terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Fechar o ano

Sem saudades e com tristeza/ este ano tem os dias contados/vivido em ansiedade e incerteza/parte sem deixar grandes dados/...Começou a medo/ orçamento medonho/foge, contando-se a dedo/ aquilo que não foi enfadonho/...Cheio de sobressaltos sem fim/passou por ti sem atenção/correu dessa forma por mim/vai-se embora sem ar de coração/...Olho para ele sem pena/tenho mesmo vontade de o ver fugir/sinto que, dia a dia, me depena/ vá e não volte a surgir/...Aí vem outro ano/ que não seja tão cruel/nem feito desse tecido e mesmo pano/que não sabe a mel/...Estou desanimado/ lixado até/sendo desalinhado/ isto é falta de fé/...A culpa não é só minha/ muito menos tua/é de quem alinha/ em quase pôr-nos na rua...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Vamos dar a TAP

Face ao preço de saldo a que o nosso Governo está a tentar vender a TAP, faço daqui uma proposta: dê-se essa empresa, de borla, a quem a quiser aceitar, pedindo-se apenas em troca uma viagem, anual para cada português aqui residente, ou emigrado, aí até à quinta geração, ida e volta, para o local que se quiser. A dar, ao menos que se tire algum proveito. Quando se fala nuns míseros 20 milhões de euros de retorno para os cofres públicos, cheira-me a meio BPN, ou a uma outra venda sem controle nem avaliação capaz. Ou capacidade reivindicativa em grande falta. Ou pressa em desfazer-se de uma Companhia bandeira. Ou cofres tão vazios que cada esmola nunca pode ser recusada. Com negociadores destes, venha o diabo e escolha: o país, com esta gente, ainda desaparece e nem se dá conta. Efromichado, de todo, ou coisa que o valha, nós é que ficamos tramados. E sem a nossa querida TAP, assim perdida pelo preço da uva mijona...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Novamente, Tribunais e Freguesias

Com lições a tirar da recente publicação definitiva do Censos 2011, que nos mostra que 50% da população vive apenas em 33 dos 308 municípios do País, em Lisboa teima-se em desprezar esta terrível desertificação de nossas terras, ameaçando-as com cortes e mais cortes de serviços essenciais à sua vida e necessidade de desenvolvimento. Se a Saúde e a Educação já levaram pela medida grande, agora quer-se dar cabo das questões básicas de proximidade, retirando-nos os Tribunais e, suprema ironia, até a nossa identidade de séculos estão a desfazer... Ainda esta semana, os Presidentes das Câmaras Municipais de Vouzela e Oliveira de Frades, para falar apenas destas nossas paragens, foram à capital, em mais uma tentativa para fazer travar o processo de encerramento dos respectivos Tribunais e vieram, uma vez mais, de mãos a abanar. Ao que sabemos foram atendidos pela Ministra, mas não conseguiram dar-lhe a volta. Aguarda-se que alguém lhe faça ver o erro que está a cometer e lhe aponte - imponha mesmo - a solução correcta e amiga das populações: continuarem com o pilar da Justiça nos seus municípios. Se assim não acontecer, a conivência paga-se com língua de palmo... Para agravar tudo isto, algumas de nossas freguesias, em decisão de uma seca Comissão,têm os seus dias contados. Simbolicamente, apetece-nos propor um exercício de protesto, indolor, mas cheio de significado: enviar cópias de Bilhetes de Identidade ou Cartões do Cidadão para o Ministério sabotador da democracia local, a mais próxima das pessoas, de carne e osso, em sinal de protesto por nos ser retirado o direito a, com orgulho, podermos dizer que somos da terra que sempre fomos. Como se vai (?) perder a Freguesia, fiquem lá com esses documentos para saberem que esta gente de bem não gosta de ser assim tratada... Como autor desta proposta, alinho já nessa medida de rebeldia sadia, brincalhona, mas a dizer que, por aqui, há quem não goste nada do que se está a fazer ao nosso querido Portugal!...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Com ou sem Merkel, isto não passa da mesma

Hoje, de manhã acordei com um solzinho bem amigo de todos nós. Se dele estava à espera, porque ontem tinha visto o sinal do tempo nas informações que temos a esmo, uma outra coisa gostaria de ter visto, a essa hora: um país melhor. Afinal, ontem por aqui passara a nova "rainha" da Europa, a da Alemanha, que a da Inglaterra pouco faz por nós, nem bem, nem mal, uma paz d'alma essa Senhora! Mas aquela, a outra, a Merkel, essa tem que se lhe diga: consta para aí - e nem quero acreditar que isso seja verdade - que manda no Durão Barroso, no Draghi, no Passos e não sei se me fica alguém de fora. Talvez, mas não me levem a mal essa possível falha. Por isso, por ter visto que andou uma curta meia dúzia de horas na nossa capital e foi a sítio onde nunca entrei ( um apenas: o Forte de S. Julião da Barra, que aos outros já fui várias vezes), estava convencido que nos oferecera qualquer coisa de bom. Os ricos devem ter essa função: ajudar - não controlar - os pobres. Nada disso aconteceu. Veio de mãos vazias e foi-se embora com pouca saudade nossa, creio eu. Por isso, se estivesse a chover, talvez fosse melhor: ao menos enchiam-se as barragens que ainda precisam de muita água para cumprirem a sua missão. Com o sol, o dia tem sido bom. Mas, sem uma ofertazita da Senhora Merkel,isto não vai lá. Ou tarda a ir... "Isto é que vai uma crise, Senhor Triste, diga à gente, diga à gente, como vai este país? Mal, Senhor Contente...". Lembram-se de uma latomia deste género? Oh, se lembro, eu que já tenho uns anotes...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

OBAMA(IS)

Boa noite, Obama! Daqui, de Portugal,do meu recanto de Oliveira de Frades, desejo que repitas o feito de 2008. Então, eras a esperança, a novidade, a mudança nas ideias, nos conceitos e nos preconceitos. Chegaste, viste e venceste. Nessa noite,deixei fugir o sono e ouvi o teu memorável discurso da vitória. Hoje, quando quero que continues a obra iniciada, quando VOTO daqui, quando estou ansioso e à espera, em horas de alguma angústia, porque as sondagens assim me fazem estar meio a medo, meio confiante, não sei se serei capaz de ficar até essas altas horas. Se não puder presenciar o desfecho deste dia grande, apenas aguardo a melhor das notícias: a tua reeleição. Força, Obama, Obama(is, Obama mais!...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Nada dizer

