sábado, 31 de dezembro de 2011

2011: um adeus sem saudades

Já sei que há partes do mundo que estão em pleno ano de 2012. Um amigo meu, Fernando Ferreira, na Austrália, um grande empresário de Sidney, nascido na freguesia de Campia-Vouzela, tem o calendário em folha nova. Adiantando-se aos seus conterrâneos, partiu primeiro para esta nova aventura de contactar com um Ano Novo. Daqui a horas, atrasados,nós, estaremos todos nesse mesmo ano. Na diáspora portuguesa, assim se espalham os nossos conterrâneos: o Fernando Ferreira já tem Novo Ano. O Zé de Destriz, na América, só lá chegará depois de nós, de mim próprio, de minha família, que vive aqui por Oliveira de Frades, da sua que mora lá em baixo, em Destriz. E quem estiver no pólo oposto da nação americana, talvez muitos amigos de Lafões também, ainda têm de esperar mais umas horas. Os meus amigos, no Brasil, aguardam, algum tempo depois dos seus conterrâneos, as doze badaladas no seu Portugal. O Zé Trindade, no Luxemburgo, antecipa-se uma horita. Mas todos nós, aqueles que têm a sorte de festejar mais uma passagem de ano, somos uns felizardos: falamos em crise, vivêmo-la, estamos aqui prontos para o que vier. Sabemos que são difíceis os tempos futuros, os de amanhã e de um outro ano a seguir, talvez até 2014, 2015 e sei lá que mais nos espera, mas podemos dizer que vemos o sol nascer, a chuva cair e que, neste canto, até temos o privilégio de sermos livres, o que, infelizmente, não acontece em muitas partes do mundo. Adeus 2011, que me não deixou saudades. Quase nenhumas. Venha 2012 e que Deus o traga ao colo, oferecendo-o bem melhor que o seu antecessor(2011). Um abraço para todos os meus Amigos. E feliz Ano Novo!...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pré-Natal com sol

Este começo de Inverno está com manias: com sol um tanto a mais para a época, nem parece que estamos a quatro dias do Natal. O tempo anda de mão dada com o governo - um tanto enganado naquilo que é e no que anda a fazer. Mas estes dias de um "calor" meio aldrabão não aparecem por obra dos homens, que a natureza não costuma brincar em serviço. Já a acção de quem tem a função de dirigir os nossos destinos tem força de gente e o "deus" que lhes assobia, sendo de carne e osso também, pouco coração mostra, que essa gente da Troika é seca de todo. Por isso mesmo, muitas são as falhas (humanas) e as asneiras, essas menos entendíveis à luz do senso comum. Isto de se andar para aí a pedir que se emigre, desde os jovens desempregados aos professores em tão crítica situação, passando pela peregrina ideia de se criar uma agência que promova esse trágico destino, são posições que nos não agradam um milímetro que seja. Nesta terra de Oliveira de Frades, que sempre tem sabido, nas últimas décadas, encontrar formas de criar riqueza, pelo peixe, pelas madeiras, pelos táxis que ligavam Lafões a Lisboa a toda a hora, num vai e vem de anos, saudades, lágrimas e alegrias, de pintos feitos escudos para alimentar meio mundo, de uma indústria que é hoje um caso muito sério de génio empreendedor e motivo de forte atractividade em termos de emprego, isto de nos convidar a fugir do país não é matéria que encaixe na nossa capacidade de raciocínio, até por ser apelo encapotado ao desânimo e manifestação de falta de confiança no futuro. Numa palavra, essa foi uma infeliz ideia. Como estamos perto de um novo ano, haja tento na língua, porque bem precisamos de juizinho e caldos de galinha, antes de se falar em público para um país inteiro e para o mundo. É isso que esperamos! E desejamos!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Natal já a caminho, mas a TDT é mais teimosa

Na sua versão mais efusiva, o Natal também está a chegar aqui a Oliveira de Frades. Pela televisão, aquilo é um regalo, até parece que o mundo não anda do avesso, tantos são os anúncios, tão grande é o alarido à sua volta. Sem emenda, a malta da publicidade tenta vender o Carmo e a Trindade antes que caiam. E, nós fiéis seguidores (?) de modas, que faremos? Posso dizer que, cá por casa, muito se cultiva o gosto pelas obras de arte manuais, que artista não falta. Já se está a ver: prendas há, mas caseiras. E ainda bem. A ver-se mal é o que vai acontecer com a TDT, a televisão moderna, que ameaça deixar mais pobres os pobres de sempre. Com muitas zonas em sombra ou às escuras, já se adivinham os efeitos de mais uma medida desastrosa das gentes de Lisboa. Dizem que, se houver dinheiro, remédio pode não faltar. Mas é a receita do costume: os desprotegidos que se amanhem. Não pode ser assim. É preciso começar a gritar bem alto e dizer que " Ou há boa TV para todos, ou não há para ninguém". Chega de levar no lombo e calar. Foi assim com as portagens no A25, que não seja com a escuridão de uma TV que não entra em todas as casas. Interesse-se por isto o Provedor de nossas causas: o Presidente da República. Caso contrário, levamos mais uma sova e de tareia estamos cheios. Até um dia!...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uma portaria para chatear

Veio ter-me às mãos uma portaria, a 303/2011, hoje mesmo vinda a público no DR, que termina o processo do fim das SCUT. Nela se escreve, assim sem dó nem piedade, quanto se vai pagar nas A25, 24, 23 e 22, a casa dos vinte para não haver confusões. Já lá vi os montantes, troço a troço, com algumas "brancas" pelo meio referentes àqueles onde dizem que nada se paga, por não haver mesmo alternativas, como é o caso do pedaço que me diz mais respeito entre Talhadas do Vouga e Reigoso, aqui já no concelho de Oliveira de Frades. Depois volta a pagar-se, vem de novo outro corte e assim se vai até Vouzela nascente, ali perto de Confulcos. Em classe A), de Albergaria a Vilar Formoso são 15.65 euros - A25; de Viseu a Chaves,14 - A24; de Torres Novas à Guarda, 19.30, no A23. São bateladas de massa para regiões de fracos rendimentos e reduzido poder de compra. E vão ficar piores, de certeza. Peço um estudo a quem tiver uma boa máquina de calcular e um conta-quilómetros minucioso: é que me dizem que as fracções custam 0.07324 euros/km mais IVA e eu desconfio que nos estão a vender gato por lebre. Responda quem souber. Que eu também vou tentar tirar isto a limpo!... Se me dói o princípio desta atroz medida, que vem ao arrepio de tudo quanto foi dito durante a década anterior, muito mais lamento a insensibilidade territorial de um país que, nisto, não soube ser solidário. Sei que, nas primeiras dez viagens, se tiver o dispositivo respectivo ou via verde, nada pago. Relembro que, de seguida, tenho um desconto de 15%, mas sei muito bem os reflexos negativos que isto vai trazer para a nossa economia regional. Sei quantas lágrimas se vão chorar, porque, a partir do dia 8 de Dezembro, vamos pagar portagens na A25, quando nos disseram que a verdade era outra. Este Estado não é beirão: não tem palavra! E nós é que o temos de aturar. E pagar. Para nós, talvez, mas muito mais para outros, os de Lisboa e do Porto.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Malvado Decreto-Lei

Sem ter um apetite especial pela indigesta leitura do Diário da República, que não faz o meu estilo, mesmo tratando-se de um leitor compulsivo que, à falta de melhor, chega a pôr os olhos em catálogos e indicações de produtos,tive de ver o Dec-Lei 111/2011, de 28 de Novembro, ontem, por sinal (e não de 11/11/11 às 11 h, 11 m, 11s, para ser uma combinação cheia de efeitos para os mais supersticiosos)e ia caindo de dor: nele se consagram as portagens nas A22, 23, 24 e 25, esta a cruzar minha terra, Oliveira de Frades.
O dia fatídico virá a 8 de Dezembro, quando também aparecer Nossa Senhora da Conceição. Religioso como sou, aqui fica uma prece: "Afastai, Senhora, esta praga destas regiões, PNAM". Adiante!
A pertencer à área de duas concessões, Interior Norte e Beira Alta/Beira Litoral, a Unidade Territorial Dão-Lafões não escapou a esta medida que irá causar estragos e dos grandes. E a culpa é de quem não soube acautelar mecanismos de discriminação positiva e solidariedade territorial de uma forma global e duradoura.
Acenam-nos com umas isenções, mas isso não é tudo e é pouco mais do que nada.
Morreram, por este meio, as SCUT.
Agora, vamos ficar mais pobres.
E Lisboa sempre a engordar com as nossas maquias, que pagam a Soflusa (Tejo), a Carris, o Metro, a Fertagus,etc, estendendo-se estas benesses ao Porto, para os STCP, o Metro e não sei que mais.
Porque tínhamos uma autoestrada como meio de proporcionar melhores acessibilidades a baixo custo, sem escrúpulos, tiraram-nos este mecanismo de compensação em termos de desenvolvimento.
Um dia, tarde demais, vão arrepender-se.
Mas já não haverá remédio, devido a este malvado Decreto-Lei!...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

FADO em festa maior

Fado, fado meu que assim te viste
Lá longe, tão destacado, enfim
Foi energia aquela a que subiste
Toda ela dada a outros e a mim

Andava eu à espera
De olhos posto no além
Para ver da alta esfera
A boa nova para mim também

Foi Lisboa, foi Portugal
Que foram premiados
Foi alegria universal
Poder ver tão altos nossos fados

Agora, com riqueza imensa
Igual a um destino maior
Veio o fado pela imprensa
A trepar em seu esplendor

Fado, fado meu, Obrigado!

