quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Pinceladas sobre a cidade de S. Pedro do Sul

Nlafões14set17 S. Pedro do Sul, cidade e sede de concelho Nestas andanças por estas terras do concelho de S. Pedro do Sul, hoje vamos ficar pela sua sede, a cidade que bebe a água de dois rios importantes, o Sul e o Vouga, que se casam na zona do Lenteiro do Rio, um sítio de excelência, onde se vai perdendo uma construção monumental, que importa não deixar cair de todo, pegando-lhe pelas pontas até a reerguer, de novo, na medida do possível. Com as Termas por perto e como sua grande marca, a zona urbana citadina engloba a antiga vila e a também defunta freguesia de Várzea, hoje a fazer parte da União alargada ainda a Baiões. Com a cidade a ser criada em 12 de Junho de 2009, esta Sintra da Beira trepa pelos montes acima, mas não deixa de se ancorar nos vales dos dois cursos de água acabados de citar. Passa mesmo, em cada um deles, as suas margens, num caso para o Bairro da Ponte (Rio Sul), noutro para Negrelos (Vouga). São assim não fonteira mas ponto de união entre o vasto território desta sede de concelho e antiga freguesia, a contar com os povoados de Arcozelo, Azival, Bandulha, Cabria, Casal de Matos, Cotães, Cotos, Galifães, Louredo, Massarocas, Negrelos, Novais, Outeiro da Comenda, Paraíso, Pontão, Bairro da Ponte, Pouves, Ranhadinhos, Ranhados, Regueira, Ribeira de Cotães, S. José, S. Pedro do Sul, Taboadelo e Travanca. Em busca dados relativos ao seu povoamento, partimos apenas dos números que se cingem ao espaço referente à anterior divisão administrativa e não são, por sinal, muito animadores, tal como em muitos outros locais deste esquecido Interior português. Vislumbrou-se uma alteração positiva, a levar a população acima dos 4000 habitantes em 2001, mas esse foi sol de pouca dura. Vejamos então o que tem vindo a acontecer em cada contagem nacional desde o século XIX: ano de 1864 – 2440; 1878 – 2390; 1890 – 2532; 1900 – 2989; 1911 – 3101; 1920 – 3183; 1930 – 3502; 1940 – 3685; 1950 – 3693; 1960 – 3649; 1970 – 2343 (uma grande hecatombe em virtude das fortes migrações); 1981 – 3459; 1991 – 3790; 2001 – 4011 e 2011 – 3697, aqui se vendo outro preocupante sinal. Neste bailado demográfico constante, de dez em dez anos, descobrem-se picos positivos e outros de sinal contrário, infelizmente mais estes que aqueles. Nem o facto de se estar a falar de uma vila, agora de uma cidade, fez estancar perigosas tendências. E isto dá que pensar. É que sem gente não há massa crítica e sem esta as localidades não avançam, por mais esforços que se façam, caindo por terra boas ideias, iguais intenções e outras quaisquer medidas. Sabemos, porém, que individualmente o vime do molho que se não faz quebra. Esta é uma questão de políticas públicas nacionais e é do poder central que têm de vir as necessárias decisões e outros ângulos de visão. Pincelando agora tudo isto com uns retoques de história e património, tomando como fontes dois sampedrenses de boa cepa, Manuel Barros Mouro e António Nazaré de Oliveira, há em S. Pedro do Sul muita matéria para ser apreciada, aprofundada e divulgada. Em meia dúzia de linhas, apenas podemos ficar pela rama. Mas vamos a isso. Nas redondezas abundam provas de um longo passado desde a Cárcoda à Senhora da Guia e seus Castros monumentais. Das Termas, agora, finalmente, em recuperação, dos tempos romanos e afonsinos muito tem sido apregoado. Em S. Pedro do Sul, propriamente dito, topamos logo com a Quinta da Comenda, anterior à nacionalidade; com o seu papel na gestão bicéfala do concelho de Lafões em parceria com Vouzela; com o Levantamento de Arcozelo, 1635, que ajudou a minar e a destruir o poder espanhol (1580-1640). Marchando em direcção às nossas épocas, vemos que S. Pedro do Sul foi concelho em 1836, mas antes, a 28 de Junho de 1834, era assinado o Auto d’ Instauração e Restauração da Comissão Municipal da respectiva vila. Vemos aqui nascer figuras de relevo como a Família Casimiro, muito ligada à tauromaquia, como o poeta António Correia de Oliveira e muito mais recentemente como o saudoso artista David d’ Almeida, como o fotógrafo Homem Cardoso, como a Isabel Silvestre que, sendo de Manhouce, tem dimensão municipal, regional e nacional, e tanta outra gente. Em património, a Ponte do Rio Sul, no Bairro do mesmo nome, vem de 1625, o Solar do Marquês de Reriz, a Casa das Paulas (da família Correia de Lacerda), o Solar dos Condes da Lapa não fogem muito a essas épocas, sendo que o Convento de S. José foi fundado em 1751 para ser extinto em 1834 e para hoje albergar os Paços do Concelho. São de referir também a Igreja Matriz e a de S. Sebastião. Há ainda a destacar as Igrejas da Misericórdia e de S. Francisco e as Capelas de S. Bartolomeu, na Ponte, de Nossa Senhora do Livramento, em Negrelos, de Santa Eufêmia, em Arcozelo, entre outras. Indissociável destas terras é a Rainha D. Amélia e as suas então Termas, em finais do século XIX. Numa cidade com alguma dinâmica social, aqui se podem contactar, com peso regional, os serviços do IEFP, da Saúde, de duas associações de Bombeiros sempre em véspera de sua fusão que tarda em acontecer, para além das demais valências de ordem local aos mais diversos níveis, institucionais e empresariais. Ponto de chegada, tem esta terra muito para dar. Ponto de partida, deixa saudades. Ponta leste da Região de Lafões, cabe-lhe, em conjunto, uma missão a desempenhar, a de uma valente e sólida união de esforços para se ir mais longe e mais alto. Um por todos e todos por um, sem qualquer conotação, claro, clubística, é o caminho futuro a trilhar. Assim seja isto entendido por quem de direito. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 14 de Setembro de 2017

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