Abri-te, Blogue, só por capricho. Aqui, por esta zona de Oliveira de Frades, pouco há de novo. Só o "Sandy", que anda lá por outros lados a fazer estragos, nos põe a pensar: com a natureza, nem a poderosa América pode brincar. Ou seja: por mais poderes que se detenham, por mais fanfarronice que haja, se ela, essa força que ninguém controla, resolve avançar, nada a fazer. Ali, calaram-se as vozes da campanha presidencial e não era para menos. Aqui, andamos todos cabisbaixos e de cara à banda, porque, com uma natureza bem mais meiga, temos gente que nos esmaga a fundo, sem apelo, nem agravo. E falam que se farta. Num dia, dizem que ninguém nos tira nada e lá dormimos descansados; no outro, sem trancas nas portas, temos a casa arrombada. E ficamos sem nada. Hoje, na Assembleia da República,dizem os meus Amigos, há acesa discussão sobre o terrível e temível Orçamento de Estado para o negro ano de 2013. Nem me atrevo a ouvir essas coisas. Porque sei que, se para lá virar a minha atenção, fico doente. Assim, com uma Natureza que nos respeita, para já e por enquanto, e com políticos que, pelo contrário, dão cabo de nós, fico-me com este sol que se escapa por entre uns pingos de chuva, e por cá vou andando, enquanto Deus quer... Do OE, saberei eu, quando as finanças me baterem à porta para levar o que resta: a esperança. Então, de braços caídos, mas de pé, lá vou eu despejar o alforge das moedas, que a carteira das notas já há muito tempo que não a vejo. Sabem, recordo bem a minha/nossa Feira de Oliveira, esse espaço nobre de trocas e de negócios, de conversetas e convívio, e ponho-e a olhar para as carteiras dos Adelinos e Carvalhos do Porto, que ali vinham comprar vitelas, vacas e afins. E enchiam comboios e vagões dessa gadagem, que dava riqueza e conforto familiar às nossas gentes. Tenho inveja daquelas carteiras cheias de dinheiro em que ninguém mexia, senão eles. Grossas, a provocarem o desejo de dar uma "palmada", isso ninguém fazia, porque era feio, pecado e uma ofensa aos bens dos outros. Nem era preciso haver GNR, porque essas eram leis sagradas e intocáveis. Hoje, quando mataram, por estupidez da ASAE desses tempos, as galinhas de ovos de oiro de nossos produtores-agricultores, apenas temos moedas. E a Feira, até ela, está a morrer. Tal como nós. É por isto que abri este Blogue com medo de começar a escrever. E o que disse? Nada de jeito. Apenas que até a esperança me está a fugir... E, ao vê-la partir, fico mais angustiado. Muito mais do que há tempos. Quais? Não digo...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Desesperado

Aqui, a Oliveira de Frades, chegam ecos negros de um Gaspar sem rosto. Ele fala e não se vê a cara: só as mãos a irem aos nossos bolsos. Naquela cabeça, não há seres humanos, há apenas folhas de contabilidade, não há sustentabilidade, há apenas o caminho para o abismo. Custa-me ver que este primo, inteligente, do inteligente Louçã, não saiba ver que está cada vez mais só. E eu tenho medo desse isolamento, dessa terrível vontade de ser dono de uma verdade, que é sua e só muito sua. Não é a do País em que vive e muito menos daquele de que tem, infelizmente, o leme das Finanças... Desesperado, peço a quem me queira ouvir, desde o Presidente da República ao Tribunal Constitucional, para que travem este carro desgovernado, sem travões, que arrasta tudo quanto seja rendimento médio, ainda que já muito débil... O PM, ou não quer ver, ou está hipnotizado. O líder do CDS mostra amuos, reúne de noite, mas cala-se. Os deputados da maioria estão amorfos perante este descalabro. A oposição contesta, contesta, mas não vai a lado nenhum. A rua não é, a meu ver, solução que me agrade, porque temo que, gota a gota, possa querer sair do copo e isso é tragédia maior. A Directora do FMI já deu um bom lamiré, o que muito me admira, batendo no peito, porque diz haver austeridade a mais e a destruir tudo. Durão Barroso, o nosso Durão Barroso, tarda em dar murros na mesa. Víctor Constâncio, o senhor do carcanhol, fecha-se em copas. E o povo, o nosso povo, definha, morre aos poucos e com este remédio-veneno fatal já pode encomendar o caixão. O meu país está de rastos. Quero levantá-lo mas sou pequenino e fracote. Mas, isso é certo, assim não podemos continuar. Às vezes, pensava: antes um mau Orçamento que Orçamento nenhum. Com a amostra deste, que se lixe: nem o posso ver, nem ouvir falar dele. Logo, que caia antes de nos fazer cair, ainda mais, a nós...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Um Outubro que promete pouco

Com tudo aquilo que nos tem acontecido, esta malta de Oliveira de Frades anda desconfiada de que, em Outubro, pouco chegue de jeito até nossas casas, que nos bolsos nem se fala... Hoje mesmo, vai falar o Ministro das Finanças e, supondo que vai engrossar a fatia dos cortes cegos, já nem tenho apetite para almoçar... Por enquanto, por aqui e porque a Senhora Câmara, a Misericórdia e outras instituições e pessoas de bem estão atentas e activas, fome, fome não há, mas já se comem muitas meias doses nos restaurantes, que o dinheiro não estica. Com uma Zona Industrial com um certo fôlego, nesta terra de Oliveira de Frades, por muitas nuvens que se notem, ainda se vê um pouco de sol. Não sabemos, porque é Outubro e Outono, é se ele se vai manter por muito tempo. Há poucos dias, já lhe puseram um biombo na frente, acabando com as isenções das portagens, dez viagens por mês para residentes, na A25. Quiseram fazer-nos crer que, descendo o preço geral a pagar em 15%, mais 10% para serviços de mercadorias, de dia, e mais 15%, de noite, se fazia justiça. Uma ova! Esta gente de Lisboa não sabe que fazer tudo igual, quando tudo é diferente, é a pior das soluções. Diziam que era um benefício que a União Europeia não aceitava. Estou-me marimbando para isso. Também lá se faz muita coisa com que eu não concordo e tenho de a engolir. Definitivamente, não gosto de assim ser controlado. Prefiro gente que saiba bater o pé e dizer que este é o nosso caminho, haja o que houver. De capitulação em capitulação, qualquer dia, tal como aconteceu com a ASAE e as colheres de pau, com as galinhas poedeiras e o seu hotel de cinco estrelas, nem sei se temos qualquer directiva que nos venha indicar a que horas respirar... Tudo o que é de mais é moléstia e isto de andar sempre de cócoras face à UE chateia-me, enjoa-me, dá-me ganas de ir a Bruxelas e mandar aquela gente dar uma volta. Por aquilo que sei, para nós, até o "sacana" do velho FMI é bem mais meigo e menos cruel. Com amigos europeus como aqueles, tenho vontade de ir para outro lado, mas não quero renegar o meu País. Este é muito maior, até no seu passado, que toda esta gentinha que tem a mania que manda em tudo. Em mim, ser livre e irreverente, não!... Volto ao início: tenho medo, muito medo, das más notícias que nos chegarão depois do almoço... Mesmo assim, vou tentar esquecer isso, pelo menos, nessa hora da refeição, porque, caso contrário, posso piorar a situação com uma qualquer indigestão... E isso é não me apetece, de todo...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Setembro negro e seco

Estando o Verão a acabar e o Outono a chegar, esperava eu que tivesse vindo um pouco mais de chuva. Sabendo que quase tudo o que se come vem da terra e que à água se deve o milagre da vida, vegetal, ou animal, é natural que deseje que as nuvens não sejam avarentas, pelo menos, de vez em quando. Se, por hipótese, continuasse em Lisboa, talvez fosse mais uma daquelas pessoas que só vê na chuva o lado chato de ter de andar com um guarda-chuva, de meter o pé ( para ser bem educado) na poça, de receber uns pingos vindos de quem, ao lado, não caminha, corre apressado. Como essa não é a minha realidade, tenho pena de que não tivesse o chão molhado, as árvores e plantas regadas, os rios com mais caudal e outras coisas que tais. Continuando a onda do contraste entre aquilo que eu queria e o que me vem ter à mão, este mês de Setembro tem sido um desastre completo: aquele céu de S. Bento só trouxe fumarolas pretas, ventos agrestes, trovoadas secas, martelada da grossa e, de água criadora, nada. Azar meu, azar nosso. Com este sol, por estranho que pareça, por aquilo que dali vem só me apetece ficar em casa a carpir mágoas, a praguejar, pelo menos, para dentro. Assim foi desde o dia sete, quando o PM se lembrou de correr à vassourada a curta alegria dos trabalhadores, cortando-lhe, em anúncio, sete - estranha coincidência, dia 7 e 7% - pontos nos seus vencimentos. Aumentou esse mau estado de espírito, no momento em que VG veio agravar tudo isto. Houve um dia lindo, a 15 de Setembro com o povo em festa nas ruas e praças. Sol de pouca dura, porque, logo por essa altura, vi amuos de vulto na coligação governamental e, por mais que me apeteça protestar, cair o governo será o princípio do fim, uma espécie de bilhete para Atenas e isso é tudo o que não quero Se não gosto do trabalho desta gente, o que eu quero é que ali haja reciclagem da grossa, mas que se continue a caminhar... Agora, tenho uma vela acesa voltada para Belém, um nome que tem muito de místico e faz parte de todo o meu imaginário civilizacional. Tenho medo é de me enganar no nº da porta, ou encontrar o inquilino com quem quero falar em dia não. Mas que espero melhores dias, lá isso espero...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Folhas caídas

