desta zona ainda anda longe daquilo que, sendo necessário, nem aí chega...
Ao terminarmos este mês de Maio, que foi de um negrume que até nos assustou, a ponto de ficarmos calados desde o seu início, porque tudo cheirou a descalabro, desde as finanças, aos impostos, às decisões políticas, só sentimos algum alívio na Covilhã, mas até esse é um ponto em que tudo, não sendo capaz de ser árvore de grande porte, se fica por uma vulgar Queiroz, que, nesta minha terra, tem ar de planta sem pinta de saltos altos: mas, porque o fruto depende de muitos factores, o melhor é sabermos esperar...
M e M têm um lugar especial. O resto é uma qualquer lástima, salvo as estrelas da minha terra, que alumiam com algum brilho e esperança, tantos são os pergaminhos, de idade e valor, que nos podem apresentar.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Gaivota na areia, sinal de peixe tramado

Chega a rede. Pelos buracos da sua malha, escapam-se os peixes sortudos que, a tempo, ainda reentram na água, de onde saíram segundos ou minutos antes.
Outros, porém, rejeitados ou desastrados, acabam por se perder nas areias finas e amarelas, pisados, torturados, ou arrancados para sacos intrusos ou, então, papados por bandos de gaivotas vorazes que lhes chamam um figo.
Se os seus amigos de caminhada final, entre quatro fios, vão ser cobiçados por quem não dispensa um bom prato saído do mar-ventre generoso - e agora, de novo, tão falado, a partir da palavra presidencial - e sempre pronto a ajudar-nos, aqueles infelizes nem isso conseguiram.
Mas cumpriram uma outra missão: alimentaram parte deste nosso universo que tanto precisa de preservar a diversidade, de que as gaivotas são parte integrante e bem desejadas.
Assim, uns e outros, afinal, neste mar da Vagueira, dia a dia, quando o mar se mostra manso e chão produtivo, têm o fim que o destino lhes ditou: ou correrem para as bancas novas e provisórias, ou serem repasto das aves que fazem do mar, do céu e da terra um espaço tripartido, sendo, por isso, muito mais felizes que nós: sem impostos, sem medo de bancarrrotas, sem especulações e "ratings", sem gravadores metidos ao bolso, sem uma Grécia a afundar-se e um euro a cair aos trambolhões, ei-las gaiatas, a ir e vir, quando muito bem lhes apetece.
A elas, ninguém chateia.
Nem o medo do futuro as apavora.
E a nós espreme-nos até ao tutano.
Uma " gaivota voava, voava, voava ..."
E nós, aqui num chão prenhe de lodaçal, vemo-nos descambar, hora a hora, se outros tempos não vierem...

Três "S"

Isto da idade conta-se também com as letras do alfabeto: chega um dia e os "s" caem sobre nós. Quando chegam três duma só vez, até as notícias, acerca de cada uma dessas pessoas, têm tendência para mudar. Começa a falar-se no sexagenário, a medida etária que, a partir desse virar de página, mais se usa.
Tudo muda. Menos uma verdade: dez anos depois do meio século já cá cantam.
É bom? Não sabemos.
É mau? Esperemos que não.
É o que é e nada mais.