Fim das SCUT

Com a última palavra a ser desbloqueada, ela que estava em sossego no Palácio de Belém e onde - por mim - até se poderia ter perdido para sempre, acerca do fim das SCUT e introdução do enviesado programa de pagamento de portagens, eu, que vejo o A25 todos os dias , a metros de casa, sinto que esta minha terra levou um valente murro no estômago.
Andando de Herodes para Pilatos e deste para aquele como se de um braseiro quente em mãos se tratasse, agora morreu de vez a «minha querida» SCUT e as de tantos outros cidadãos de um Portugal que não sabe, neste caso, ser solidário.
As zonas que precisavam de empurrões a sério, para não definharem, são assim tratadas como chão que importa fazer secar. A quem assim decidiu (uns e outros)quero dizer que comete um crime de lesa território. E atingem gente da boa, sobretudo isso.
Na história da minha terra, este momento negro não mais vai ser esquecido! Nunca!...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Uma greve em dia de "lixo"

Com o país em greve geral, que engrossa sempre na Função Pública e se expressa melhor nos transportes, um meio de fazer metade do mundo ficar em casa, a pior novidade veio-nos, uma vez mais, das agências de notação financeira, que nos colocaram, literalmente, na categoria "lixo".Como português de Oliveira de Frades, sinto-me chocado com este epíteto. Mas, paciência...
Voltando à greve, defendo sempre a ideia de que só nela participa quem quer. Tenho horror aos piquetes, a essa gente "mandada" para a rua para impôr uma lei à sua medida. Sinto-a como um direito, que não se pode sobrepor a um outro: a não adesão.
Por esse facto,aos números com que ninguém se entende, junta-se-lhes a nódoa negra de uns disparates "à grega" que não abonam nada em favor de quem tais actos pratica.
Assim, se a greve teve todo o mérito de fazer saltar a indignação, hoje ficam-me também duas imagens negativas: o tal "lixo" e os desacatos havidos.
Mas a história dirá um dia, daqui a anos, quando os relatadores se distanciarem dos acontecimentos, se esta foi ou não a maior dos últimos trinta anos, em três, salvo erro, a que assistimos.
Hoje, só sei dizer que muita gente ficou em casa, por sua vontade,ou por força de outros impedimentos.
O Dr. Mário Soares, que nos sonegou um subsídio, há anos, está todo feliz ao ver a rua agitada.
Gostei muito mais de o ouvir na Alameda, há muito, muito tempo...
Esta foi uma "deixa" que lhe não saiu bem.
Mas, mesmo ele, com carro e gabinetes à borla, por ter sido quem foi e por uma legislação enviesada, tem todo o direito de se manifestar.
E errar.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Índice de Poder de Compra

Veio,há dias, a público o Índice de Poder de Compra concelhio. Prova-se, uma vez mais, apesar de se notarem evoluções positivas generalizadas, que o País está mesmo virado do avesso: uma nesga de terra, com três pólos, absorve mais de metade desse capacidade de adquirir qualquer coisa. Lisboa, Porto e Setúbal são esses sugadouros da nossa riqueza. A "paisagem" continua na mesma: tesa que nem um carapau.
Num planeamento nacional que anda torto desde há séculos, que as democracias não foram capazes de corrigir, é natural que o grosso do território só fique com as migalhas. Resta-nos uma consolação: como essas terras não têm ninguém, praticamente, que não tenha origem no Portugal profundo, muito desse carcanhol volta às origens por vias travessas.
No meio em que me insiro, gostei de saber que o meu concelho, Oliveira de Frades, mostra estar sempre a subir e que se destaca dos demais pela positiva, muito embora desejasse, eu próprio, que assim acontecesse com todo o interior. Como não é possível, enquanto se não encarar a descentralização a sério, fica-me esta consolação doce, mas com o tal travo amargo que dói a todos nós.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Fado a património

Está prestes a ser conhecido o veredicto da UNESCO sobre o fado como património imaterial da humanidade. Só acredito numa possibilidade: a sua aprovação. Ouvindo-o, reconhece-se um povo, o nosso, o lisboeta e todo o país. "Descentralista" como sou, nesta matéria sou de Lisboa dos pés à cabeça. E de Coimbra, que também merece - e bem - ser incluído nessa mesma classificação.
Espero de Bali uma decisão favorável.
E torço por isso.
Vamos a isso!...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A esperança

Se tenho andado um pouco com a moral em baixo, que não é para menos, tantas são as más notícias, hoje estou com esperanças de que, pela via do futebol, vou arribar um niquito. Tenho cá uma fezada especial: a de que a nossa malta do futebol nos leve ao Euro 2012. Com todas as razões para nisso acreditar, acrescento mais uma, que isto de jogar na Luz é outra coisa. Para além de não ser uma qualquer horta, longe disso, aquilo é um estádio a valer.
Logo, daqui a curtas horas, força Portugal!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Olhos turvos

Com esta maré de carestias apertadas, de notícias que nos põem os cabelos em pé, aqui em Oliveira de Frades, há sinais de que a crise tem escapatórias, como esta de sabermos que a Martifer já ganhou mais um Estádio no Brasil, o terceiro nesta fornada, quando detém um saber de reconhecido interesse que lhe vem do Euro 2004. Antes, porém, na Expo 98 teve um enorme baptismo de fogo em obras de vulto. Com estes pergaminhos, esperamos, vivamente, que assim continue, dentro e fora de portas, tal o efeito de alavanca que tem para a nossa economia.
Numa história de vida, que vale sempre a pena recordar, aqueles Irmãos Martins (e, de início, o Primo Bastos) mostraram bem o que pode fazer a veia empreendedora e muito, muito trabalho. Desde a pequena oficina, feita a pulso, ao império actual vão cerca de 20 anos.
Um dia, esta gente tem de ser homenageada, por tanto que tem feito em prol desta terra, Oliveira de Frades e região de Lafões.
Vestida a camisola do empreendedorismo e do risco que lhe está inerente, o seu exemplo merece ser sempre posto em evidência.
É isso que aqui estamos a fazer com muito gosto e reconhecimento.
Com esta Martifer, é meio caminho andado para o sucesso, melhor até que o código postal.
Força, rapaziada!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Os gregos põem-nos gregos a nós

Neste Dia de Finados, espero bem que da Grécia não venha um qualquer mau sinal em termos de União Europeia e projecto Euro. Por estarmos a recordar os nossos queridos e saudosos antepassados, não nos apetece nada que, daqui a um ano ou dois, alguém venha recordar, com saudade, o sonho lindo de continuarmos numa Europa cada vez mais unida. Por aqui, por este recanto de Oliveira de Frades, uma terra que pensa sempre em andar para a frente, temem-se os efeitos nefastos que o referendo proposto para a Grécia possa vir a provocar. Se somos defensores de todo o aprofundamento da democracia (de que o referendo é meio importante, talvez um dos maiores), esta peregrina ideia, neste tempo e neste contexto europeu e mundial, é o pior que nos pode acontecer.
Se queremos que os gregos tenham sempre uma palavra a dizer sobre o seu futuro, não desejamos, porém e agora, que atrapalhem as nossas vidas, eles que até chegaram a "aldrabar" dados para entrar neste comboio do euro que, agora, tantas aflições nos dá.
Depois de Bruxelas ter descoberto uma meia medida para salvar este nosso mundo atribulado, o pior que pode vir a acontecer é perder-se tudo para salvar a dita "honra" de um governante, pondo tudo em polvorosa, que quer sacudir a água do capote. É disso que se trata e nada mais. De apego à democracia, não vemos nesta atitude um qualquer sinal de que assim seja. Cheira a tacticismo do mais refinado que há em matéria de opções políticas. Isso e só isso.
Só que brincar assim com o fogo é perigoso demais.
E pode colocar-nos ainda mais de cócoras do que aquilo que estamos.
Por isso, tenho medo, muito medo destas achas postas numa fogueira que arde demais e pode queimar tudo à sua volta.
SOS precisa-se. E quanto antes!...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Conselhos vazios de conteúdo

Em matéria de Conselhos,isto não anda bem: o Europeu entrou numa fase de empates atrás de empates, para não ser indelicado e falar de empatas, enquanto o nosso piedoso Conselho de Estado, de apoio ao Presidente da República, ontem, numa longa maratona, pouco acrescentou ao que já se sabia, tendo dito quase nada.
Se o Comunicado é escasso em ideias novas e mobilizadoras, todos nós sabemos que é um documento de circunstância: serve apenas para nos entreter, naquele simpático apelo a um diálogo, quando anda meio mundo, pelo que se vislumbra daqui, de Oliveira de Frades, a tentar calar outro meio e ninguém quer falar com ninguém, muito menos Governo e oposição, ou Oposição e governo.
Se um dos partidos do arco, que está fora da actual governação e com largas culpas em tudo isto, está calado, ou pensa até, atrevidamente, em desviar a água do capote, se o Governo sente que está amarrado a si mesmo, falar em pô-los a dialogar é sopa sem sal.
Para bem do país, melhor fora que o CE dissesse que "ou sabem que têm de se entender, ou ficamos a um passo do abismo", isto é, chamando essa gente à responsabilidade, de modo a fazer-se ouvir, com voz forte e motivadora. Assim, com este nem é carne, nem é peixe, tem-se a sensação de um preocupante vazio que não augura nada de bom.
Mas, para sermos sinceros, não acreditamos que aquela gente toda, metade a olhar de lado e a morder em outra metade, tenha passado todo o tempo a falar destas minhoquices.
Só que dessa eventual discussão nada se sabe, por enquanto.
Nem saberá, talvez, nunca.
Mas que se disse mais do que veio a público, lá isso se disse!...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Novos comboios a chegarem-se aos carris

Neste meu postigo da Serra do Ladário, Oliveira de Frades, ponho-me já a imaginar um novo e ressuscitado comboio, em bitola europeia ( que estranha UE é esta que ainda tem perfis ferroviários variados e praticamente incompatíveis, sobretudo entre Portugal e Espanha!...), a atravessar o corredor Aveiro/Viseu/Salamanca, fruto das novas ideias que visam não deixar fugir a maquia do nado-morto TGV, que, em boa hora, foi de abalada antes de vir. Bato palmas, mesmo em maré de aflição financeira e económica, a quem conseguir tão alto objectivo.
Se me desgosta, por outro lado, ver morrer o que resta da velha e saudosa Linha do Vale do Vouga, esta nova aposta deixa-me em grande euforia. Peço até que se inicie um movimento público nesse sentido: lutar por este novo comboio. Por aquilo que hoje li, ainda que de raspão, estão na calha as linhas Sines/Lisboa/Poceirão/ Caia/ Espanha, Lisboa/Porto/Norte/Galiza e a nossa, a mais desejada, Aveiro/Viseu/ Salamanca, com a promessa ministerial, confessada na sua terra, por parte do Professor Álvaro Santos Pereira, de que Viseu vai ter uma Estação. Mais uma ideia de excelência!
Se é pesado o OE 2012, cheio de cortes e restrições, valha-nos ao menos esta boa notícia, assim se venha ela a concretizar!...
Força, comboio novo, de carga e de passageiros! Passa por aqui e depressa!...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma ajuda do "Público" para ler o OE 2012