Caem as folhas da esperança/amarelecem no chão/Pisadas, uma a uma, aos montes/São filhas despidas/ Num Portugal moribundo/ Que seus filhos desorienta/ e não tenta/ emendar a mão/ Quando a árvore seca/ e o chão; fica atolado de folhas podres/ mau é o sinal: /é o estertor de Portugal...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Universidade do campo

Digo que gosto muito de conhecimento e que é este que faz girar o mundo. Tenho cá para mim que só ele deve preocupar quem pensa e faz educação, acrescentando-lhe os valores, a responsabilidade, a ética, a honestidade e outras dimensões que tais. Louvo, por isso, as ditas Universidades de Verão, mas vejo nelas uma lacuna muito vincada: enviesam esse mesmo conhecimento, que deve ser plural e aberto e despido de cargas partidárias. Mas, fora isso, é bem melhor do que fazer política com uma sardinha na mão e, noutra, um naco de broa. Tudo tem o seu lugar e o seu tempo. Por estas bandas de Oliveira de Frades, proponho uma outra ideia: uma Universidade do Campo, que estude a terra e seus usos, que potencie formas adequadas de organizar, por exemplo, a floresta de modo a não arder como tem estado a acontecer, que mostre como aproveitar conhecimentos ancestrais e os dinamizar, que faça compreender o valor da terra como meio de riqueza e de equilíbrio ambiental, que tem de ser encarada com muito juizinho, para se não estragar aquilo que de melhor temos. Também quero dizer que me recuso a aceitar uma certa ideia de divisão dicotómica entre os continuadores da habitabilidade destes territórios e aqueles que foram para as metrópoles, olhando agora para as suas origens como uma espécie de reserva museológica: por aqui há vida própria e modernidade e, com as acessibilidades,vai-se mais depressa a uma Biblioteca, um Museu, um Teatro que nesses grandes centros, onde anda tudo empanturrado de trânsito e empurrões. É este o desequilíbrio e velhos mitos que essa Universidade do Campo tem de ajudar a desfazer. Com pouca apetência para aceitar ditames vindos de fora, por ser filho de uma terra, um couto criado por D. Afonso Henriques,logo, habituado a viver em autonomia, não digo nada disto à Troika. Quero é que essa gente vá de abalada!... Guardo este segredo, o da Universidade do Campo, cá bem para nós. É assim mesmo: se têm a mania que mandam em toda a gente, enganam-se: para cá do Caramulo mandamos nós. E mandaremos sempre.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Troika: bem vinda? Nem por isso

Aqui, por estas minhas bandas de Oliveira de Frades, temos um lema: quem vier por bem, entre. Dessa forma singela e pura se abrem portas, se convida, implicitamente, toda a gente a entrar em nossas casas. Em boa onda, até pode haver um naco de broa, uma lasca de presunto, duas azeitonas e um copito de vinho. Nada disso se nega a ninguém. Mas, temos de o confessar, é-se muito cioso em termos de amizades, ou desse espírito de bem receber: se se desconfia de que essas visitas trazem água no bico,melhor será nem ter a veleidade de se abeirarem da porta, que algum arrocho pode entrar em acção... Um exemplo: não se gosta muito de gente que tem a mania de querer saber tudo e até, muito menos isso, mandar em casa alheia. Nesta ordem de ideias, a Troika, aquela malta de mala na mão e com a cabeça cheia de números e vazia de humanismo, ou de uma visão política e social que ponha as pessoas no centro de tudo, em detrimento de seus cifrões, negros e cegos, não tinha direito a qualquer passaporte nem visto de entrada. Nem a um vulgar e popular copo de vinho. Nada. Melhor fora que nem tivesse saído de seus refastelados e chorudos cantinhos, que, por aqui, são presença non grata. Pronto: não gostamos de que venham para nos ditar leis, ordens, avisos, puxões de orelhas e outras coisas que tais... Que nos emprestaram dinheiro, quando alguém nos conduziu a uma seca dieta de pão e água, isso é verdade. Mas essa gente representa também aquela casta de pessoas que, se dão um pão, querem logo uma fornada e o próprio forno em troca. Cobrando elevadíssimas taxas de juros, que nos atrofiam tanto como a dívida real, dão-se depois ao luxo de nos venderem suas máquinas e marcas, tendo eles (Alemães e C.ia) acesso à massa a juros negativos. Estranha solidariedade é esta! Com amigos destes, venham mas é a nossas casas os inimigos!... Numa Europa destas, sem qualquer ponta de solidariedade, dificilmente nos governamos. Que Deus nos livre desta embrulhada, para ver se conseguimos endireitar a cabeça!... Troika? Querendo vê-la pelas costas, é da sua partida que ficamos à espera, nunca da chegada. Apre, que isto é demais!...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Regressar sem partir

Depois de um arremedo de "férias", com todas as aspas e mais algumas, aqui estou, de novo. Trago no peito a ânsia de escrever muito. Mas já sei o que vai acontecer: este é um caderno que se abre poucas vezes. E, noutras, alturas, nem me apetece falar. Empanturrado com carradas de informação, o difícil é seleccionar aquilo que interessa. Crivada, pouco fica no cimo desse instrumento de escolha e limpeza de cereais. Mas há mais: - Não quero falar de desemprego, porque, tendo alguns meios de sustento, nem sei como abordar um tema que cheira a dor, sofrimento, carteira vazia, desânimo, desespero, revolta... - Não quero meter-me com o Governo, porque já sei que vou levar porrada, ainda que com luva branca: sei que o Orçamento de Estado para 2013 ( um ano que, até pelo número, tem tudo para ser azarento)será de mais miséria, de mais aperto para esta mártir classe média... - Não quero avançar por essa nossa Europa fora, porque, por lá, ninguém se entende e os discursos são cópias de outros que já li, vezes sem conta... - Não quero pensar, sequer, que nos vão tirar as Juntas de Freguesia e os Tribunais... - Não quero falar nas eleições nos Açores, porque sei que a disputa maior é a dois... - Não quero comentar o Gordon, porque, meiguinho q.b, passou, ali por aquele arquipélago e, felizmente, não fez grandes estragos, até porque a malta da Protecção Civil se portou bem à altura dos acontecimentos... - Não quero cruzar-me com o Relvas, porque teria de lhe dizer duas ou três coisas bem desagradáveis - aquela de que está sempre toda a gente a pensar e uma outra muito pior: a dos rombos que quer dar no poder local, mesmo a nível de nova legislação... - Não quero, aqui por Oliveira de Frades e Lafões, pensar em concelhos sem vereadores eleitos, antes escolhidos pelos Presidentes das Câmaras, facto que estendo a todo o país... - Não quero dizer o que penso disso, porque só me saem asneiras das grossas quando me vem à cabeça um disparate desses... - Não quero deixar passar esta oportunidade blogosferal sem enviar um abraço para quem, por falta de meios e vontade, nem sequer teve, ou pôde gozar férias... E isso é que é grave...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Um abraço para os Bombeiros de Figueiró dos Vinhos

