terça-feira, 21 de setembro de 2010

Novo ano escolar e outros temas

Sei que estou atrasado com este comentário. Se dissesse o contrário, falsearia até o meu percurso de vida, porque a educação atravessa-o em grande parte.
Mas tenho evitado tocar neste assunto por um único motivo: as contradições a que assisto nesse sector, que sempre entendi como um mundo em que a concórdia com ele convivesse em total comunhão de bens. Nada disso está a acontecer. Vejamos: mal abre o ano escolar, logo desperta o programa "Escola Segura", aquele que leva o policiamento para as portas e arredores das nossas escolas como se de um gueto de delinquência se tratasse...
Choca-me esta dicotomia: em vez da formação que se espera, desejada e alimentada por todos, impõe-se um sistema que usa meios policiais para se afirmar e viver. Tendo uma grande consideração por todos esses profissionais, não posso aceitar, por outro lado, que o seu local de trabalho possa ser um qualquer estabelecimento de ensino/aprendizagem/formação/humanização de todo e qualquer conhecimento.
Ver aqueles carros chegar, antes de todos os agentes escolares, quero crer que há outros caminhos a percorrer: fazer da escola um desejo e uma outra forma atractiva de atrair quem dela se quer abeirar, indo por bem, é um imperativo. Rodear todo o sistema de homens fardados e armados é desvirtuar o próprio conceito de educação.
Entendo, por isso, que a socialização de todos, a começar pela nossa infância e juventude, reside noutras esferas: a família, em primeiro lugar, a sociedade no seu todo em geral, por acréscimo.
E, dentro desta, têm lugar destacado as nossas colectividades.
Por aquilo que conheço, a minha UMJA, aqui na encosta da Serra do Ladário, concelho de Oliveira de Frades, lugar da Sobreira, está a cumprir um enorme papel de destaque.
Com um passado de êxitos em termos de trabalho com esta malta nova, o seu recente Festival TIM - e todo o programa que o envolveu - veio confirmar isso mesmo.
O encontro de Bandas, a organizadora, a de Ribeiradio, ali, do outro lado da Serra, e a de Salzedas trouxeram o testemunho desta verdade: quando todos formam, ninguém sai a perder e todos ganham. Talvez fique com a cara à banda a "Escola Segura", mas isso agrada-me, verdadeiramente, com o devido respeito para aqueles profissionais que não têm culpa nenhuma, como é lógico.
Repensar a escola e a nossa maneira de ser, ser e estar, é urgente, necessário e imperioso.

sábado, 11 de setembro de 2010

11 de Setembro

Duas efemérides me vêm, de rompante, à memória, quando olho para o dia 11 de Setembro: a primeira faz-me ir até Alcafache e recordar o horror do acidente ferroviário, há 25 anos,na linha da Beira-Alta, onde, por entre ferros retorcidos, carruagens desfeitas e chamas, muitos nossos conterrâneos perderam a vida, tantos que ainda hoje ninguém sabe, ao certo, quantos faleceram; mas são as Torres Gémeas, em Nova Iorque, que vira meses antes, que, naquele fatídico também dia 11 de Setembro de 2001, mais me atormentam: espinho cravado no mundo da desejada sã convivência entre gerações, cada areia, como a ameaça de um qualquer Reverendo evangélico de queimar o Corão, pode pôr tudo a perder.
A chaga dos milhares de mortos, os efeitos nefastos directos e paralelos que aquele ataque desencadeou, como a nunca explicada Guerra do Iraque, são sempre um pesado cutelo que pesa sobre as cabeças de toda a humanidade.
A cada ano, temo sempre o pior. Mas, felizmente, parece que o bom senso está a ganhar, esperando que assim aconteça sempre, para bem de um futuro carregado de incertezas e dores.
A nível interno, vejo que a (in)justiça nos corrói de alto a baixo. Agora, isto dos computadores teimosos é mazela que tinha de ser evitada a todo o custo. Num processo deste melindre, nada disto poderia continuar a mancha negra que tanto empobrece esse edifício em ruínas.
No meio desta trapalhada, culpados há-os, de certeza. Vítimas também, de um lado e outro daquela débil barricada.
Até a "convicção" do Tribunal me confunde, por ser um defensor da real descoberta da verdade e não aceitar que se decida com base nesse apregoado princípio. Mas, à falta do melhor, do mal o menos.
Agora isto de culpabilizar as máquinas não me entra pelos olhos dentro. Nem pela minha fraca capacidade de compreensão.