Em matéria de focos de água que pagam os incêndios da monumental dívida que escalda, queremos apenas dizer isto, depois de termos lido o "Público" de hoje:
- Famílias - 6259 milhões de euros a suportar
- Estado - 3255 " " " "
- Empresas - 655 " " " "
Por aqui, em Oliveira de Frades, o rombo maior entrou pelas casas dentro, em muitas delas.
É o costume.
E está tudo dito, por hoje.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Um orçamento a doer

Com tanta gente a falar no Orçamento para 2012, quase será um atrevimento vir aqui debitar meia dúzia de tretas. Ou talvez não o sejam. Aqui, no meu recantinho da Serra do Ladário, meio Aveiro, meio Viseu, que estas terras de oliveira de Frades têm esse encanto, chegam-me ecos de que, particularmente, não gosto.
Eis o primeiro, uma certa tentativa de diabolizar a Função Pública, ela que paga todas as crises, por falta de coragem para mexer noutros sectores, apontando-a como a raiz de todos os males. Por isso mesmo, vão-lhe ao bolso de uma maneira absolutamente escandalosa. E para o ano de 2012 é um desaforo pegado.
Um segundo ponto que me incomoda é aquele que tem a ver com o ataque cerrado que se faz aos pensionistas em geral e com maior ênfase e sempre naqueles que são oriundos da citada FP. Deve ser dito que, para aí chegarem, têm dois "inconvenientes", o de terem idade e de, a seu tempo, terem feito os descontos que lhes pediram, num exercício de solidariedade geracional. Os pais e os avós destas novas gerações, que tanto sofrem, isso é verdade, foram aqueles que, a partir da década de setenta do século e milénio anteriores, se regozijaram com o facto de o Professor Marcelo Caetano ter aberto o sistema de pensões e apoios a quem nunca tinha descontado um tostão que fosse. Fizeram-no com alegria, com o sentido de dever de melhorar suas vidas. Pagaram essas medidas com seu esforço solidário.
Assim sendo, é doloroso assistir-se hoje a uma quase criminalização de quem está reformado, como se essa condição fosse uma maleita e não um direito sustentado em políticas que assim o permitiram fazer.
Feitas estas duas ressalvas, em matéria de OE nada de bom se augura. É um fardo pesadíssimo que se abate sobre as pessoas,as famílias e as instituições. Do que se sabe, teme-se o pior; do que ainda não veio a lume, então nem se fala.
A agravar tudo isto, fala-se demais em cortes e nada se coloca em termos de dinamização da economia. Aliás, com tanta medida recessiva, quanto às expectativas em sede de esperança de recolha de IVA e outros proveitos, o tiro vai sair pela culatra, porque, sem fundo de maneio, diminui o poder de compra, o que agrava o tecido produtivo e dá cabo do emprego.
Nesta espiral de desastre, é de aflição que temos de falar.
E esta dói que se farta.
E muito mais no ano que vem, daqui a dias...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Autarquias com poder local a menos

Quem vai escrever estas linhas já teve muitas, boas, altas e doridas responsabilidades autárquicas. Andou, cerca de vinte anos, por Assembleias Municipais, Vereações e Presidência de Câmaras. Sabe, por isso, do que está a falar. Mas tem dificuldades em aceitar uma qualquer política que impeça os vereadores de serem eleitos, para terem voz e poder, em vez de serem escolhidos para serem mais um "certo assessor", sem voz activa em tão gratificantes matérias.
Se as AM devem ver reforçadas as suas competências, se há razões financeiras a ditarem normas, outros valores muito mais profundos não podem ser esquecidos, como o da legitimidade dos eleitos, a proximidade, a independência e autonomia, pelo que se me afigura que as ideias que estão em cima da mesa de discussão, vindas no "Livro Verde, não me satisfazem.
Nunca tive receio da discussão entre pares no Executivo, mesmo que em meia minoria. Não olho de lado para os contributos que aí se geram.
Posso, com um pouco de esforço, aceitar que se busque uma solução que venha a encontrar maiorias, mas não me vejo a apadrinhar vereadores que sejam fruto de escolhas pessoais e que não sejam sufragados enquanto tal. Essa é a essência do poder local democrático, que não pode passar, nunca, por cópias de modelos governamentais, mas antes, deve beber o seu substrato na Idade Média, em Félix Nogueira, um pouco em Herculano, muito nos Deputados e Constituintes de 1975 e 1976, sem medo e sem tabús, porque, neste aspecto, produziram um hino à mais pura das democracias - a do poder local, tal como o conceberam, muito embora possa receber outras achegas, nunca uma amputação como aquela que se preconiza.
Também muito me preocupa a tese dos números, das densidades, dos níveis 1, 2 e 3.
Ao olhar para este todo que é Portugal, sou mais a favor dos povoadores do início da nacionalidade que destes técnicos que, face aos números de um constante e perigoso despovoamento, nada fazem para os contrariar e apenas se contentam em subtrair freguesias e outras coisas mais.
Aqui chegados, chame-se o meu conterrâneo, Ministro da Economia e do Emprego, e peça-se-lhe que nos ajude a encontrar incentivos para se ir para o interior e fugir dos grandes centros.
Quando tudo estiver equilibrado, repense-se então o poder local.
Mas nunca se lhe retire o sangue de que vive: a legitimidade do voto.
Vereadores escolhidos são tudo menos aquilo que devem ser: defensores das populações, mas com legitimidade e força do voto...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dívidas na Madeira e fim das SCUT no A25

Estes últimos dias só nos têm trazido notícias más da Madeira, num tornado que nos chega a 200 à hora. Com um acumular perigoso de défice oculto, o que agora(?) se veio a saber traz muita água no bico e pouco do que de mais idílico por ali existe. Numa face negra de uma prática política que não abona nada em favor da credibilidade que devemos demonstrar, assim acabamos por estragar a pintura que estávamos a fazer para impressionar, positivamente, os mercados e os nossos credores.
Com esta mancha esburacada que dali nos veio parar às mãos, está o caldo entornado, a ponto de o Primeiro-Ministro, ontem, ter mostrado um grande embaraço e desconforto - faltou, no entanto, o murro na mesa que se impunha! - e de ter declarado que não pode dar cobertura, nunca mais, a este descabido e descabelado tipo de comportamento.
O mal está feito, na ordem dos cerca de 2000 milhões de euros, porque cada dia sai da panela mais um pedaço de verba a pagar e que não aparecia nos livros, como era dever de quem ali governa. Por este andar, é mais um barco que ameaça ir ao fundo, se não se travar estes desmandos.
Por aqui, na encosta da Serra do Ladário, concelho de Oliveira de Frades, se isto nos incomoda e enjoa, muito mais nos vão doer as portagens no A25, porque, hoje mesmo, já ali vimos placas onde se vai inscrever o valor de cada troço a pagar. É esta falta de solidariedade nacional que me dá cabo das ideias: na Madeira temos o regabofe que agora se desvendou, mas que toda a gente sabia - e calava! - e nas grandes metrópoles somos nós todos que pagamos o Metro enterrado e a descoberto, em Lisboa e no Porto, a Carris, os comboios, os STCP, etc., e, para destruição do desenvolvimento integrado que deveríamos defender, neste território tão esquecido e abandonado durante séculos ( uma palavra de apreço para D. Afonso Henriques que nos coroou de benesses, nas Caldas de Lafões, nas Cartas de Couto, no apoio a esse colosso em que nos integrámos, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra), vamos agora descapitalizar a economia que nos podia salvar.
Se a coesão é um bem precioso, estas machadadas no seu esquema são vidro que corta, são ferida que mata, são a prova de que temos filhos, enteados e enjeitados.
A tentar ir buscar umas massas, com esta medida, temos quase essa triste certeza, muito mais se perderá.
A ver vamos...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dois temas: 11 de Setembro, horror, e Professores/ ME: um acordito

Não esqueço o dia negro que ontem se viveu, a propósito dos dez anos do terrível onze de Setembro e o ataque às Torres Gémeas em NY.
Não esqueço, nem atiro para trás das costas, porque as imagens de morte a que assistimos e a devastação que ali se viu não mais abandonam as nossas vidas. Em Abril/Maio, desse ano, ali estive em Congresso da AIND e vi o esplendor da cidade, o gigantismo desses míticos edifícios, ao mesmo tempo que convivi com o fervilhar de portuguesismo a dois passos - numa cidade vizinha, onde uma rua é toda nossa, inteirinha.
Mas, porque a vida tem de continuar, soube do Congresso do PS, em Braga, que vi por um canudo, tive conhecimento de que o Governo e parte dos Sindicatos chegaram a um acordito em matéria de avaliação, esse tema e outros que já levou(varam) a Lisboa, há tempos, mais de 200000 professores. Com mais toque ou menos retoque, o papel está assinado, com a FENPROF a ficar de fora.
Mas o cerne deste edifício, o da Educação e o ano escolar que aí vêm são tudo menos aquilo que é essencial: a estabilidade, agora minada por cofres vazios e um desemprego docente de arrepiar. Haja fé, que o resto vem por acréscimo, dizem os crentes.
NOTA - Em Portugal, a uma escala bem mais pequena, mas, apesar disso, de igual modo amargamente sentida e sofrida, também houve um 11 de Setembro: o acidente ferroviário de Alcafache, em 1985, com dezenas e dezenas de mortes e desaparecidos e um sem número de feridos. E muitos traumas para toda a vida.
NY e Alcafache são, a seu modo, datas negras da nossa história. Separadas por décadas, a sua evocação é um dever de todos nós. E uma homenagem a quem partiu, milhares em NY, menos em Alcafache, mas mortos todos eles.
Paz à sua alma.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Funcionários bons e maus

