domingo, 28 de novembro de 2010

Bruxelas a tratar do nosso destino

Este cidadão da Serra do Ladário anda preocupado com o seu país. Por mais que se ate, há logo quem desate. Dados os nós do Orçamento, não sei se daqueles de marinheiro, bem feitos e seguros, se nós de um Zé qualquer, que se desfazem num ápice, já se acena, novamente, com o papão dos juros, temem-se os efeitos bola de neve vindos da Grécia e da Irlanda, toda a gente treme e a União Europeia deixa que este perigoso cai abaixo da montanha-russa a que subimos ao longo de anos se arraste indefinidamente.
Apre, que é demais tanto tacticismo! Chega de dar cotoveladas uns nos outros. Basta de uma mesa onde só se sentam pessoas meio desavindas, que, quando toca de ser solidário, arreda que é Satanás.
Quando os Ministros das Finanças estão hoje em Bruxelas, o Terreiro do Paço dos grandes, pede-se-lhe que olhem para a NATO, que, com todos os seus defeitos e fraquezas, tem uma virtude inquestionável: a capacidade de se entender que um ataque a um dos seus é uma ameaça geral. Logo, a resposta apresenta-se global e participada.
Na UE, vê-se o que, infelizmente, está a acontecer: as finanças de um ou outro membro sofrem ataques descabelados e os demais cospem para o lado.
Assim, não há Euro que resista, nem União que se mantenha com credibilidade e firmeza.
O lema do meu Benfica também aqui pode ser aplicado: " Um por todos e todos por um".
Se persistirmos neste empurra para lá, sejamos todos sinceros: agarre-se um outro projecto que este parece estar defunto, quase a cheirar mal.
Meu caro José Barroso, dê-se um murro na mesa, depressa, alto e bom som. O tempo urge!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um dia parado para se andar

Estive aqui eu preso na minha indolência de alguém que já não se inscreve nas estatísticas das pessoas activas e, de repente, dei por mim a pensar que uma vida assim tem pouco sentido: ela só é vida se estiver ligada a quem vive momentos de dificuldade extrema e por essa gente faz alguma coisa. Por isso mesmo, passei o meu tempo a ver se havia algo de verdade nos números da greve geral. Este foi um exercício de cidadania, mas que de pouco valeu. O governo aponta para uns míseros vinte por cento, mais coisa menos coisa; as Centrais Sindicais falam na maior greve de sempre e sobem a fasquia até ao céu, aí na ordem dos oitenta/noventa por cento...
Quis ser útil e, uma vez mais, falhei. Se todos têm a sua verdade, esta tem de estar algures, talvez no meio, na esfera do bom senso, na bissectriz das boas atitudes e decisões.
É este, então, o meu contributo à causa da greve, onde gostaria de ter estado e não pude fazê-lo, porque há estatutos que a idade ou as circunstâncias tudo anulam: dizer que é preciso encarar esta contestação como um valente puxão de orelhas a um governo mouco e cego e deixar para os sindicatos a ideia que não se foi assim tão longe quanto fizesse cair S. Bento, o Carmo e a Trindade...
O meio caminho parece-me a melhor solução. Mas há um dado adquirido, de certeza: depois deste dia 24 de Novembro, mais quentes estão as orelhas do governo e, sobretudo, as do primeiro-ministro. Esconder esta verdade, hoje reafirmada, é ser desprovido de uma qualidade que se exige a quem nos governa - ser perspicaz.
Amanhã é o dia 25 de Novembro, uma outra data histórica. Esta e o 25 de Abril são um duo inseparável, por se associarem, em grande escala, à virtude maior do nosso sistema que, mesmo com todas as suas vicissitudes, se chama LIBERDADE. E esta não regateamos, nunca.
A greve de hoje e o dia de amanhã são, em suma, peças da mesma engrenagem: uma vida em democracia, que todos devemos estimar.
Assim, que se lixem os números da greve, porque uns e outros não falam verdade!
Mas a greve falou alto e isso é o que importa.