Hoje estou triste: morreu um amigo, um Bombeiro Voluntário de Figueiró dos Vinhos, um irmão na solidariedade, que, durante cerca de 20 anos, honrou a farda de que tanto gostava. Partiu para mais um fogo e nunca mais voltou. Foi para aquele lugar dos verdadeiros heróis, onde estão colegas de Águeda, Armamar, Vouzela, Oliveira de Frades (aqui sem ser feita a devida justiça), e tantos outros mais, alguns caídos aqui bem perto, em S. Pedro do Sul... Rendo-me perante sua memória e envio aquele meu abraço, sempre solidário, sempre tão pequeno para quem tanto de si deu a toda a sociedade. Até sempre!...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Minas de volfrâmio aqui por perto

- 1 - Nos últimos dias, esta nossa região tem sido bastante falada, porque, ressuscitando uma velha prática económica, a da actividade mineira, que, em anos de guerras mundiais, foi subsolo que converteu pedras em notas de conto, a rodos, agora pensa-se, de novo, em aproveitar as Minas da Bejanca, no concelho de Vouzela. Para esse efeito, o Ministério da Economia e a empresa Mineralia assinaram um acordo em que se movimentam dois milhões de euros para prospecção de volfrâmio, estanho, ouro e cobre. Se atendermos aos factos das décadas de trinta a cinquenta do século passado, há por ali muito material. Nesses anos, foi tanta a sua abundância que ali se constituiu uma comunidade de milhares de almas, com GNR, serviços e equipamentos sociais e desportivos, havendo mesmo uma tal ostentação que, no nosso imaginário, muitas histórias de dinheiro aos montes são contadas: uma delas diz-nos que se chegavam a fumar notas de mil, outra que os ocasionais mineiros, de bom fato, de camisa gomada, de caneta de ouro no bolso do casaco, bem à mostra, por aqui se passeavam e não sabiam escrever ou ler uma letra do tamanho de um comboio. Dicas destas à parte, o certo é que a exploração mineira, na Bejanca e arredores, em S. Pedro do Sul, em plenas Serras de S. Macário, da Arada e outras, foi poço de fundos financeiros e económicos de uma grandeza muito acentuada. Foi tal a sua importância que o Governo de Salazar, a jogar às escondidas, ou a cumprir acordos com os Aliados, fez do volfrâmio, deste que daqui saiu e de outro com origens diversas,uma forte moeda política e uma cartada que nunca deixou de utilizar para atingir os seus objectivos. Sabendo-se que, então, o uso destes minérios teve fins trágicos, os de uma guerra sem tréguas e sem "lei", sendo utilizado por ambas as partes beligerantes, agora espera-se que daqui saia o material que sirva para fins muito mais pacíficos e úteis à humanidade. Saúda-se, por isso, esta iniciativa, desejando-se que se passe da prospecção aos trabalhos de exploração mineira, que, ali na Bejanca, ainda se nota quanto essa actividade teve de eco e proveito. Por ali ser visível uma parte das estruturas desses tempos e a respectiva torre, que estes vestígios venham a ser preservados como memória de uma época que, não sendo boa, a nível mundial, não deixou de existir. E as memórias devem ser estimadas, por mais que nos doam... - 2 - Na minha terra, Oliveira de Frades, a recolha de lixo (re)começou a ser feita pela Câmara Municipal, depois de anos a cargo da Associação de Municípios do Planalto Beirão. Boa medida? Como S. Tomé, não há como ver para crer, mas... A ver vamos...

terça-feira, 24 de julho de 2012

Incêndios e bombeiros

Nasci assim e já não mudo: tudo o que é ajuda ao próximo, em termos de combate a fogos florestais, tem uma marca registada, a dos Bombeiros Voluntários, a que se juntam uns tantos populares e uns mirones. O resto, isso de Protecção Civil, e, mais, de Autoridade Nacional da Protecção Civil, cheira-me a estado a mais e solidariedade cívica a menos. Gosto muito mais, que me perdoem esses amigos, da gente do meu Quartel, o de Oliveira de Frades e de todos os outros que se espalham pelo País. Não tenho culpa disso. Nasci assim e já não mudo, a esse respeito. Já agora, quero homenagear o José Vaz, de Paranho de Arca, que morreu em pleno incêndio e que as Companhias de Seguros, muito injustamente, nunca olharam para sua família com o respeito e a consideração que lhes é devida. Quero também relembrar o António Cortinhal, de Vouzela, que faleceu, há dezenas de anos, num fogo em Oliveira de Frades, onde tem um pedestal em sua memória. Quero abraçar as dezenas e centenas de Bombeiros que, por todo o lado, perderam a vida ao serviço desta tão nobre causa: em Sintra, em Águeda, em Armamar, em S. Pedro do Sul e por aí fora. Mas desejo, sobretudo e agora, pedir aos Governantes que olhem para esta gente com mais coração e com muito mais razão também. Que colaborem com eles nesta sua e nossa luta e que façam erguer bem alto o seu ideal de uma solidária "Vida por vida". Dito de outra forma: que se valorize mais o seu papel e se diminua o de quem por aí anda, mais como profissional do que por vocação. Em resumo: que a ANPC tenha o seu lugar, um outro, mas que se não meta na vida de quem sabe de fogos - os Bombeiros Voluntários, ponto final.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Sou da capital do frango do campo

Nascido em terra de afamados peixeiros, mais concretamente, de sardinheiros, essa gente do litoral que, então, aqui buscou refúgio e criou prosperidade, a todos os níveis, vi-me, na década de sessenta, entalado - e bem - numa nova proposta e aposta económica, a avicultura. Passo a passo, esta terra, antes do boom industrial - outra visão de rasgo estratégico e muitos proveitos - foi conquistando espaço e divulgando essa mesma actividade, o que aconteceu também por Lafões, a ponto de, nesta região, terem prosperado dois afamados colossos desse mesmo ramo: a Uniávila, em Oliveira de Frades e a Cooperativa Agrícola de Lafões, em Vouzela. Uma e outras destas instituições vieram a sucumbir, décadas mais tarde. Mas, uma e outra, deixaram sementes e o mundo continuou, talvez até com mais garra e sustentabilidade. Hoje, quando Oliveira de Frades foi "declarada" Capital do Frango do Campo, por acção da Campoaves, uma filha indirecta da citada Uniávila, sinto que esse esforço todo valeu a pena. Obrigado a estes meus conterrâneos, que assim souberam aproveitar uma área de negócio que tem feito escola e permite cursos (?) sem fim para quem anda nesse ramo. Já agora, entre esta alegria, sinto uma enorme tristeza por ver as minhas freguesias a serem engolidas nesta voragem política que não tem nem rei nem roque. A última AM de Oliveira de Frades, ao ter deixado partir Sejães e Souto de Lafões, teve uma atitude que não me agrada, apesar de não contar para nada a esse respeito. Adorei a posição firme e muito digna do Presidente da JF de Souto, esse jovem professor, meu colega, que tudo fez ( até assumir que punha o seu lugar à disposição para Souto continuar a ser independente... )para não deixar cair a sua terra. Assim é que é, António Zé!... Querem que vos diga mais: reforço a minha ideia . Nenhuma AM deveria dar trunfos a quem quer que seja. Uma só posição admito: nada dizer. Quem vier desfazer isto tudo, que se assuma e não se apoie nestas decisões de meia tigela. Ao Governo cabe seguir o seu caminho e se este passa por dar cabo das freguesias, para poupar cerca de 6.5 milhões de euros (para já, que amanhã até pode perder... ), que opte por isso. E depois ver-se-á o que vai acontecer. Cada uma de nossas terras tem o dever de ser solidária com as demais. E os autarcas muito mais!... Um abraço, Tó Zé!...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Miguel, ajuda Passos Coelho