Nunca gostei de generalizações fáceis, nem de preconceitos. Como tive parte de minha vida profissional ligado ao estado, incomoda-me a facilidade com que se catalogam os funcionários públicos, geralmente para depreciar e amesquinhar o seu trabalho e dedicação à causa em que se integram. Mas há casos e casos.
Testemunhei isto mesmo no dia de hoje, precisamente na Câmara Municipal de Vagos: no Atendimento, fui recebido com categoria, precisão, determinação, sentido comunicacional, educação, gosto de bem servir o utente, atenção aos problemas, o que me faz, numa escala de 0 a 5, dar a nota máxima. Mas aquilo que percebi e quase ouvi, em telefonema interno, a uma funcionária de um qualquer Gabinete ligado a obras e afins, deixou-me de boca aberta, tão baixo foi o nível de resposta que veio ao de cima, estilo, "estou sentada, não me vou levantar para procurar esse processo"...
Entendo ser meu dever vir dizer que estes comportamentos não são admissíveis em posto nenhum, muito menos em pessoas que estão ao serviço de munícipes, de cidadãos, isto é, que desempenham funções no sector público.
Não conheço ninguém no que diz respeito a este caso. Estou à vontade, por isso, para o comentar, com uma intenção: que acabem estas faltas de ética, de dignidade, de brio, de ser alguém a merecer um posto de trabalho.
Aconteceu isto na tarde de 8 de Setembro de 2011, em pleno dia de discussão no Governo de aspectos relacionados com estas matérias.
É com gente desta que se não pode contar em certos sítios, salvo se houver uma tão grande má disposição que leve a estas atitudes. Se foi este o caso, que se me perdoe esta confissão e desabafo.
Duvido é que tenha sido essa a razão.
Creio que se trata de um problema mais fundo: o de um evidente desencontro entre o que devia ser um funcionário a sério e um desempenho mais do que medíocre, por não passar de um mísero zero, em termos de nota.
Pena tenho é que, por vezes demais, pague o justo pelo pecador.
Nota 5 para o Atendimento da CM de Vagos, nota zero para alguém desse tal Gabinete...
Mas nada de generalizações, repito!...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Agosto sem saudades

Prestes a despedir-se este mês de Agosto, temos de confessar que, aqui em Oliveira de Frades, não deixou grandes saudades, ao trazer chuva e até frio e a não ser capaz de nos oferecer melhores ideias que aquelas que nos têm atormentado a vida. Também não admira que assim tenha acontecido: com os políticos em férias, só as Escutas foram capazes de sair da toca imunda em que estavam encolhidas. Veio também essa coisa de taxar os ricos, mas, depois, ninguém é capaz de definir o respectivo universo e tudo fica na mesma.
Hoje, dizem-nos, vêm aí pesadas medidas de modo a, em 2015, se ter um grau zero em termos de endividamento. Para quem está lá em cima, quase nos Himalaias, isto de descer a uma altitude a cheirar a beira mar, vai ter que se lhe diga.
Enquanto isto se foi vendo, aqui, na minha terra, nota-se que a estrada que vai ligar a Zona Industrial a Arcozelo das Maias e Ribeiradio lá continua a sua marcha e tem duas notas de valor: uma pista para ciclismo e passeios. Boa ideia.
Idas as férias que nem chegaram a vir, já estou à espera da Festa de Nossa Senhora Dolorosa, em Ribeiradio, a maior de toda a zona e cheia de tradição
Também a ganhar estatuto e lugar nas nossas agendas, o VI Festival da UMJA - Sobreira - vai para o ar nos próximos dias 17 e 18. Boa sorte!
Lá mais distante, na Casa de Lafões, em Lisboa, está-se na fase de tudo fazer, neste Centenário e suas comemorações, para receber, na sua Sede, o Presidente da República no próximo dia 9 de Outubro. Grande honra e enorme responsabilidade!...
Assim se viveu este mês de Agosto que agora vai fugir-nos. No meio de tantas incertezas, só uma verdade nos chega às mãos: este não voltará mais e também, por aquilo que foi, não merece ser reeditado...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

De Oliveira de Frades para os EUA

Eu sei que ninguém me passa cartão. Sei que, aqui, com o Caramulo e o Ladário a barrarem-nos as ondas que andam por aí, no ar, é difícil chegar a Lisboa e, muito mais, à capital dos EUA.
Mas, por favor, meu Caro Obama, eu, que tenho um PIN da campanha eleitoral, verdade, verdadinha, em oferta das filhas, que foram de visita ao Zé Martins, um amigalhaço da minha terra, só lhe peço um favor: entendam-se quanto a isso do Orçamento e do salvação do défice.
Sei que isto de andar aflito, afinal, não é estatuto de pelintras de Oliveira de Frades, nem de Atenas, nem de Dublin, nem de Bruxelas. Chega à América e isso tira-me o sono todo, porque, ao perder o euro e o dólar, de uma só vezada, é água a mais para o nosso moinho.
Salve-se, que nós agradecemos.
E, já agora, se quiser - o que muito me agradaria - convide-me para uma troca de opiniões na Casa Branca, que tenho uma tradutora de cinco estrelas, uma jovem filha que "brinca" a trabalhar e que muito gosta do que faz.
Era um sonho de vida que nunca mais esqueceria, meu Caro Obama!

sábado, 23 de julho de 2011

Para a Noruega com amor

Sou um norueguês que sofre, um cidadão do mundo dorido com a tragédia que se abateu sobre um país, que, não sendo um reino perfeito, é, todavia, um exemplo vivo e activo de uma democracia solidária. Por tudo isto, ou por isto mesmo, mais se estranha a origem e ferocidade deste atentado e do ataque que se lhe seguiu. Um horror!
Com a violência como receita, quero dizer, bem alto, que não se vai a lado nenhum. Quero, publicamente, testemunhar a minha solidariedade com todos aqueles que sofrem a dor de ver partir, assim barbaramente, os seus ente-queridos e dizer que acredito que quem assim se despediu da vida terá, algures, a merecida recompensa.
Quero manifestar o meu direito ao repúdio perante actos tão vis. Quero podê-lo dizer aqui abertamente, também por sentir quanto a Noruega deu - e está a dar - à causa da democracia. Devo a sua gente muito daquilo que sou em termo de valores de cidadania e de participação. Obrigado, irmãos noruegueses!
Estou convosco. E com quem mais sofre, aí, no norte europeu que tanto estimo.
Os meus pêsames, a minha total solidariedade.
E agora, temos de perguntar: que fazer? Que pensar de tudo isto?
Que respostas dar?
Uma só se impõe: condenar com veemência todo este horror e combatê-lo por todos os meios em em todos os lados.
E pensar ainda em Olof Palme, um outro herói que, ali ao lado, tombou cheio de ideais e apoios ao mundo livre. Bem haja também.
Activa e solidariamente.

sábado, 16 de julho de 2011

Sócrates e a filosofia

Há atitudes que aprecio e uma delas é esta: ir à procura de conhecimento. José Sócrates, sendo que o José serve, neste contexto, para não haver quaisquer confusões com o outro Sócrates, o Grego, com quem Carlos Rodrigues, há tempos, brincou no "Notícias de Vouzela", seguiu este caminho e lá foi para Paris estudar filosofia.
Aqui, nesta minha terra de Oliveira de Frades, ainda que se não morra de amores (antes pelo contrário) por aquelas políticas que aplicou nestes últimos seis anos, queremos dizer a José Sócrates que esta opção só peca por tardia. Querer ir além daquilo que são, praticamente, as rectas de uma qualquer engenharia civil, para aprofundar as curvas e os círculos sem fim e profundos da filosofia, é gesto que tem de ser aplaudido.
Quando dissemos que só condenamos um certo atraso nesta tomada de posição, é porque sabemos que esta ciência das ciências faz bem a toda a gente e muito jeito teria dado nas suas passadas tarefas da governação. Mas mais vale tarde que nunca.
Assim, temos de o confessar, é sempre tempo de ir buscar saber. Neste caso concreto, trata-se mesmo de uma versão mais elaborada das "Novas Oportunidades", agora em versão francesa, que José Sócrates quer experimentar. Que por ali se dê muito bem, eis os votos de quem, apesar de tudo, não lhe quer mal nenhum.
Que o saber não ocupa lugar, eis um outro velho ditado que em Massada, salvo erro, de Trás-os-Montes, também veio a dar frutos, que o seu filho Zezito o soube captar e vivenciar, como, agora, se está a ver.
Que a filosofia merece todos os esforços, mesmo o de pedir licença sem vencimento, eis esta prova provada, sem quaisquer dúvidas.
Força, Zé!...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma má avaliação e um grande estremeção

Anda toda a gente arreliada com a Moody's, porque esta agência se comportou mal e veio castigar, injusta e, talvez, malevolamente, as nossas finanças nacionais e os bolsos individuais e particulares. Uns malandros, essa gente!
Sei que assim é e acompanho o cortejo de lamentos e condenações, mas não deixo de observar que, com cerca de um século de vida, todas essas organizações conviveram com o nosso sistema, sem grandes queixumes.
Só que, agora, o caso muda de figura e o dólar sente-se ameaçado pelo seu novato parceiro, o euro. Como a Moody's e afins estão todas localizadas nos EUA, eis uma "boa"razão para desancarem na malta europeia. Aqui, a Oliveira de Frades, vieram dizer-nos que esta é uma estratégia que, fazendo cair Portugal, depois a Grécia, a Irlanda e já a Itália se chegará ao cerne alemão e, por via disso, ao euro em si mesmo: derrubá-lo é o objectivo final. Pelo meio, que se lixem os pequenotes, do tamanho de uma casca de noz, aquelas que correram mundo, divulgaram culturas e ciência e, nestes tempos, são facilmente descartáveis.
Não é este o mundo que quero e esta solidariedade bem a dispenso. Repito o que disse há muito tempo: ou a Europa se une, ou cai estatelada em chão movediço, lodacento.
Que Bruxelas abra os olhos! Isto já não vai com meias medidas, nem com falinhas mansas. É preciso bater o pé e dar cabo das políticas que nos querem abafar. Só em bloco isso se pode conseguir.
Uma voz é necessária e só uma, mas proclamada por estadistas e não por quadros de meia tigela.
Esse é o caminho.
Este, o que agora estamos a trilhar, só nos levará ao abismo e aqui, em Oliveira de Frades, ninguém o deseja.
Mas precisamos de gente e este interior perde-a ano a ano, Censos a Censos, como aconteceu neste ano de 2011, em S. Pedro do Sul, com menos 2335 habitantes, Vouzela, menos 1203 e Oliveira de Frades a perder 389 pessoas nesta última década. Uma calamidade bem maior que aquela que a Moody's nos traz, porque esta fala de falta de guita e aquela refere-se a um bem mais precioso: gente, gente, gente, que escasseia e não se sabe para onde vai, num País assimétrico, desorientado e sem um plano de equilíbrio que impeça esta fuga em massa de quem tão necessário é ao bem estar de uma região e de um povo.
Esse é o problema, que o resto resolver-se-á a seu tempo...

domingo, 3 de julho de 2011

Alerta, meus senhores!

