domingo, 19 de novembro de 2017

Poder de compra por concelho: pelo andar da carruagem, isto pode mesmo descarrilar...

Dados do Instituto Nacional de Estatística PODER DE COMPRA POR CONCELHO A MOSTRAR DURAS DESIGUALDADES O Interior perde sempre em todos os tabuleiros do desenvolvimento. Os recentes Indicadores per Capita (2015) atestam esta fria realidade De dois em dois anos, o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica uma série de dados que reflectem a saúde financeira e económica de cada concelho. Para esse efeito, analisa 16 varíáveis que permitem que venha a tirar algumas conclusões finais. Designado “Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio”, referente a cada um dos anos em análise, neste nosso trabalho vamos, a partir desses preciosos contributos, tentar fazer um retrato fiel de nossas terras. Com a credibilidade que o INE tem vindo a firmar ao longo dos tempos, com a fiabilidade dos números em questão, aqui não há especulações, mas uma ida ao terreno para verificar o que se passa. Só depois dessa operação minuciosa é que se colocam no papel as ideias finais. Logo, as comparações que se podem vir a fazer têm um bom lastro de veracidade e não oferecem grandes dúvidas. Olhando para os 308 municípios, são gritantes as disparidades e a divisão do país em perigosos escalões de desigualdades que nunca mais se conseguem estancar. Com células diversas e com pesos diferentes em cada região, notam-se já nestas valores que se distanciam uns dos outros, de acordo com características de cada um desses concelhos. Mas a balança desiquilibra-se totalmente quando se vêem os indicadores dos grandes centros, sobretudo Lisboa, e os do Interior. A este propósito, os valores com que deparamos são mesmo chocantes. Quando se fala numa desproporção de três a quatro vezes menos em muitas das nossas comunidades vistas à luz da capital, temos de constatar que algo vai muito mal em termos de políticas públicas e decisões conexas. Os dados Agora, em 2017, saíram os dados referentes ao ano de 2015. Nota-se a mesma linha divisória entre dois mundos, que, desde 2009 (ponto de partida para estas linhas de análise), se tem vindo a manter, ainda que com pequenas oscilações. Entre os vários pontos apresentados pelo INE, cingimo-nos àquele que nos parece mais significativo e de leitura mais fácil, que é dos Indicadores per Capita. Em geral, acima da média nacional só 33 em 308 concelhos é que atingem essa bitola e 147 apresentam valores inferiores a 75 pontos, o que é altamente lesivo da coesão nacional que se pretende alcançar. Numa curva descendente, que tem o seu cume na Área Metropolitana de Lisboa com 124, 7 pontos, seguem-se, por esta ordem, o Algarve com 95,2; Norte – 92,1; Alentejo – 91; Centro – 88, 8; RAM (Madeira) – 86, 9; RAA (Açores) – 86, 9. A uma escala mais detalhada, temos, cá para baixo, o Alto Tâmega com 69,9; Viseu Dão Lafões, 80, 3 e Ave – 84, 5. Agora, de modo a englobarmos as nossas terras, atendamos a estes dados (2015): Oliveira de Frades – 80, 54; S. Pedro do Sul – 68, 28; Vouzela – 64, 47; Tondela – 74, 07; Penalva do Castelo – 58, 59; Viseu – 95, 93 e Lisboa – 214, 54. Para uma melhor comparação em sede de evolução deste Indicador per Capita, vejamos o que tem vindo a acontecer desde 2009, deste modo: – Oliveira de Frades, 2009 – 76, 13; 2011 – 79, 47; 2013 – 83, 58 e 2013 – 80, 54 e 2015 – 80, 54 - S. Pedro do Sul, 2009 – 58, 40; 2011 – 63, 87; 2013 – 69, 53 e 2015 – 68, 28 - Vouzela, 2009 – 57, 33; 2011 – 60, 99; 2013 – 65, 77 e 2015 – 64, 47 - Viseu, 2009 – 93, 67; 2011 – 96, 11; 2013 – 96, 61 e 2015 – 95, 93 - Viseu Dão Lafões, 2009 – 72, 53; 2011 – 78, 05; 2013 – 81, 59 e 2015 – 80, 34 - Lisboa, 2009 – 232, 54; 2011 – 216, 88; 2013 – 207, 91; 2015 – 214, 54 Numa leitura rápida destes números, é salutar verificar-se que há uma tendência, ainda que ligeira, para uma subida em cada intervalo de dois anos, salvo entre 2013 e 2015, em que se desceu em todas estas unidades territoriais. Lisboa, como sempre, é um caso à parte: sem sair do topo, foi diminuindo um pouco de 2009 para 2013, mas daqui para 2015, contrariando o que aconteceu nos demais locais estudados, acabou por trepar quando os demais tombaram um bocadinho. Até neste pormenor, o Interior fica a perder. Em geral, leva uma triste abada, que tem de pôr toda a gente a pensar. E agir rapidamente e em força antes que o país caia nas profundezas do Atlântico tão desnivelado ele se encontra. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Novembro, 2017

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