Meu caro Miguel! Esta carta aberta tem uma missão especial: pedir-te o sacrifício de saíres, com urgência e sem estrondo, deste nosso Governo, que já lhe colocaste lama que chegue. O Pedro Passos Coelho, teu amigo do peito, já nem dorme duas horas seguidas, tantos os pesadelos que lhe estás a causar. Há dias, acordou estremunhado, pegou no computador e só te não enviou um email de despedida, à francesa, porque, ele próprio, teve medo das "escutas". Recuou a tempo, porque, caso contrário, poderia ser chamado à pedra por se estar a meter contigo e isso não é tarefa fácil. Olha, Miguel, a Universidade Lusófona e tu mesmo, arriscam-se a levar uma carrada de processos, porque quem por ali anda e andou sente-se injustiçado com a forma como conseguiste o teu canudo. Porra, se há gente que trabalha no duro e ali vai para se enriquecer em matéria de conhecimentos credíveis, é justo que, agora que toda a gente deixou de bater na Independente do Sócrates para se virar contra esta tua, a Lusófona, minha também, mas em jeito muito sério e com grande esforço, bem está no seu direito de pedir indemnizações a uma Instituição que se deixou ir na tua onda sedutora... Desculpa lá, Miguel, mas isto incomoda-me e tenho um azar danado em me cruzar com tanta coisa onde estás metido: votámos os dois no mesmo Partido, alinho a minha vida com o jornalismo e tu até me podes telefonar (que te não ligo patavina) a mandar-me calar, queres dar cabo das autarquias e eu já por lá passei - e com muito orgulho! -, não pedes à Ministra da Justiça para se deixar de atirar tribunais ao charco, e continuas de pé, aí no teu Ministério, aquele que devia dar o melhor dos exemplos, por seres Adjunto e tutelares (?) o Parlamento...Isto é que me dá cabo dos miolos... Já vi: o PM não te manda embora, porque tem medo. Tu não sais, porque ainda não olhaste bem para ti, de modo a tirares a conclusão das óbvias conclusões: sair do Governo e ires para o Ribatejo, meses e anos, em retiro profundo. Relvas és tu, mas estás muito longe da dignidade daquele que, em 5 de Outubro de 1910, da varanda dos Paços do Concelho, de Lisboa, proclamou a nossa querida República. Poupa-a, Miguel! E não dês cabo deste Governo, destroçado já, de Passos Coelho, agora que ele tem tanto a fazer para remediar aquilo (de bom) que o Tribunal Constitucional lhe fez... Miguel, põe-te a andar, que estás a mais nestas carruagens. Desculpa lá, Miguel, que assim fale, mas eu quero, ainda dar um segunda oportunidade, ao meu ( e teu ) amigo Passos Coelho... Poupa-o, se és homem!... Desculpa, mas nada mais tenho a dizer-te, por ora!...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Vale a pena um esforço conjunto

Nos últimos dias, a propósito da tão falada ( e muito contestada, inclusivamente por mim próprio) reorganização administrativa, começam de surgir perigosos sinais de viva crispação interna partidária, o que só facilita a tarefa de quem não quer deixar de dar esta estocada nas nossas freguesias. O concelho de Viseu, o de Vouzela, aqui tão próximo de mim e onde me sinto tanto ligado também, e outros estão a deixar vir ao de cima a guerrilha de pacotilha, quando não de falsos e bacocos protagonismos, o que põe em causa toda a luta que se tem vindo a travar. Essa decisão de colocar em cima da mesa autarquias a abater não lembra nem ao diabo... Como opinião muito pessoal, saída daqui da encosta sul da Serra do Ladário, no município de Oliveira de Frades, tenho uma ideia muito clara: nenhuma Assembleia Municipal deve colaborar nesta operação, aliás, no seguimento das tomadas de posição da ANMP e da ANAFRE, que recusaram fazer parte de qualquer estrutura ou comissão a esse fim destinadas. Se aplaudo esta clarividência de atitudes, deixando que outros, os que estão em Lisboa, cortem a seu bel-prazer, arcando com as consequências desse seu monumental erro, penso que é hora de as AM seguirem o mesmo caminho - não dar qualquer passo nesse sentido. Mas, por aquilo que vejo, leio e ouço, anda para aí muita mistela pelo meio e há gente que está a dar tiros nos pés, não de pistola apenas, mas de rajada. Assim sendo, nota negativa para as AM de Vouzela e Viseu e outras que tais... Já agora, um forte abraço a quem foi a Lisboa, ao Terreiro do Paço, para dizer à insensível Ministra da Justiça que o seu mapa judiciário é uma ofensa a esses 54 concelhos e, a nós, por aqui, em particular, quando vemos anunciado o desaparecimento dos Tribunais de Sever do Vouga, Oliveira de Frades, Vouzela e Castro Daire. Depois, para estragar ainda mais a sua má pintura, aquela recusa em receber estes legítimos representantes das nossas comunidades é de bradar aos céus e pedir a Deus Nosso Senhor que lhe ensine o único caminho possível - o da saída, já, do cargo que ocupa. Não nos venha, sequer, com a treta dos apeadeiros da justiça local, que isso é conversa fiada e um logro pegado. Ou Tribunal em cheio, ou nada... Ainda há tempo, numa e noutras destas situações: pare-se com estes desmandos, para evitar males maiores...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Apoio a ANMP

Estou em total acordo com a ANMP - Associação Nacional de Municípios Portugueses - nesta sua luta contra a lei que quer fechar tribunais e pôr a justiça mais longe dos cidadãos. No meu caso, natural de Oliveira de Frades e casado com uma vouzelense, tenho de aplicar as minhas energias em dobro: participar nas contestações que vierem a surgir em cada um destes concelhos. Estou pronto para isso. Aproveito para oferecer os meus préstimos à citada ANMP, no que diz respeito a uma de suas ideias, que é a de entregar este caso, uma afronta vinda de Lisboa e de uma Ministra que é advogada na nossa capital, aos Tribunais europeus. Certíssimo: se, cá dentro, nos tratam assim, partamos para outras instâncias, que aqui não nos governamos. Depois, muito gostaria de poder estar nas previstas manifestações em Lisboa, quando elas forem aprazadas. Vou ver se tal será possível. Como a ANMP propõe que, em cada terra afectada por esta medida, se caminhe para protestos locais,lá estarei ao lado de quem quiser assim manifestar o seu desagrado. Contem comigo, que, aliás, passe a modéstia, tudo tenho feito, na área de actuação que tenho mais à mão, a escrita, para malhar nestas intenções. Quem assim quer proceder, ainda não viu que, atrás de cada tribunal fechado, é mais um restaurante que não vende refeições, uma papelaria que não escoa jornais, uma sapataria que não vê sair os seus sapatos, um médico que não tem doentes e só fica o cangalheiro com mais trabalho: além das pessoas, tem de enterrar a terra vazia, estéril, sem vida. Só esta visão sistémica pode salvar as nossas povoações do interior. Como a Ministra da Justiça pensa curto e só vê - mal - o seu quintal, que seja o Primeiro-Ministro a dar o murro na mesa, dizendo para se parar com tudo isto, esta política de desertificação que me arrepia e horroriza. Bolas, é demais!...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mais um Tribunal para fechar