Sei que há Governo novo, que a Presidência da AR tem uma ilustre Presidente, a Dra. Assunção Esteves, que o programa passou no escrutínio dos nossos deputados, que a minha amiga Ester Vargas, de S. Pedo do Sul, paredes meias com Oliveira de Frades, ali entrou e sei que vai dignificar o cargo, sei tudo isso e até que já levámos outro rombo no nosso bolso, com efeitos no mês de Dezembro, aquele do santo e doce Natal (que contraste!), mas o que mais me doi é ver que a minha gente se vai embora: o Censos de 2011, para o Interior, é arrasador, sugando tudo quanto era esperança de futuro.
Em Lafões, nem a grande diva do desenvolvimento, Oliveira de Frades, escapou a esta avalanche de sinal negativo: assim, de uma rajada de dez anos, perde assustadoramente S. Pedro do Sul, sofre um forte abanão Vouzela e até, já o dissemos, Oliveira de Frades não foi capaz de resistir.
Aqui che(a)gados, só há uma conclusão: esta dramática questão é sistémica e envergonha todo o tecido decisório que tem tido mãos, em termos de planeamento, os desígnios deste cada vez mais assimétrico País.
Por mim, sinto-me mal, com o desamparo de uma região que assim se despovoa. Se posso ter tido culpas no cartório - crendo que tudo tenho feito para o evitar -, peço desculpa, mil desculpas, mesmo.
Tal como, no reino da canela, toda a gente caminhava para Lisboa, agora o caso é bem mais complicado: tudo foge para algures e a minha terra deixa de poder sentir a vida de quem a sustenta.
Alerta geral, eis o que quero dizer.
Só isso: é doloroso o plano inclinado em que colocamos este nosso Portugal.
Qualquer dia, o afundamento não deixa de nos bater à porta.
Muito pior que a Troika, muito mais mortífera que o Imposto Extraordinário de Dezembro deste ano da graça de 2011, daqui a uns dias, esta perda de população deve fazer-nos reflectir, politicamente e, sobretudo, filosoficamente.
Em 2011, soa a campainha de um coração que está prestes a deixar de bater.
Daqui a gerações, é isso que vai acontecer.
Se não pararmos, esta marcha destruidora e assasssina dará cabo de nós, aqueles que gostamos deste Portugal inteiro, unido, diferente e complementar.
E que detestamos uma terra de gente e outra de urtigas, tojos e cobras.
E os culpados têm rosto e contexto: os planeadores das últimas décadas, em dois regimes, o do Estado Novo e este, o da Democracia.
Se todos podem escapar aos tribunais da justiça, aos da consciência, talvez não....

terça-feira, 28 de junho de 2011

Adeus, Salvador Caetano!

Tenho uma vaga ideia que estive, pessoalmente, com Salvador Caetano uma ou duas vezes na minha vida e, a partir de agora, isso não é mais possível, porque ele despediu-se de nós e eu ainda por aqui ando. Sinto que homens desta fibra, feitos de aço dos pés à cabeça, construídos palmo a palmo pelo seu próprio esforço, vontade, querer tenaz e capacidade, nos fazem falta, muita mesmo.
Confesso: nada tenho contra quem facturou milhões se, com isso, distribuiu outros tantos, ou mais, que os efeitos multiplicadores de quem cria emprego não se contam pelos dedos, sentem-se e pronto.
Dele sei que construiu um império, o da Toyota e que, um dia, há cerca de trinta anos, se lembrou de fazer com as Autarquias um protocolo para venda de uns mini-autocarros que foram o embrião da área social de todo o poder local. Fiz muitos quilómetros nessas viaturas, aquelas que estavam verdadeiramente ao " serviço da cultura e do desporto". Eis a minha divida de gratidão por este feito. Que a sua alma descanse em paz, que muito, tenho que o dizer, lhe ficámos a dever.
Já agora, peço ao meu Amigo Dr. Almeida Henriques, de Viseu, Secretário de Estado da Economia e Desenvolvimento Regional, que o tenha como exemplo de empreendedorismo e arrojo comercial e ao outro Amigo também, Professor José Cesário, que o leve sempre como exemplo para as nossas comunidades portuguesas.
Portugal está mais rico com um novo governo. Mas mais pobre, porque perdeu Salvador Caetano, a quem fiquei, por exemplo, a dever a noção de "Just in time", que vi nas suas fábricas de Gaia.
Até sempre!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Que rica Presidente da AR!

Pronto, já esqueci de todo a barracada em relação à candidatura do Dr. Fernando Nobre para presidente da Assembleia da República. Quanto a isso, gostaria de dizer que foi bom ver o Dr. Passos Coelho a cumprir a palavra e foi excelente saber que o Dr. Nobre perdeu em toda a linha, estatelando-se no chão sem apelo, nem agravo. Ao faltar-lhe visão para sair, a tempo, desta corrida, saiu-se mal, muito mal mesmo.
Aqui, em Oliveira de Frades, que bem soube aquela vitória da democracia, da dignidade do cargo, da excelência da escolha, da grandeza da Dra. Assunção Esteves. Que honra tê-la naquele prestigiado posto de Presidente da Casa da Democracia! Que prazer ver uma senhora - e que Senhora! - como segunda figura do Estado! Que alegria!
Mulher, um outro aspecto a relevar, tudo se conjugou para que fosse imensamente melhor a emenda que o soneto.
Na segunda-feira, fez-se justiça por vias travessas. Na terça, escreveu-se uma página brilhante na vida do Parlamento.
Pronto, já esqueci os passos anteriores e, creio, que para sempre.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Duas da tarde, dúvidas sobre aquilo que seria de evitar(?)

Nestas curtas duas linhas, quero manifestar o meu agrado por termos governo em cima da mesa e saudar os eleitos que hoje tomaram posse na nossa AR, que bem precisa de retocar a sua imagem, para voltar a ser o centro dos centros de todas as decisões. Conhecido esse governo? Nem por isso, mas esta ignorância, obviamente minha, pode ser um ponto a favor do futuro, que o secretismo tem ares de alma do negócio. Vejamos o que vem por aí!...
Uma hora antes da votação de próximo Presidente da Assembleia da República, quero aqui deixar bem clara a minha posição: face a tanta incerteza e tendo em conta aquilo que senti, ao ver o ambiente na própria AR, tenho a ideia que restam 40 minutos para uma salutar decisão - o assomo de dignidade de quem, sendo motivo de tanta controvérsia, declarar que não está na corrida.
Se o Dr. Fernando Nobre assim fizer, prestará um bom serviço ao país.
Não sei se, ao avançar, vai ser eleito. Mas são tantos os anticorpos que mais valia ele ficar na bancada geral, serenamente como deputado que é e disso não tenho dúvidas.
Mas o seu percurso, até aqui, já deu água pela barba.
Talvez - e daqui a bocado vou confirmar, ou engolir em seco! - seja hora de voltar atrás e dizer que avance outra gente.
Será muito melhor. Diz isto quem lê os acontecimentos 50 minutos antes da respectiva votação. E faço-o por imperativo de consciência e de responsabilidade política, passe a imodéstia, que julgo ter...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Festas e eleições

Oito dias depois de ter ido às urnas - um nome que faz aumentar a abstenção, tão trágico ele é - e com a intenção de estar com a minha "malta", lá parti eu com a UMJA - Sobreira, Oliveira de Frades - na ideia de partilhar um tempo de convívio, muito, e de música também, mas com as minhas próprias limitações, que sou um verdadeiro cepo nessa matéria, para o concelho de Cantanhede.
Era manhã e a juventude criativa de minha terra, cedo, compareceu à chamada. O autocarro da Câmara Municipal de Oliveira de Frades levou-nos ao destino: Venda Nova. Ali chegados, eis que nos esperava um grande "arruado", uma gíria filarmónica, de duas horas e trinta minutos, beco a beco, à cata de dinheiro para a festa local, a de Santo António. Uma estafa de todo o tamanho, que a minha "malta" não regateou.
Veio o intervalo e o almoço, que se papou, tanta era a larica...
A tarde, comprida que se farta, trouxe uma ida à Feira de Artesanato de Cantanhede e, depois disso, a Missa e Procissão, novamente pelas mesmas ruas da citada povoação.
Pensei para comigo mesmo: grande "malta" é esta, a da minha UMJA - anda, toca a bom tocar, troca sorrisos e avança por aí fora!... Uma riqueza, sem dúvida.
Dei comigo, ainda, a magicar, por outro lado, no seguinte: se cada Marcha de Lisboa, como me contou o jovem e talentoso Maestro Pedro Serrano, recebeu, em 2011, a "módica" quantia de 30000 euros, que diríamos nós se para a UMJA fosse tal maquia, um ano que fosse?...
A ser assim, há mesmo assimetrias e grossas desigualdades.
É, talvez e também por isso, que cada vez mais gente se afasta das tenebrosas urnas. Cheirando a cadáver, delas se foge a sete pés.
Mas com a UMJA vale a pena viver.
E ir ao seu passeio no próximo dia 2 de Julho, sábado, assim como assistir a suas actuações, nomeadamente em Vouzela, dia 19 deste mês de Junho, nas Festas da Comemoração do Centenário da Casa de Lafões - Lisboa...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dia D

