terça-feira, 16 de outubro de 2012

Desesperado

Aqui, a Oliveira de Frades, chegam ecos negros de um Gaspar sem rosto. Ele fala e não se vê a cara: só as mãos a irem aos nossos bolsos. Naquela cabeça, não há seres humanos, há apenas folhas de contabilidade, não há sustentabilidade, há apenas o caminho para o abismo. Custa-me ver que este primo, inteligente, do inteligente Louçã, não saiba ver que está cada vez mais só. E eu tenho medo desse isolamento, dessa terrível vontade de ser dono de uma verdade, que é sua e só muito sua. Não é a do País em que vive e muito menos daquele de que tem, infelizmente, o leme das Finanças... Desesperado, peço a quem me queira ouvir, desde o Presidente da República ao Tribunal Constitucional, para que travem este carro desgovernado, sem travões, que arrasta tudo quanto seja rendimento médio, ainda que já muito débil... O PM, ou não quer ver, ou está hipnotizado. O líder do CDS mostra amuos, reúne de noite, mas cala-se. Os deputados da maioria estão amorfos perante este descalabro. A oposição contesta, contesta, mas não vai a lado nenhum. A rua não é, a meu ver, solução que me agrade, porque temo que, gota a gota, possa querer sair do copo e isso é tragédia maior. A Directora do FMI já deu um bom lamiré, o que muito me admira, batendo no peito, porque diz haver austeridade a mais e a destruir tudo. Durão Barroso, o nosso Durão Barroso, tarda em dar murros na mesa. Víctor Constâncio, o senhor do carcanhol, fecha-se em copas. E o povo, o nosso povo, definha, morre aos poucos e com este remédio-veneno fatal já pode encomendar o caixão. O meu país está de rastos. Quero levantá-lo mas sou pequenino e fracote. Mas, isso é certo, assim não podemos continuar. Às vezes, pensava: antes um mau Orçamento que Orçamento nenhum. Com a amostra deste, que se lixe: nem o posso ver, nem ouvir falar dele. Logo, que caia antes de nos fazer cair, ainda mais, a nós...

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