Esta gente que manda já tinha dito que o Tribunal de Oliveira de Frades iria encerrar portas. Agora, fala-se em que Vouzela vai ter o mesmo triste destino, o do cadafalso. Com isto, põem a Justiça num cepo e lhe cortam a cabeça. Vejamos: de Ribeiradio a Oliveira de Frades são bem mais do que 20 Km; de Varzielas, outro tanto; de Destriz talvez a mesma coisa; de S. João da Serra, para lá se caminha. De Oliveira de Frades a Vouzela são oito Km. De Alcofra a Vouzela são para aí também perto de 20 km; de Fornelo do Monte, outro tanto; de Queirã, também uma carrada deles. De Oliveira de Frades a S. Pedro do Sul são 15 km de distância; de Vouzela a SPS, mais ou menos uns 8km. Nestes três concelhos habitam cerca de 45000 almas. Muitas delas, idosas, vivem com parcos recursos. Foge-lhe a Saúde, escapam-se-lhe os Serviços Agrícolas e agora, preto no branco, apontam para um único Tribunal em S. Pedro do Sul. Estes mandantes estão tontos. Só assim se compreende que cometam tantos atropelos à dignidade das pessoas, a quem roubam mais um direito fundamental - o do acesso à Justiça. Esta é hora de descruzarmos os braços e ir para a luta: chega de desaforo em termos de esvaziamento de nossas terras. Basta!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Umas Secretas de meia tigela

Estou envergonhado: nem as Secretas são o que deveriam ser - secretíssimas, eficientes, educadas, não perversas, não misturando o interesse verdadeiramente nacional com o privado, ou com jogos de poder inconfessáveis. Estou perplexo: por não gostar de ver gente da política cimeira metida em alhadas, por mais que me custe dizê-lo, está na hora de tudo se aclarar e, se assim não acontecer, fica-me uma eterna dúvida, (?)a de que esta gente não merece comer as papas de um qualquer ministério, nem andar de carro público com motorista, nem ser "dono" de qualquer lugar de responsabilidade. Se se recebeu uma qualquer mensagem de vulto e se lhe deu resposta, algo vai mal por essas bandas. Estou banzado: esta gente está a trair o melhor dos capitais pessoais que se possa ter: o da confiança. Puf!... Assim não vamos a lado nenhum e cada vez nos afundamos mais. Basta! Basta! Basta! Já agora, como prémio de consolação, que da França de Hollande venham novos e mais arejados ares para a economia europeia e para a nossa, que pede ajuda por tudo quanto é sítio. E que da Grécia regresse o sossego e a calma, depois de se ir, de novo, a eleições. Estou lixado: com a marcha do desemprego a correr à Carlos Lopes, não sei onde é que vamos parar. Estou revoltado: não param as leis que querem minar o cerne do poder local - as freguesias. Estou apreensivo: o meu país ameaça ruir. Estou aflito: não vejo nenhuma luz ao fundo do túnel e as lâmpadas estão mesmo apagadas. Estou com tremores: Portugal não é a terra com que sempre sonhei e os nossos filhos não têm o apoio que deveriam ter. Estou em pose policial: vão-nos aos bolsos, todos os dias, e não sei para que esquadra seguir. Resta-me uma esperança: a força do Além, se vier até este nosso aquém...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Manifesto pessoal e intransmissível

Ao ler o último Manifesto da Associação 25 de Abril, deu comigo a pensar desta forma totalmente pessoal, minha e de mais ninguém: em tese, muito daquilo que ali é dito tem a minha concordância. No conteúdo e até na forma, revejo-me em vários passos daquele texto. Tanto como aquela gente, de farda despida, eu que a trazia vestida no 25 de Abril de 1974 e andava em zona de guerra, lá muito longe, em Moçambique, também acho que há miséria a mais, desenvolvimento a menos, falta de bom senso político, más medidas tomadas há anos, aí há cerca de 38, tantos são aqueles que nos distanciam dessa data histórica, mas deixo de pensar como esses militares - que muito nos deram - no momento em que abandonam o barco da democracia, que eles próprios, honra lhes seja, fizeram despontar. Quanto a esse ponto de vista, estamos confessados: no melhor pano cai a nódoa e esses obreiros do 25 de Abril acabaram por estragar parte da muita consideração que por eles, confesso,tenho. Em vez de atirar a toalha ao chão e fazer birra, vou continuar no meu postito de antigo furriel MILICIANO, que saiu do Continente, de Oliveira de Frades, mais concretamente, e aí foi até à inesquecível Madeira e ao saudoso, apesar de tudo, Moçambique. Ao todo, foram mais de três anos de farda verde, mas não me arrependo de ter respondido positivamente à chamada que a Nação me fez. E, agora, quando ela continua a precisar de mim, aqui, aqui e com a minha querida DEMOCRACIA - que veio, em grande parte, de quem hoje assim fala - estarei de pedra e cal. Devo acrescentar que votei no partido maior desta coligação governamental e que não concordo com muita coisa - asneira - que está a ser feita. Desta vez, sinto que sustento um Governo que teve a minha adesão eleitoral, Mas já fui derrotado e governado por quem não teve a minha aceitação. Só que, assumo-o frontalmente, posso dizer que tenho uma qualidade que essa gente da citada Associação deixou de ter: sou DEMOCRATA até à medula e não renego essa minha costela. Aliás, acho até que é das mais sãs e puras. Comigo, o 25 de Abril, oficial e popular,pode contar. A terminar: enjoa-me este discurso de quem se sente dono do legado do 25 de Abril. Eu não: tenho, pelo contrário, a ideia que ele tem uma dimensão universal. Pelo menos, portuguesa. E, por isso,ninguém tem o direito de amuar se os tempos não correrem como queremos. Fica no nosso voto, e só nele, a possibilidade de mudar tudo e recomeçar de novo. NOTA: no que diz respeito às caturrices do Dr. Mário Soares e do Dr. Manuel Alegre, que lhe façam muito bom proveito. Vê-los agora do mesmo lado da contestação é até engraçado... VIVA o 25 de Abril. O de todos. Não aquele que estes militares querem só para si.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Semana Santa com crise pelo meio

Para quem vive a quaresma como uma tradição que se não perde, facilmente chega à conclusão que não há maior sacrifício que vivê-la todos os dias, fruto desta crise que está a dar cabo de nós. Aqui, na encosta da Serra da Ladário, concelho de Oliveira de Frades, ela chega sob a forma de descontentamento com tanta tentativa para segurar as contas públicas e deixar cair a economia. Com uma dinâmica Zona Industrial, agora novamente em fase de mais uma requalificação, muitas são as unidades empresariais de sucesso reconhecido, como a MARTIFER, a Pereira e Ladeira,a Portax/Iberoperfil, a Jacob Rohner, as Rações Classe, entre tantas outras, mas não deixam de existir aquelas que sofrem esta crise de uma forma acentuada, até porque a Banca, e aqui há oito agências, fechou demais as torneiras e apertou as porcas de uma maneira atrofiante e impeditiva de se trabalhar em prol do desenvolvimento regional. Com esta postura e o Estado a sacar quanto pode e quanto não devia fazer, tememos que esta actual quaresma ainda não seja a pior. Com o consumo interno a fazer uma via sacra a pão e água, não há produção que resista: lançar para o mercado novas e velhas ideias pode muito bem ser deitar dinheiro fora, pela janela, pelas portas e por tudo quanto seja saída perigosa. Dizem-nos que vender ainda se consegue um pouco, mas a principal dificuldade está em receber e até o citado Estado tem a fama de grande caloteiro, que até se abotoa com o dinheiro dos outros: recebendo o IVA a tempo, não o restitui quando deve, isto é, queima todos os prazos, abusa de um poder desmedido e sem limites e, com isso, arrasa tudo quanto seja empresa. Num universo de PME e micro, micro empresas, estes caminhos enviesados são mais uma machadada nas suas aspirações e uma forma de anular todos os esforços que estão a ser feitos. Por tudo isto, para quem tem quaresma todos os dias, aqui deixamos um pedido ao tal Estado:confesse-se e arrependa-se do que anda a fazer, antes que todas as sirenes toquem e não haja INEM para nos acudir. Mesmo assim, para todos uma Feliz Páscoa, como quadra para a ressurreição que todos ambicionamos. Dizem que pode haver, em 2014, retorno dos 13º e 14º meses que têm sido retirados a muita gente. Como parece sr grande a esmola, o pobre desconfia. Mas, ao menos, já se fala nisso, o que não é mau sinal...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dívidas dos municípios