Ontem foi uma espécie de dia D no que concerne à política do nosso país. Face a tanta incerteza, tanta dúvida e trapalhada, só uma mudança destas nos poderia trazer algum sossego. Algum, disse bem, que, aqui em Oliveira de Frades, não vamos em ondas, nem comemos tudo aquilo que nos dão...
Assim, com esta vitória, mais folgada do que diziam as sondagens, menos do que desejávamos, abrem-se pistas novas, descobrem-se outros horizontes, mas os velhos fantasmas e medos não desaparecem de todo. Apologistas de que cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, esse é alimento que vem sempre a calhar.
Ganhou quem eu queria? É verdade. Mas estou totalmente satisfeito? Jamais, em tempo algum, até porque estou sempre à espera de melhor.
É bom o governo que aí vem? Talvez.
Melhor do que a insustentável situação em que vivíamos, disso não duvido.
Agora, é hora de esperar e cara alegre...
Mas com um olho de lado, que isto de nova gente tem sempre (o) que se lhe diga.
Aqui, nesta minha terra, que aguarda por melhores dias e outra gente, estamos confiantes, qb.
Venha o Governo e comece-se a trabalhar, que a Troika não é para brincadeiras.
Logo? Não. Agora e já!...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Uma campanha fria e seca

Quando olho para as caravanas na estrada, com a malta a subir aos palcos e a trepar para cima dos tejadilhos, logo penso que vai sair mensagem a sério. Engano-me redondamente. Aqui, a Oliveira de Frades, só chegam banalidades e querelas de bolso, nada de substantivo, pouco de necessária relevância.
Esquecendo-se, quase todos, que estamos a viver com o garrote de um memorando em duas versões, a última bem mais severa que a primeira, ninguém diz nada a esse respeito. Em vez de se procurarem respostas para as questões que ali se levantam, fala-se de "lana caprina", de quem acordou mais cedo, de quem anda de cravo na mão, da rouquidão e pouco mais.
Por isso, não me tem cativado esta campanha, mas não deixo de dizer que ainda tenho esperança de que algo vai mudar.
Volto, então, para a minha terra, para saudar as crianças em alegria no centro da vila, para proclamar, bem alto, que o GDOF se manteve na terceira divisão nacional de futebol e para manifestar o meu desagrado por termos uma EN 16 em péssimo estado de conservação.
Reafirmando que será uma injustiça portajar o A25, espero que, amanhã, me não tramem com mais essa maquia. Temo, no entanto, que terei de puxar os cordões à bolsa.
Até que isso aconteça(?), vou andando como Deus quer...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Troikados" para três anos

Aqui, a esta Oliveira de Frades, têm chegado os ecos do Memorando assinado pela Troika com o Governo, a que PSD e CDS deram o seu aval. Já passei os olhos por cima daquele denso e minucioso texto. Sou de opinião que é uma boa cartilha para se fazerem programas eleitorais credíveis, que fazem ir para o caixote do lixo tudo quanto, a esse nível, se tem feito em maré de eleições. Ali há conteúdo e substância, ideias e suportes, projectos e meios de sustentabilidade de cada um deles.
Ou seja: por cada cerejeira plantada, logo se descrevem custos e efeitos. E, antes, pergunta-se qual a sua utilidade e mérito, sem deixar de questionar as qualidades do solo que a vai acolher.
Ali, nesses outros ditos programas, era aberto um buraco, metida a árvore aos empurrões, estilo seja o que Deus quiser. É óbvio que, com tal sementeira, nem uma cereja aparecia.
De momento, sei que aí vêm tempestades, mas, por estranho que pareça, chego a pensar que, com esta lição, alguma coisa iremos aprender. Pelo menos, a sermos sérios connosco, próprios, que já basta de brincadeira.
Gostei da estadia da Troika? Nem por sombras.
Dando cabo do meu ego, senti que aquela gente foi um espinho cravado na minha garganta.
Mas sou suficientemente humilde para dizer que, afinal, até vieram fazer bom trabalho.
Este repenicado puxão de orelhas veio, dizem eles, tarde demais.
Alguém, então, é culpado pelo atraso de que falam.
Mas a culpa vai continuar a morrer solteira, temo eu.
A 5 de Junho, poder-se-á mostrar um qualquer cartão vermelho.
Mas já acreditei mais nessa possibilidade.
Agarro-me, no entanto, a essa esperança pelo menos por um mês...

sábado, 30 de abril de 2011

Páscoa na aldeia

Amanhã, estilo Natal é quando o homem quiser, é Páscoa nesta minha aldeia do concelho de Oliveira de Frades. Não sei se vem o Padre a nossa casas, se apenas um grupo de leigos. Como penso na virtude das tradições, este meu berço estará, obviamente, aberto. Não discuto quem vem, porque também sei que, hoje, os tempos são outros. Sei uma verdade: a Cruz não falta.
É um gesto cultural este, que importa fazer reviver ano após ano, porque de globalização e uniformização já temos que chegue, à fartazana.
É um dia de festa e de aconchego familiar, menos comercial que o Natal, menos espalhafatoso, sob esse ponto de vista, mas também cheio de encantos e poder identitário. Agarrá-lo com ambas as mãos é nosso dever. Que cumpro com gosto e entusiasmo.
Se pudesse, acreditem, nada me custaria fazer com que estas visitas corressem muitas outras casas, sobretudo em Lisboa - e por esta altura - de modo a iluminar as mentes e a pedir que o coração venha a funcionar melhor, tal como a sabedoria de quem deve decidir em favor de um povo, cada vez mais amargurado, triste, aborrecido, descontente, descrente, desconfiado e medroso.
Que a Cruz lhes dê também aquilo que dela espero: um pouco mais de ânimo.

terça-feira, 26 de abril de 2011

26 de Abril

Ontem foi dia de festa, algo entristecida, porque por aqui anda gente a mais, em maré de mão estendida. A Assembleia da República esteve encerrada, que isto de estar à espera de novos inquilinos não dá muito ânimo para estas coisas. Abriu-se, por outro lado, o Palácio de Belém, local onde se procedeu, oficialmente, às respectivas cerimónias. Teve ainda um outro e grande significado: a presença de todos os ex-Presidentes e os seus discursos, de paz e concórdia e de alguma esperança, vieram mesmo a calhar.
Se os tempos presentes são difíceis e os próximos talvez bem piores, cada sinal destes é sempre bem-vindo. Gostei.
Se estou mais feliz por ver estas figuras de braço dado com o actual Presidente, estou mesmo.
Se espero resultados práticos deste exercício de cidadania activa, nem por isso.
Mas confio, até porque sou pessoa de fé. Por isso, ao dizer que ainda resta alguma dose de optimismo moderado, é porque entendo que ALGUÉM nos irá dar a mão, que os homens da nossa terra só têm feito asneira da grossa e os resultados desastrosos estão à vista, subindo ontem e antes de ontem o "déficit", esse palco de malabarismos contabilísticos. E tudo isto ainda vem dar mais cabo de todos nós.
É pena que assim seja, mas esta é a verdade que dói em todo o lado e também aqui, em Oliveira de Frades, região de Lafões.
Acabamos com uma curiosidade: quem tinha 37 anos em 1974, este é o ano de fazer 74. Coincidência!
Hoje, 26 de Abril, há sol.
Mas temos medo que dure pouco, porque a "troika" é muito capaz - até este astro-rei - de o assambarcar.
Se pudesse... nem o sol continuaria bem nosso. Talvez, com a paisagem, a única riqueza que nos resta.

sábado, 23 de abril de 2011

Pela água vou eu...

Vagueira, sexta-feira santa. Olhos e ouvidos no mar, mente no ar...

Pela água vou eu,
levo no bolso
um horizonte
e não vou parar.

Andar perdido
no mundo
é sina, é dor
a não carregar.

Ter o céu
como limite,
ir até ele
sem vacilar.

É um desafio,
um imperativo,
um sonho,
um passo a dar.

Pela água vou eu,
sozinho,
mundo além,
quase a cantar

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Perdi em Portugal, ganhei em Espanha

Ando eu para aqui a defender o meu Benfica, que trazia dois golos no bornal, quando saiu do Porto, e vejo-me na condição de dizer que perdi por incapacidade de jogar melhor que o adversário. Custou-me a roer este resultado, mas o FCP - assumo-o - mereceu passar à final.
Que se tirem as lições que se entenderem, mas o SLB não proporcionou a receita ideal. E, quando assim é, parabéns a quem foi melhor.
Na vizinha Espanha, eu, que sou fã do futebol do Guardiola, daquele Barça fenomenal, tenho de confessar que gostei imenso de ver Mourinho a triunfar.
É a minha costela de português a vir ao de cima e a ficar contente no momento em que Mourinho treina e Ronaldo marca, numa espécie de dois em um para o nosso ego também se sentir bem.
Para andar deprimido, chega-me, aqui no meu cantinho de Oliveira de Frades, o noticiário nacional que vem de Lisboa: "perde" o Benfica, afunda-se o país, sem dinheiro e sem poder.
Uma lástima, estas duas desgraças.
Salvou-me o Mourinho para dormir mais descansado.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Tempos difíceis