domingo, 21 de novembro de 2010

Braço a torcer: a Cimeira da NATO valeu a pena

Daqui, da minha varanda de Oliveira de Frades, olhei com desconfiança para a Cimeira da NATO, que acabou de se realizar em Lisboa. Pensei que era mais um passeio pela sua história, que estava minada pela própria evolução do mundo, de onde desapareceu a célebre guerra-fria e o medo recíproco, mas afinal aquilo foi um grande salto para a frente.
Desfeitos velhos conceitos, falecida - e ainda bem! - a cortina de ferro, a busca de outros alargados caminhos veio a acontecer, de modo a abrir as portas à cooperação entre ancestrais "inimigos", o que é francamente positivo.
Porque dar o braço a torcer é atitude de quem sabe reconhecer os seus erros, dou a minha mão à palmatória. Em Lisboa viveram-se momentos de excelência a nível das relações multilaterais e isso é motivo de sobra para nos sentirmos francamente bem com esses desfechos.
Mas há mais: as demais reuniões entre campos de associações diversas, tipo NATO/UE e outras, para além dos encontros que tiveram Portugal no seu centro, são motivos mais do que suficientes para dizermos que, ali, tudo correu de feição.
Há ainda o facto de a nossa organização ter brilhado. Parabéns.
Bons assim em eventos desta envergadura, só nos resta pôr em prática esses mesmos princípios de eficiência e eficácia no nosso dia a dia.
Por ter falhado nos meus cálculos, peço imensa desculpa, porque esta gente da Beira não tem vergonha de se retratar sempre que algo lhe sai mal. Foi o meu caso, sem dúvida.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Zona euro em risco

Isto da nossa crise, afinal, não é bem só nosso. Temos até, talvez, a parte menor deste bolo, que é comido, em grande parte, pela Alemanha e amigos mais chegados. Mas isso não importa. O mal maior é que estamos em perigo eminente de ir pelo rio abaixo, onde a Irlanda já braceja, aflita, a Grécia quase se afundou e nós, os pobres desta periferia das periferias, não demoramos muito a entrar em afogamento total se, entretanto, não forem tomadas medidas de fundo.
Em causa está, em suma, o próprio euro e, no limiar, até o projecto europeu a que tenho batido tantas palmas desde 1985.
Para defender estas duas entidades, não pode haver jogo duplo e escondido. Nenhum parceiro pode esquivar-se a esta luta titânica de moedas a comerem moedas, salvando-se o euro em conjunto de esforços, ou acabamos, mais tarde ou mais cedo, por perecermos todos na derrocada de uma Europa que não soube, ou não foi capaz, de salvar a sua identidade. Essa é que é a história principal, o resto é, como dizem por aqui, em Oliveira de Frades, paleio fiado e balofo.
Em Lisboa vai decorrer a Cimeira da NATO. Que se entendam!
No meio da barafunda europeia em que estamos metidos, mais NATO ou menos NATO que importa? Com uma pontinha de egoísmo, agora é a vez de olharmos para nós. Que se lixe essa mega reunião de Lisboa!
É a minha Europa que está a cair e eu quero defendê-la.
Com isto tudo, até me esqueci de abraçar o projecto da minha Universidade de Coimbra para se candidatar a Património Mundial... Venha essa distinção que bem a merece.
Mas, primeiro, olhe-se para esta moribunda Europa, a precisar de transfusões urgentes!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Adeus, João

Era um homem simples, mas simpático. Atencioso, delicado, acenou-nos, vezes sem conta, ora no Restelo, ora no Saldanha, sempre que por aí passámos. Ao dizer adeus, implicitamente estava a pedir-nos, pela sua atitude, que ali voltássemos, até porque, neste Portugal sisudo, cada sorriso, cada gesto destes tem muito mais encanto.
Tanto deu que se esgotou, partindo para sempre naquele adeus definitivo que ninguém controla. Mas as horas que nos ofereceu, sem greves, nem reivindicações, sem cartazes, nem tarjetas, sem um berro, nem um esgar de desagrado, reservaram-lhe, de certeza, o melhor dos lugares, lá em cima, onde pode acenar-nos, sempre, cá para baixo. Obrigado, João.
Vi-o um montão de vezes. Nunca lhe retribuí aquilo que, sem nada pedir em troca, me deu cada dia que com ele cruzei de carro, mais no Restelo, a caminho de Alcântara, que no Saldanha.
Falhei.
Peço-lhe, João, que me perdoe a falta de sensibilidade que então revelei.
Descanse em paz.
Este João, simples, fez da amizade e do sorriso, do aceno e da saudação um pouco da sua vida.
Deu-se.
Agora, na altura em que deixou de realizar o seu "ofício", resta-nos dizer-lhe adeus, num gesto de gratidão do tamanho da sua alma, que era muito grande...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Hospital Distrital de Viseu com distinção