Aqui está um tema que pode ser aproveitado de muita maneira: serve para demonizar o poder local, a maior alavanca de desenvolvimento público com um rácio de menor gastos em relação ao Estado central, o que prova a sua eficiência, ou para dar razão àqueles que querem pôr em causa esta fatia importante da nossa organização administrativa. Sei do que falo: pode haver autarcas esbanjadores e até inconscientes, mas a grande maioria tem obra séria, muito trabalho e dedicação à causa pública. Há dívidas e são grandes? La Palisse diria que sim e não se enganaria. E eu confirmo-o. Algumas delas são preocupantes? Outra verdade. Há Municípios a caminho da quase insolvência? Disso não tenho dúvidas. Agora, uma verdade, a verdade tem de vir ao de cima: importa saber-se quem é quem no meio desta barafunda de números atirados para o ar, de modo a ver se essas teses vão colar num pretendido discurso derrotista, numa narrativa que visa denegrir estes agentes activos da democracia, os autarcas de proximidade, que não se refugiam nem no Terreiro do Paço, nem noutros labirintos de um poder sem votos, de um exercício de influências que não sofre escrutínios e as Câmaras e Juntas passam pelo maior dos avaliadores: o povo. Aqui, tenho de dizer que estou preocupado com estas dívidas, mas temo muito mais aquelas que o poder central nem se atreve a pôr cá para fora, a nível de uma CP, uma CARRIS, uma e outra das empresas públicas e das PPP que engolem dinheiro como cerejas: atrás de um euro, vem outro e outro e outro, até ao infinito. Essa verdade também seria conveniente, se viesse, preto no branco, a lume. Está aqui quem, numa certa altura e com muito orgulho, contribuiu para pôr em ordem um certo Município. Por isso, esse alguém, que sou eu, sabe do que fala. Há dívidas, há. Mas muitas delas são perfeitamente controláveis. Agora, se há elefantes que podem partir a louça toda, diga-se quem são. Mas, por favor,não metam tudo no mesmo saco. Os autarcas merecem mais respeito e consideração e nem Miguel Relvas, nem ninguém dessa gente, pode pôr em causa, a nível geral, o bom nome do poder local. Nem devem andar para aí a querer miná-lo e minguá-lo. Há dívidas? Repetimos: há. Esconderam-se dados? Sim. Toda a gente? Mil vezes não. Que não pague o justo pelo pecador, que não se meça tudo pela mesma rasa!... Façam o favor de estar calados, muitos daqueles que só querem dar à língua para dar cabo das nossas autarquias.

terça-feira, 13 de março de 2012

Afinal, quem fala verdade?

Na pacatez deste meu concelho de Oliveira de Frades, que, por sinal, foi - e bem - contemplado com importantes obras de requalificação da minha queria ex-CS, as notícias de que, a nível geral, havia uma derrapagem na "Parque Escolar" na ordem dos 400% deixou-me com os nervos em franja e lá pensei: por ali vai ficar uma caixotaria, que os trabalhos, por sinal, bem visíveis,vão parar. O meu pensamento virou-se logo para a Escola viva-morta e para a muita gente que ali opera, mormente em regime de sub-empreitada, com ligações a esta mesma zona. Confesso que tive medo desse terrível desfecho. E ainda estou com dúvidas... Acontece que o mundo da comunicação social, sempre a farejar material de interesse jornalístico e das redes sociais, lá pegou no Relatório da IGF - Inspecção Geral das Finanças - e parece que descobriu que a realidade não é assim tão negra. Começo de ficar um pouco mais descansado e já prevejo que, afinal, as obras têm de (e devem) continuar. Dizem as entidades que lavraram esse documento, de 135 páginas, que o desvio deve andar por volta dos 70% em cada escola - o que, sendo muito, não é nada daquilo que foi dito pelo Ministro da Educação, o das ciências exactas , a Matemática - e que tal se deve a imposições que apareceram depois de 2008, a saber: aumento da escolaridade obrigatória, passando-se de uma previsão de 800 para 1230 alunos por estabelecimento escolar e de uma área de 11,8 para 12,5 metros quadrados/aluno (se bem que, a nível de muitos e bons países, se esteja nos 9m2, adiante...); acrescem ainda novas exigências de cariz energético que tiveram de ser aplicadas; outras questões diversas. Aqui chegado - ainda que não tenha lido, afirmo-o, tal Relatório, pergunto-me, claramente: quem está a mentir e a tentar tramar a minha querida ex-CS, que me parecia que ia - e vai - ficar um mimo? Quem e porquê? Apoiante assumido deste Governo, esta questão, dita e vista assim, não me cheira nada bem. Nem a cobrança de portagens nas ex-SCUT, incluindo a nossa A25, nem os cortes havidos,nem a primazia das Finanças sobre a Economia. Resistente, por cá vou indo, mas, em Oliveira de Frades, exige-se que as obras da Escola prossigam, que o novo Centro Escolar - eu quero três, ou quatro - não seja uma miragem, que o QREN para aqui saiba o caminho, que não nos tirem o Tribunal e que, em suma, o Estado seja Pai e não um qualquer padrasto de má cara e pior coração. Pergunto, novamente: quem mentiu? E porquê?

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Foi-se o Carnaval

Pronto: com o fim do Carnaval, que ontem se assinalou, é hora de fazer balanços e um deles, a ressaltar de imediato, diz-nos que Pedro Passos Coelho, ao jogar forte no corte da tolerância de ponto, viu cair as suas acções da bolsa política por aí abaixo. Para compensar este trambolhão, só o ter dado a cara, em Gouveia, aos protestos que a sua visita ocasionou, conseguiu suplantar esta sua falha. Nesta folha do deve e haver, ficou empatado, mas tem de acautelar melhor as suas posições, em termos de futuro.Assim, muito embora diga o que não parece, ao afirmar que Portugal tem de se vergar todo para cumprir o Memorando da Troika, sabendo que, um dia, algo terá de mudar, deixa-se embalar pelas vozes que, nesse sentido, se vão ouvindo: UGT, troca de mimos entre os Ministros das Finanças de Portugal e da Alemanha, saga de António José Seguro, ecos do acordo assinado com a Grécia, etc. Agora, na boa tradição cristã, é chegado um tempo de reflexão, de um acumular de sacrifícios para merecer a ressurreição pascal. Só que, no caso de nossas contas e economia, não se trata de penar quarenta dias, mas temos carga para vários anos e isso é que dói a bom(?) doer. Por tudo isto, PPC e a sua gente, mais aquela que, sendo oposição, nos fez carregar esta pesada cruz, todos eles, em conjunto, têm a obrigação de nos fazer subir, para a glória que esperamos, este terrível Jardim das Oliveiras, que ofusca o Jardim à beira mar plantado. Se queremos esperar que a Troika, que por aqui anda, de novo, de caneta e papel na mão e de máquina de calcular em punho, que essa gente só tem números na cabeça, nos amenize a marcha das dívidas, que não o seu perdão ( o que cheira a País de tanga), temos de fazer bem o trabalho de casa. Mas este passa - e isso não é vergonha nenhuma - por pôr a andar a economia, dando o dito por não dito, isto é, repondo poder de compra na classe média, a fim de olear a máquina da produção e das vendas, activando o emprego, criando circuitos de fluxos financeiros, recolocando dinheiro vivo no dia a dia de nossos empresários. Desta forma, adiando prazos de pagamento, é hora de pensar em vir a dar o todo, ou parte, daquilo que foi retirado, em anúncio, mormente os 13º e 14º meses, ou acção equivalente. Medida estimuladora do consumo e da confiança das pessoas, servirá para fazer aquilo que o Governo tem deixado de lado: ao incidir apenas nos apertos financeiros, deixando a economia no fundo, sai-lhe o tiro pela culatra e é isso que se está a ver. Neste balanço quaresmal, assim pensei, assim o disse. E está dito.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Com a Grécia entalada, Portugal custa a soltar-se