Acordar hoje com uns pingos de chuva é uma forma de se cumprir um velho ditado popular, que diz que, em Abril, águas mil. Seja.
Só que este inverno deslocado, aqui, neste meu concelho de Oliveira de Frades, vem acompanhado de fortes incertezas quanto ao nosso futuro. Se esta é uma terra onde o trabalho de casa é feito continuamente com gosto e com sucesso - o que parecia um seguro de vida contra todas as crises -, agora sente-se que, apesar das dinâmicas de empreeendedorismo, não se está imune a esse terrível vírus, que, em Lisboa, tem o laboratório principal.
As gentes da troika, uma combinação pesada de técnicos e políticos de tesoura em punho e de coração vazio, podem trazer-nos carradas de desânimo, de turbulência e outras coisas negras demais, se não houver o cuidado e o bom senso de dotar o programa de austeridade de medidas de incentivo à criação de emprego e riqueza.
Sabemos que esta é uma equação difícil de acertar. Mas tudo tem de ser feito nesse sentido.
Cortar nas despesas certas e sabidas, levar a contabilidade negativa só para o sector do trabalho e das pensões, ou para a diminuição do consumo pela via do aumento dos impostos é caminho fácil de descrever. O importante é caldear isso com incentivos que contrariem os efeitos desse pacote forçado e desastroso.
Em Oliveira de Frades, quando o pais correu para todo este desvario, criaram-se postos de trabalho, inovou-se, dotou-se Portugal e o mundo de energias renováveis, fez-se crescer o mercado das exportações com produtos de topo e empresas de vistas largas, pelo que não é justo que, neste momento, se questione tudo quanto foi feito.
Solidários somos nós. Muito mais que a UE que nos acolhe, se aproveita de nós, vendendo-nos tudo o que quer, inventando esquemas de crédito para se adquirir até a lua e, agora, mostra-se mesmo mais dura e inflexível que o próprio papão do FMI. Esta não é a minha UE, sendo que sou um europeísta convicto. Esperava mais humanismo e muito mais justiça equitativa do que aquilo que nos estão a dar.
Cometemos erros de grandezas desmedidas, disso não duvidamos. Mas, com isso, ajudámos a crescer economias como a da Alemanha e outras.
Nestes tempos difíceis, esperamos vozes amigas.
Dispensamos quem venha para nos enterrar ainda mais.

terça-feira, 29 de março de 2011

Souto Moura, um ar quente num país frio

Eu, pecador me confesso, não conhecia a obra do Arquitecto Souto Moura. Do nome e da fama que vinha adquirindo, tinha ouvido falar. De seu irmão, também, mas quando ocupou a Procuradoria. Mas dele, deste Prémio "Nobel", pouco, muito pouco do seu trabalho me chegara às mãos, aos olhos e à mente, salvo o Estádio Axa - nome que me irrita - de Braga e, talvez, uma ou outra obra. Tocado por este galardão, senti-me na "obrigação" e gosto de abrir as páginas de seu enorme livro artístico. O que vi, o que me entrou, de imediato, pelos olhos dentro, foi bonito de ver. E estimulante. Numa palavra agora muito em voga: fiquei fã, fã a sério. Como filho de peixe sabe nadar, aqui este ditado, um tanto alterado, vem a propósito, passando a ler-se "filho de mestre(Siza Vieira), nada que se farta", a ponto de, agora, lhe suceder neste troféu e prestígio. Num pais, o nosso, amargurado e curvado sob o peso de um asfixiante clima económico, político e social, cada vez mais grave, sabe bem receber estes tónicos. É assim como que uma óptima lufada de ar quente num campo gelado. Souto Moura trouxe-nos esta alegria e, com ela, em envelope à parte, vem uma mensagem: afinal, não somos tão maus como nos querem pintar. Obrigado, grande artista da arquitectura, que, pela sua modernidade, irá marcar uma época, que o românico, o gótico, o manuelino, o neoclássico são de um outro tempo: este é o de uma nova forma de afirmação, de um novo ser e um novo estar. Registar tudo isto em construção e urbanismo é obra, é mesmo grande obra! Parabéns!

terça-feira, 22 de março de 2011

Isto não anda bem

Aqui, na encosta da Serra do Ladário, entre Aveiro e Viseu, num ponto em que o meu concelho, Oliveira de Frades, quase mostra a sua vertente de transição, começou a chover e a trovejar. O ar primaveril está, assim, a fugir-nos um pouco, esperando-se que por um curto período.
Obviamente que não é isto que me preocupa. Tenho receio, muito receio, do que pode estar para vir a outros níveis: o meu país não pára de sofrer. Perde hoje, não ganha amanhã e tudo cheira a enorme dúvida e confusão.
Se entendo que é tempo de virar a página, tais as peripécias que temos vivido, não deixo de estar apreensivo, muito mesmo.
Sei que, amanhã, se joga muito do nosso futuro próximo na Assembleia da República. Sei que as posições estão nos antípodas de um e de outro lado da barricada e pouco ou nada há a fazer para inverter esse ambiente de incrível crispação.
Sei que os mercados estão sobre nós como gato a bofes. Sei que a UE quer que caiamos na verdade dura do recuo na dívida, mas duvido desta receita que agora nos apresentam e discuto a forma como aqui se chegou.
Sei que é arriscado dar um passo noutra direcção. Sei, no entanto, que prolongar esta agonia também não é remédio que baste. Sei que quero ir para outro lado, mas não sei se esse será o melhor caminho.
Em suma, sei tudo e não sei nada. Seja o que Deus quiser, que os homens falharam de todo!...

sábado, 12 de março de 2011

Sem palavras

Desde Fevereiro, esse mês curto, à medida do nosso ordenado e, mesmo assim, com muitos dias a mais, que nos não abeiramos desta banca. Temos o dever de pedir desculpa por tal omissão. Isso aqui fica. Mas, agora que regressamos, vamos ao trabalho:
1 - Temos Presidente novo-velho, reeleito e agora empossado. Veio à Assembleia, em dia solene de baptismo renovado, e barafustou. Não foi cordial? Não. Foi duro? De que maneira... Falou demais? Talvez para o "dia", que não para as necessidades de alguém que seja capaz de dar dois murros na mesa de tanta ilusão, morta em função daquilo que se conhece... Foi o fim de um ciclo? Cremos que sim. Acabou-se o verniz? De todo... Até porque, de partida para Bruxelas, o PM se encarregou de, a machado, aparecer de catana e carro-canhão, ao esconder aquilo que deveria ter confessado, em sinal de constitucionalidade não quebrada... Vêm aí tempestades? Já não há sol que nos anime....
2 - Geração à Rasca, não; um mundo de gente descontente, sim: só assim se compreende o protesto que saiu para as ruas do país, oriundo de um modo desorganizado e inorgânico, neste dia 12 de Março. As multidões que, há pouco vimos na TV, dizem tudo. Ouvi-las é um imperativo de consciência e de governação consciente. Baixar os olhos será sempre o pior dos caminhos.
Não estivemos lá, porque os combustíveis estão caros. Mas, em atitude mental, não perdemos pitada deste movimento que nos põe todos a pensar. Ou, pelo menos, assim deve acontecer.
3 - A comunicação de que os camionistas vão parar é outro sinal incomodativo.
4 - A existência de uma Europa em soluços pressupõe grande constipação, quase pneumonia a caminho de um sufoco total, se não quiser segurar o projecto de sonho que, um dia (e que rica ideia ela foi!) nasceu. Se não agir num todo económico, cai em vão tudo aquilo que for dito. Pegar em pontas não diz nada: precisa-se é de mais acção conjunta, a 27 e não desta forma casuística e calculista...
4 - Mas o que mais nos tira o sono é o que se passa no Japão, onde a natureza ditou as suas poderosas e, neste caso, destruidoras leis. Para todas as vítimas, o nosso pesar. Para aquela gente, que foi dada a conhecer à Europa, pela primeira vez, por portugueses, que a vida continue!
5 - Cheios de incertezas, ainda acreditamos que é possivel esperar dias melhores. Mas, por cada dia de atraso em escolher o melhor caminho, é todo um futuro que se hipoteca.
6 - Dito isto, dêem-se os passos que muitos aguardam, incluindo nós próprios e as "gerações à rasquinha" e tantas elas são!...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Terror em dois mundos

Olho para a África mediterrânica, onde predomina o islão, e vejo tudo a ferver. Vi a Tunísia, passei para o Egipto, dei uma volta por outros países e em todos eles descortinei uma revolta/revolução que cheira a efeito de novas tecnologias e muita animação em partir para um mundo diferente.
Mas, ao assistir ao que agora acontece na Líbia, estou cada vez mais preocupado: ali há sangue a mais - e cada gota é sempre de lamentar - e uma vontade de se não sair do lugar, em termos de cúpula. Se assim foi naqueles dois estados, anteriormente citados, o seu fim apressou-se, praticamente. Ali, porém, o caso muda de figura, porque tudo está a descambar para o torto.
E já estamos a pagar o primeiro tributo a essa teimosia em deixar a presidência, que o petróleo não pára de subir.
Entretanto, o mais grave é que, na Líbia, há muita gente nossa em trabalho e muito interesse económico, que, aliás, serviu de alimento a relações políticas nada convenientes... E quando estão vidas em jogo, tudo é muito mais sério.
Que haja o bom senso de deixar seguir a revolução, em nome de um futuro que se deseja bem melhor.
Se aqui são os homens a causar tanto sofrimento, na Nova Zelândia foi a natureza que destruiu, por via de um sismo, bens e, pior que tudo, ceifou vidas, muitas, aliás.
Dói-nos assim a ira dos homens, choramos as consequências daquilo que vem não se sabe de onde, mas, de certeza, de algo que nunca o homem vai controlar.
Para um pouco de desanuviamento, aí estão as "Correntes d'Escrita", onde, a partir de uma frase, se parte em busca da descoberta em cada painel de debate e criatividade. Uma delas é esta: " Falta futuro a quem tem no presente as ambições/passadas" ( Armando Silva Carvalho ).
Fica registada esta máxima. E vale a pena pensar nela, mesmo em tempo de crise e turbulência.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bem fora, mal dentro

Depois de alguns tempos de ausência, que lamento, aqui regresso com a intenção de expor, um pouco, as minhas ideias e sentimentos.
Começo por ir até ao Egipto, onde aconteceu algo de improvável há uns anos: uma revolução praticamente pacífica, que derrubou um regime ditatorial com cerca de três décadas de poder. Com uma juventude voluntariosa e um povo em luta numa Praça já histórica, saiu Mubarak e outro mundo está a desabrochar. Quero dizer que, hoje mesmo, não bato totalmente palmas, porque ainda não sei o que aí virá. Mas este facto e feito não deixa de merecer a minha consideração e o meu reconhecimento. Por aqui, até ao momento, tudo bem.
Entrando agora em nossa Casa, já o caso muda de figura: tudo vai mal, a ponto de o hino de revolta da Geração "Deolinda" ser o sucesso que é. Isto tem de nos pôr a pensar e agir.
Mas, de orelhas moucas, em vez de arrancar com novas práticas, pomo-nos a brincar às moções de censura, deixamos morrer gente da terceira idade, indefesa e abandonada, na maior das traições, que é esta de desprezarmos quem mais de nós necessita, assobiamos para o lado, vemos as finanças a irem de mal a pior, com juros altíssimos, descobrimos em cada dia mais uns cêntimos no custo dos combustíveis, numa escalada de pisadelas que nos amachucam de todo e não mexemos uma palha para acabar com tudo isto...
Como que deslumbrados, logo abrimos uma garrafa de champanhe quando as exportações cresceram a bom ritmo. Foi bom? Foi, sim senhor. Mas é pouco, muito pouco.
Se o poder de compra e o consumo interno andam pelas ruas da amargura, algo vai mal no nosso torrão natal.
Se é mais fácil despedir, também esse não será um bom sinal.
Se a UE está a tentar arranjar um meio de dar a volta a isto, começa de haver um maior sossego. Mas ainda vem longe o remédio eficaz.
Assim, um tanto bem fora de portas, muito mal por aqui dentro, eis o nosso mundo.
E isso é que custa!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Esquecimento? Não. Um propósito assumido

