quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Conselhos vazios de conteúdo

Em matéria de Conselhos,isto não anda bem: o Europeu entrou numa fase de empates atrás de empates, para não ser indelicado e falar de empatas, enquanto o nosso piedoso Conselho de Estado, de apoio ao Presidente da República, ontem, numa longa maratona, pouco acrescentou ao que já se sabia, tendo dito quase nada.
Se o Comunicado é escasso em ideias novas e mobilizadoras, todos nós sabemos que é um documento de circunstância: serve apenas para nos entreter, naquele simpático apelo a um diálogo, quando anda meio mundo, pelo que se vislumbra daqui, de Oliveira de Frades, a tentar calar outro meio e ninguém quer falar com ninguém, muito menos Governo e oposição, ou Oposição e governo.
Se um dos partidos do arco, que está fora da actual governação e com largas culpas em tudo isto, está calado, ou pensa até, atrevidamente, em desviar a água do capote, se o Governo sente que está amarrado a si mesmo, falar em pô-los a dialogar é sopa sem sal.
Para bem do país, melhor fora que o CE dissesse que "ou sabem que têm de se entender, ou ficamos a um passo do abismo", isto é, chamando essa gente à responsabilidade, de modo a fazer-se ouvir, com voz forte e motivadora. Assim, com este nem é carne, nem é peixe, tem-se a sensação de um preocupante vazio que não augura nada de bom.
Mas, para sermos sinceros, não acreditamos que aquela gente toda, metade a olhar de lado e a morder em outra metade, tenha passado todo o tempo a falar destas minhoquices.
Só que dessa eventual discussão nada se sabe, por enquanto.
Nem saberá, talvez, nunca.
Mas que se disse mais do que veio a público, lá isso se disse!...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Novos comboios a chegarem-se aos carris

Neste meu postigo da Serra do Ladário, Oliveira de Frades, ponho-me já a imaginar um novo e ressuscitado comboio, em bitola europeia ( que estranha UE é esta que ainda tem perfis ferroviários variados e praticamente incompatíveis, sobretudo entre Portugal e Espanha!...), a atravessar o corredor Aveiro/Viseu/Salamanca, fruto das novas ideias que visam não deixar fugir a maquia do nado-morto TGV, que, em boa hora, foi de abalada antes de vir. Bato palmas, mesmo em maré de aflição financeira e económica, a quem conseguir tão alto objectivo.
Se me desgosta, por outro lado, ver morrer o que resta da velha e saudosa Linha do Vale do Vouga, esta nova aposta deixa-me em grande euforia. Peço até que se inicie um movimento público nesse sentido: lutar por este novo comboio. Por aquilo que hoje li, ainda que de raspão, estão na calha as linhas Sines/Lisboa/Poceirão/ Caia/ Espanha, Lisboa/Porto/Norte/Galiza e a nossa, a mais desejada, Aveiro/Viseu/ Salamanca, com a promessa ministerial, confessada na sua terra, por parte do Professor Álvaro Santos Pereira, de que Viseu vai ter uma Estação. Mais uma ideia de excelência!
Se é pesado o OE 2012, cheio de cortes e restrições, valha-nos ao menos esta boa notícia, assim se venha ela a concretizar!...
Força, comboio novo, de carga e de passageiros! Passa por aqui e depressa!...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma ajuda do "Público" para ler o OE 2012

Em matéria de focos de água que pagam os incêndios da monumental dívida que escalda, queremos apenas dizer isto, depois de termos lido o "Público" de hoje:
- Famílias - 6259 milhões de euros a suportar
- Estado - 3255 " " " "
- Empresas - 655 " " " "
Por aqui, em Oliveira de Frades, o rombo maior entrou pelas casas dentro, em muitas delas.
É o costume.
E está tudo dito, por hoje.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Um orçamento a doer

Com tanta gente a falar no Orçamento para 2012, quase será um atrevimento vir aqui debitar meia dúzia de tretas. Ou talvez não o sejam. Aqui, no meu recantinho da Serra do Ladário, meio Aveiro, meio Viseu, que estas terras de oliveira de Frades têm esse encanto, chegam-me ecos de que, particularmente, não gosto.
Eis o primeiro, uma certa tentativa de diabolizar a Função Pública, ela que paga todas as crises, por falta de coragem para mexer noutros sectores, apontando-a como a raiz de todos os males. Por isso mesmo, vão-lhe ao bolso de uma maneira absolutamente escandalosa. E para o ano de 2012 é um desaforo pegado.
Um segundo ponto que me incomoda é aquele que tem a ver com o ataque cerrado que se faz aos pensionistas em geral e com maior ênfase e sempre naqueles que são oriundos da citada FP. Deve ser dito que, para aí chegarem, têm dois "inconvenientes", o de terem idade e de, a seu tempo, terem feito os descontos que lhes pediram, num exercício de solidariedade geracional. Os pais e os avós destas novas gerações, que tanto sofrem, isso é verdade, foram aqueles que, a partir da década de setenta do século e milénio anteriores, se regozijaram com o facto de o Professor Marcelo Caetano ter aberto o sistema de pensões e apoios a quem nunca tinha descontado um tostão que fosse. Fizeram-no com alegria, com o sentido de dever de melhorar suas vidas. Pagaram essas medidas com seu esforço solidário.
Assim sendo, é doloroso assistir-se hoje a uma quase criminalização de quem está reformado, como se essa condição fosse uma maleita e não um direito sustentado em políticas que assim o permitiram fazer.
Feitas estas duas ressalvas, em matéria de OE nada de bom se augura. É um fardo pesadíssimo que se abate sobre as pessoas,as famílias e as instituições. Do que se sabe, teme-se o pior; do que ainda não veio a lume, então nem se fala.
A agravar tudo isto, fala-se demais em cortes e nada se coloca em termos de dinamização da economia. Aliás, com tanta medida recessiva, quanto às expectativas em sede de esperança de recolha de IVA e outros proveitos, o tiro vai sair pela culatra, porque, sem fundo de maneio, diminui o poder de compra, o que agrava o tecido produtivo e dá cabo do emprego.
Nesta espiral de desastre, é de aflição que temos de falar.
E esta dói que se farta.
E muito mais no ano que vem, daqui a dias...