Aquilo, aquele, este, o meu Hospital é uma Instituição de saúde pública. Depende do Estado, é do Estado, é gente da FP que ali trabalha. Tudo ali tem marca de coisa pública, de bem público, de serviço público.
Por razões que a falta de saúde obriga, tenho tido muitas oportunidades (que não queria) de ali me deslocar e de aguardar atendimento.
Ontem e hoje, vivi essas situações com duas pessoas que me são, obviamente, muito queridas. Num e noutro caso, vi responsabilidade, vi capacidade, vi apoio, vi humanismo nos gestos e nos actos médicos e afins, vi a ânsia de tudo fazer bem, descobri também ansiedade nas respostas que, às vezes, mais tardavam, senti que estava, afinal, no meio de gente que sabe ser funcionário público sem ser uma carga de maus vícios, maus costumes, más práticas, más educações. Nada disto, nada mesmo.
Era a perfeição? Não.
Era o melhor dos Hospitais? Talvez e também não.
Mas que era uma CASA de SAÚDE que quase parecia o céu, por tantas estrelas apresentar, disso não tenho dúvidas.
Que ainda pode brilhar muito mais, que ninguém tal desconheça.
Mas é muito bom o que ali se faz.
Obrigado, em nome também de meus familiares, claro.

domingo, 7 de novembro de 2010

ASSOL no mundo das boas práticas

Tive o prazer e a honra de me ter deslocado à Holanda, a fim de participar numa Conferência Internacional sobre pessoas com deficiência: a Gentle Teaching, um forum de excelência em termos de ver todas as pessoas, todas, como elas são - PESSOAS.

No meio de mais de uma dezena de representações de três continentes, Ásia, América do Norte e do Sul e Europa, esta Instituição de Oliveira de Frades, que tem pólos ainda em Vouzela, S. Pedro do Sul, Castro Daire e Tondela, mostrou o seu grande portefólio de realizações, que são apreciados e louvados nos quatro cantos do mundo.

Os meus olhos viram a forma como a ASSOL é acarinhada. Os meus ouvidos escutaram palavras de um enorme apreço. O meu coração - e é de pedagogia baseada nesta parte do nosso corpo que se trata, quando se fala de Gentle Teaching - palpitou de contentamento nos muitos momentos em que se notava um ambiente de satisfação em redor da comitiva que ali se deslocou.

Se muito há a dizer sobre esta viagem de aprendizagem e oferta de ideias sobre obra feita, o que ficará para as próximas ocasiões, numa primeira impressão, temos de confessar que, tal como afirmou o Professor MacGee, grande mentor e obreiro desta iniciativa, a ASSOL soube, a seu tempo, agarrar esta mensagem de inclusão e pô-la em cima de suas mesas de trabalho, aplicando-a com garra para levar todos os seus apoiados a sentirem-se felizes e gente da nossa gente, GENTE, apenas GENTE.

Se parti com vontade de vasculhar muito do que se deve fazer em matéria de boas práticas, afinal, por aquilo que a ASSOL constrói em cada dia, cheguei à conclusão que, estando muito longe de atingir a perfeição, esta Instituição já mostrou que segue um bom caminho e é por isso que tem praticamente aprovado um projecto de Certificação europeu, pioneiro nessa área, galardão que, a não acontecer nada de muito estranho, virá a receber dentro de dias.
Com pouco mais de vinte anos, tudo isto é fruto de um todo que tem essa juventude e essa bonita idade. A quem ali está, agora, cabe essa felicidade, mas os alicerces vêm de há muitos anos atrás.
Na Holanda, sentimo-nos bem.
Há muito para contar, mas não é hoje que tal acontecerá.
Aguardemos.