Está quase a passar um semana depois das eleições Presidenciais. Aqui, esta boca ainda se não abriu. Podem perguntar: esqueceu-se este bloguer de dar umas bicadas, ou coisa que o valha, nesta magna questão? Nunca. Só que se entendeu que tudo o que se viesse a dizer era chover no molhado.
Ganhou quem prevíamos e este voto lá caiu.
Que gostei desta vitória, disso não tenho dúvidas. Que bati palmas ao discurso da vitória, o oficial, não. Sinceramente, não me revi naquele estilo, mas compreendo a revolta de quem o proferiu.
Que fiquei preocupado com a abstenção, com os votos brancos, nulos e aqueles que caíram nos candidatos da contestação, sem saber ler nem escrever, fiquei, de certeza.
Que tive pena de um candidato que só soube subtrair e nada somar, tive.
Que pensei que quem veio do Minho poderia ter outra votação, pensei. Mas a sua folha de serviço, em campanha, foi um desastre, foi.
Que vi um mensageiro de velhos mundos sair-se razoavelmente bem, vi.
Que vi que há que mudar, vi.
Que temo que nada será alterado, temo.
Que não sei o que fazer, eis outra verdade.
Que Portugal precisa de outra pedalada, não duvido.
Que os homens, C e S, têm de se entender, têm.
Que foi bom tudo ficar resolvido de uma vez só, foi.
Que agora o destino ainda é uma incógnita, é.
Que toda a gente anda de aperto no coração, anda.
Que adorei saber que Coimbra vai ter um novo Hospital Pediátrico, adorei.
Que este é mais um passo no sentido de continuar o milagre de diminuir a mortalidade infantil, eis uma outra grande verdade deste meu Portugal, onde nem tudo é mau...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma palavra para os amigos do Luxemburgo

Por razões que a vida nos trouxe, fomos várias vezes ao Luxemburgo, sobretudo para desfrutar da excelência do C.A.S.A - Centro de Apoio Social e Associativo - e estar com todos aqueles que a esta Instituição se acolhem para se sentirem melhor, lá longe, ou para ali viverem cultura, desporto e convívio. À sua frente, temos um grande Amigo, José Ferreira Trindade ( com quem, aliás, estivemos há poucas horas ), que é o seu esteio principal e o agente associativo que todos elogiam.
Sabemos quanto a nossa Comunidade é reconhecida naquele Grão-Ducado. Sabemos o peso do seu contributo para fazer daquela terra o espaço europeu de maior rendimento. Sabemos quanto o Grão-Duque e o Governo apreciam a nossa gente.
Sabemos tudo isto e muito mais.
É, por isso, que muito nos doem as campanhas de xenofobia que ali acontecem de vez em quando.
De momento, vive-se um desses tristes momentos.
Então, é nossa obrigação e dever dizer a todos os portugueses, que tanto fazem pelo Luxemburgo, que tenham força, coragem e orgulho em si mesmos, elevando a sua auto-estima e seguindo em frente.
Uma pinga não faz o Inverno e é de Primavera que se trata, quando se fala dos nossos compatriotas. Toca a andar de cara levantada, que não há razões para outra atitude, temos a certeza, porque o sabemos plenamente.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ver fugir o sol na Vagueira

Olhar o sol a fugir de nós, escapando-se por entre as ondas do mar da Vagueira, que ora são brancas quase como a neve aos trambolhões, ora não passam de água agitada e a mexer, é um exercício de agarrar e não deixar perder: assistir a uma nesga de sol a sair, na linha do horizonte, das janelas que as núvens abrem, é algo que, entrando pelos olhos dentro, nos aquece a alma. Foi isso que me aconteceu neste final de tarde. Um espanto!
Mas um dia completo, nesta praia, tem ingredientes que não podem ser desconhecidos. Ei-los: caminhar, no Inverno, sobre o paredão, incrível e doridamente despido de visão turística; sentar-se nas esplanadas do Neptuno, arreliadoramente fechado demais, ou do Canto da Sereia; almoçar no KIKITO novo, que herdou do velho a boa cozinha e simpatia; ir, à tarde e/ou à noite, ao Perlimpimpim e saborear os calores de um chá quente, com algo a acompanhar, sem esquecer as muitas pitadas de cultura que por ali há e a arte de acolher bem, que ali se vê a rodos.
Com estas humildes dicas, vai um pouco de crítica: esta terra precisa de abanões, de muitas sacudidelas, de modo a, sem deixar de ser o que é, dar um outro salto - aliar este sossego e paz de espírito àquelas valências que mostram atenção e projectos com ar de futuro, que fidelizam os amigos de sempre e atraem quem vem de novo. É este arrojo que ali se não sente, digo eu.
Mas esta Vagueira bem merece que a ela se regresse sempre. Até para lhe dar esperança em dias ainda melhores. Venham eles!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Parabéns, José Mourinho!

Isto de termos entre nós o melhor treinador do mundo, proclamado pela própria FIFA, é de se lhe tirar o chapéu. Sendo uma distinção conquistada no meio de dois outros grandes senhores, Guardiola e Del Bosque, sabe-nos ainda muito melhor. Os feitos de José Mourinho estão à vista de todos e este reconhecimento só vem confirmar o que de todos é sobejamente tido como uma verdade praticamente incontestável. Mas é sempre bom sentirmos que um dos nossos, um dos maiores de todos em projecção universal nesta altura, faz muito bem ao nosso deprimido ego.
Há decisões que vêm no momento certo e esta é uma delas. Quando Portugal se encontra acossado de todos os lados, a nível de especulação financeira, quando se fala mais em FMI, BPP e BPN, três entidades que queremos ver arredadas da cena nacional, quando a Campanha Presidencial é o que é ( uma lástima ), pois não passa de um deserto de ideias, aparecer Mourinho com esta mensagem de optimismo é um bálsamo que alivia dores, velhas chagas e anima a malta. Obrigado, pá, bem haja, Zé!
Se olharmos para o seu feitio, às vezes, somos levados a pensar que há ali vaidade a mais. Mas se virmos a fundo, essa é uma sua estratégia que dá frutos e quão saborosos eles são! Pena tenho eu que não seja ao serviço do meu Benfica, onde, aliás, já esteve e, por sinal, triste sina, o puseram a andar... Aquele momento do agradecimento, "urbi et orbe", com uma vincada marca no orgulho de ser português e se expressar nesta nossa querida língua, vale mais que mil esforços para nos tirar da cepa torta. Obrigado, pá, bem haja, Zé!
Depois de uma arca cheia de títulos, este vai ficar, por certo, pendurado no seu hall de entrada. Mas é de deixar um espaço para mais, que eles não faltarão à chamada.
Se me sinto bem com este Melhor Treinador do Mundo, sinto.
Se gostava que toda a gente tivesse vaidade em quem assim se afirma, gostava.
Se sei que, apesar de tudo, vamos continuar com um cutelo à mão de semear, à espera de eventuais papões, sei e disso não tenho dúvidas, em matéria de incertezas económicas, que não de desejos de que tal vinda venha a suceder.
Se o Zé é mesmo o maior, é...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Uma visão sobre o mundo

Nestas andanças da vida, habituámo-nos a pensar que a cultura é costela de gente que não vive neste mundo, que circula um pouco pela estratosfera e, por isso, a sua divulgação tem sido confiada, quase por inteiro, nas terras de além-Lisboa, às autarquias e uma série de teimosas e dedicadas instituições. Mas, a nível de negócio, pouca gente se aventura em desbravar tais caminhos de gerar lucro e constituir um meio de vida.
Só que toda a verdade tem as suas excepções e uma delas encontrei-a na Vagueira, ali para os lados de Vagos, está bom de ver, onde o mar bate no paredão e se afirma na sua plenitude: fogoso quanto baste, às vezes, talvez, até demais, mas agradável e convidativo, a necessitar, a meu ver, de um outro aproveitamento em termos de cuidados oficiais nas zonas envolventes.
Foi aí, nessa terra, que entrei no Perlimpimpim e vi que ali havia mão de inciativa empresarial de sucesso, onde a cultura, essa parente pobre, tinha assentado arraiais. Com um misto de bar, de galeria de exposições, de alfobre de iniciativas culturais de muito interese e bom nível, fácil foi constituir-se em ponto de ida e paragem obrigatórias. Assim tem acontecido, desde há um ano, mais ou menos.
Pus-me a pensar e hoje mostro o meu desabafo: eis ali uma espécie de Vereação da Cultura, vestida de fato de empresa privada, que urge acarinhar e a melhor forma de o fazer é ir, ir e ficar, voltar a ir e não deixar de o fazer um dia e outro.
É que quem assim trabalha merece que o retorno não fique à porta, mas que se entre e se sente quem gosta de um "café" com ar de bica musical, um bolo com marca de quadro que se aprecia, ou de um chá com acepipes de retoques culturais, que são o selo e a marca daquela Casa.
Uma aposta de grande horizontes ali se pôs a marchar. E vai longe, tais são os sinais de êxito que se cheiram por todo o lado.
Com um Perlimpimpim assim, cada instante tem mais valor, sobretudo se não quisermos dar o tempo por perdido e isso ali não acontece. Pelo menos até ao momento...