Depois do acordo que a Grécia teve de assinar, mesmo que a ferro e fogo, aprestam-se a chegar ali mais de 130 mil milhões de euros, mais uma carrada de massa, que, entretanto, não dá para tirar aquela gente da miséria extrema em que se encontram. Por ali, a vida é dura e o horizonte está cada vez mais enevoado. Enquanto esta situação tem vindo a ser consumada, Portugal esforça-se por dizer que é diferente, que faz um bom trabalho de casa, que agora vai ser visto, novamente, pelos mangas de alpaca da Troika, que tem as contas nas lonas, mas em dia, que até é mais troikista que a própria Troika, mas tudo isto parece não chegar para sossegar os mercados, os credores e, muito menos, os especuladores. Modestamente, a receita é só uma: a Europa falar a uma só voz e assumir como suas todas estas pesadas dívidas e fazer-lhe frente em conjunto, com o BCE a ser motor e travão, árbitro e jogador. Enquanto assim não acontecer, as ruas serão de amargura e o futuro mais do que incerto. Por não sabermos nunca em que reino andamos, agora dizem-nos que as folhas de Fevereiro de vencimentos e pensões vão ser mexidas, para baixo, numa escalada dolorosa que já mete medo. Mas aqui, em Oliveira de Frades, tenho outras preocupações. O fim do regime especial das energias renováveis traz-nos engulhos de todo o tamanho: por sermos terra de um cluster a esse nível, em matéria de energia solar e eólica, tudo quanto se faça para dar cabo desse sector aqui tem ecos fortemente negativos. Esperando uma solução mais serena, desejamos que as energias alternativas por aqui continuem a passar, até em nome da sustentabilidade futura. Precisamos de investir hoje para ter um amanhã melhor, disso sabemos nós. Mas também o nosso agricultor sabe que, ao plantar um pomar, só tem dividendos anos depois. Mas toma essa atitude, porque sabe que só assim pode saborear fruta saudável e ter os terrenos aproveitados. Prever o futuro é mais do que um jogo de um deve e haver de merceeiro, é um passo de gigante a ir no sentido da sustentabilidade futura. E isso é que define os grandes homens - aqueles que pensam no amanhã, ainda que saibam que hoje pode doer um pouco!...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Quero o meu Tribunal

Vivo por aqui, nesta encosta da Serra do Ladário, no concelho de Oliveira de Frades. Sempre soube que poderia recorrer, se fosse o caso, aos serviços de justiça, em tribunal próprio, que tantas dores de cabeça deu aos meus antepassados. Na luta pela Comarca, foram muitas as lutas travadas, as traições sofridas, até ter chegado a hora de o Conselheiro José Maria Alpoim, nome que a nossa toponímia regista com agrado, a ter oferecido a quem tanto a pediu. Aconteceu esse feito, se a memória me não falha, nos primeiros anos do século passado. Convivi com o velho Tribunal misturado com Câmara, com Notário, com Registo Civil,etc, tudo isto num só edifício, que, restaurado há anos, serve agora como Câmara apenas e Biblioteca Municipal, esta por uns tempos, que está prestes a viajar para uma nova Casa, também recuperada, ali mesmo ao lado. Construído o novo Palácio da Justiça, na década de oitenta, ali ficaram o Tribunal e outros serviços. A terra cresceu, deu pulos de gigante, é hoje um espaço e um território com vida, com desenvolvimento. Mas, azar dos azares, é também lugar de serena vivência, porque, dizem os escravos das estatísticas, não tem mais de 250 processos por ano, em termos de estimativa. Como não se anda à paulada por dá cá aquela palha, o Tribunal, ao que parece, não tem vindo a entupir. Vai daí, quer agora a Senhora Ministra, que, a proceder assim, nunca ali vai ter nome de rua, nem flores à sua passagem, se por ali aparecer,fugir com o nosso Tribunal e mandar fechar as suas portas. Grande inJUSTIÇA vai cometer. Os meus conterrâneos querem andar para a frente, criando riqueza e desenvolvimento. A Senhora Ministra, pelo contrário, quer que a gente fuja a sete pés da terra que amamos, desertificando-a. Se é esta a nossa justiça, mal vamos nós. Ela leva-nos o Tribunal, se a deixarmos fazer esta malvadez. Outros já carregaram com os Serviços de Saúde, há anos, proibindo-nos de qualquer percalço pela noite dentro. Trancaram também muitas de nossas escolas. Agora, é a vez de tomarem de assalto o Tribunal. Uma pergunta, a propósito: que faremos nós aqui? E que futuro se quer para estas nossas terras? Pare lá com isso, Senhora Ministra. Ainda está a tempo de fazer uma boa acção. Esperamos, todos nós, que assim proceda, ou que alguém lhe puxe as orelhas. Se for por bem, não virá mal ao mundo se uma Senhora assim vir suas orelhas bem aquecidas. Nem que seja Ministra, ou talvez mesmo por isso!....

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Este 2012 vem cheio de ameaças

Quando o dia 31 de Dezembro se foi embora, meio sonhador, ainda tive uma ligeira esperança em que os sacrifícios pedidos a esta gente de Oliveira de Frades e de todo o mundo pudessem ser suficientes para tapar todos os buracos que por aí existem. Desiludi-me, de imediato. E agora é o Banco de Portugal, aquele que não quer cortar aos seus funcionários o subsídio de férias e o 13º mês, deixando de ser solidário para ser pavão, a dizer que pode ser necessário sacar mais dinheiro a todos nós. Se fosse Bordalo, sei o gesto que me apetecia fazer face a tudo isto. Como não sou, digo: porra, isto é demais! Mas a desconfiança que sinto, a dor que me corta o fôlego, é tanto maior quanto vejo o descalabro em que também anda o mundo dos valores, numa altura em que a dignidade pouco parece contar, confundindo-se grupos de pressão com instituições de decisões governamentais, misturando-se negócios com a obrigação de camadas mais débeis terem de suportar a megalomania de uma televisão que nos querem impingir para vender espectro disponível, sabendo que há zonas sem acesso à TDT, vendo-se que uns caminham, serenamente, como se nada tivesse de mudar, de posição para posição, enquanto outros fazem contas à vida e não vêem maneiras de escapar à tormenta diária de se verem sem pão e, até, sem rosto, porque começam de ter vergonha de entrarem em derrapagem forçada, a nível financeiro, por culpa de um Estado que está a desperdiçar a sua própria identidade: deixando de ser o garante da igualdade dos cidadãos, esvazia-se, resvala para o campo do descrédito e isso é o pior que nos pode acontecer. Sem ser adepto de um Estado absorvente e controlador, horroriza-me também um Estado que se está a marimbar para as pessoas, as suas pessoas, os seus cidadãos. Nem Hayek nem Marx, quero ficar no meio caminho, um pouco ao lado de Keynes. Sem olhar para um leste que se desfez, de dentro para fora, também não quero este liberalismo selvagem. Melhor dito: sei bem o que não quero - o mundo tal como está. Mas não sei bem o que escolher. Uma ideia tenho bem presente e que me não larga: gosto de um Europa que seja solidária entre si, que se abra ao mundo, mas que saiba fazer o seu próprio caminho. E esta União Europeia e Zona Euro que temos andam demasiado às aranhas para me servirem de alento. Numa palavra, esperava algo mais de 2012. Mas não vejo maneira de isso acontecer. Temo até que tudo piore...