quarta-feira, 16 de abril de 2014

Texto de 2011, em "Notícias de Vouzela", válido hoje

Certezas, só as do tempo, agora de Outono Olho para leste, para a nossa Europa, onde nada ou pouco encontro, de novo, de seguro, de força para o futuro. Há anos, com o Dr. Manuel Porto e outros parceiros de caminhada, aprendi, em Coimbra, nos anos oitenta e noventa, em Estudos Europeus, que a então CEE tinha nascido para reerguer este Continente devastado por uma mortífera Guerra, a Segunda de âmbito mundial. Antes, aparecera a Comunidade Económica do Carvão e do Aço, por exemplo, como forma de gestão de uma matéria-prima que fora sempre objecto de discórdia e muito terror. Com essa medida, a França e a Alemanha viram-se sem mais um motivo do conflito. Depois, seguiu-se uma poderosa marcha, a partir dos seis mosqueteiros iniciais, rumo à União Europeia dos 27 países e à actual Zona Euro, com um pouco menos de adesões. Nesses tempos, havia políticos de uma enorme envergadura e a Europa, sonho e realidade, fazia-se, pedra a pedra, às vezes com cadeiras vazias, como aconteceu com Charles de Gaulle, mas com rumos definidos. Agora, quando as ameaças são também fortes, ainda que menos declaradas, falta-nos tudo: gente com capacidade de previsão e acção, líderes à altura dos tempos difíceis que vivemos, dinheiro que foge para onde não deve, vontade que começa a esmorecer, capacidade de resistência que estas incertezas, se não matam, amolentam, sem dúvida… Só assim se compreendem tantos adiamentos de decisões, mesmo que isso faça perigar uma série de países, uns em recuperação, Grécia, Portugal e Irlanda, outros à beira de percorrerem, porventura, tais e tão perigosos caminhos, como sejam a Espanha, a Itália, a Bélgica e por aí fora. Enquanto estas montanhas ameaçam também ruir – até agora foram aqueles pequenos montes!... – e nada é feito para travar o ataque concertado ao euro e às nossas economias, é hora de vir para a rua e gritar: ACORDEM LÍDERES EUROPEUS, que amanhã pode ser tarde, muito tarde demais, num irremediável abismo em que, se nada for feito em contrário, todos fatalmente viremos a tombar, sem apelo, nem agravo. Reunidos em Julho, salvo-erro, de novo, no passado domingo, amanhã (ontem) quarta-feira, há encontros a mais, gastos indevidos em deslocações e estadias e tomadas de posição acertadas a menos. Também aqui há que dar o exemplo que, internamente, se apregoa: mais eficiência e mais eficácia precisam-se. Não sabemos o que foi decidido ontem, quarta, mas tememos, pelo andar da carruagem, que tenha sido o pior: nada, ou pouco mais do que isso. Se assim foi, é cada vez mais incerto o nosso futuro e o de nossos filhos e netos que podem vir a ficar, prematuramente, órfãos de um projecto em que tanto (nós) temos acreditado. Se a Europa assim anda mal, por cá a saúde não é melhor. Logo, por hoje, este triste desabafo chega e sobra para mostrar o nosso estado de alma: uma lástima e está tudo dito!...De certeza, temos apenas esta (boa) chuva de Outono, um bálsamo que veio mesmo a calhar… Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Outubro, 2011, actual em Abril, 2014, ou ainda pior…

terça-feira, 15 de abril de 2014

Não digo nada: esta gente quer matar o 25 de Abril

Boa tarde, Amigos! Nestes dias, dando a minha costumada volta pelos jornais, pela comunicação social em geral e pelas redes sociais, sinto-me triste: há pouca elevação, em muitas situações, nas considerações que se fazem aos 40 anos do 25 de Abril. Em primeiro lugar, não gosto do açambarcamento que certa gentinha quer fazer desta data, quais usurpadores; posteriormente, também não vejo bem que os militares andem para aí cheios de fanfarronice e eu que sei que foram eles os obreiros da necessária e bendita Revolução de Abril; e, para finalizar, acho de muito mau gosto as tiradas da Presidente da Assembleia da República, uma espécie de menina-bem, quando, na recente polémica que a opôs à tropa, veio dizer que se "amanhem", ou algo do género. Também não aceito que o Dr. Soares,ex-PR, se atire ao Professor Cavaco, actual PR, nos termos em que o fez, dizendo que nunca usou cravos porque pertenceu ao antigo regime. Raios parta esta gente! Considero-me gente da gente de Abril. Fui militar em Moçambique, de 1972 a 1974. Participei, com vontade e gosto, numa espécie de levantamento de rancho em Tavira, em 1972. Contestei por dentro, estando lá. Nunca tive asilos dourados, há que o dizer. Entendo, por tudo isto, que o 25 de Abril é património nacional e que não pode ser assim nem abocanhado, nem usurpado como coisa própria, nem visto como arma de arremesso de revolucionários de meia tigela...É nosso, pelo menos assim o sinto... Raios parta quem o traz na boca, mas foi sempre gentinha de estufa!...

terça-feira, 1 de abril de 2014

Lágrimas de emoção na reintegração de trabalhadores da ASSOL na CM de S. Pedro do Sul

Hoje, logo pela manhã, o dia começou muito bem para seis trabalhadores, apoiados pela ASSOL, que eram funcionários da CM de S. Pedro do Sul, em projecto lançado em cooperação com o IEFP, há anos. Em 2011, esta entidade cortou os subsídios e o enclave fechou, com uma consequência trágica, o despedimento destas pessoas com deficiência. Hoje, repito, depois de muitas diligências e de processos em Tribunal, agora retirados, de uma nova lei de enquadramento, de múltiplas negociações, foi possível restituir a esta gente a dignidade de se sentirem úteis e felizes, trabalhando. Justificam-se assim as lágrimas vertidas no Salão Nobre, quando, após uma Conferência de imprensa, assinaram, de novo, os contratos para ali exercerem as suas funções. Grande dia este um de Abril, na mais grata das verdades para quem tanto precisa de apoios e, neste caso, de regresso ao local onde foram felizes, durante anos!...