sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Um retrato populacional de S. Pedro do Sul em 1527

S. Pedro do Sul em números Uma espécie de recenseamento com quatrocentos e noventa anos Nesta nação com perto de mil anos de existência soberana (tirando aqueles sessenta anos de 1580 a 1640 em que Castela nos governou), várias foram, em tempos idos, as tentativas para se saber quantos habitantes viviam no espaço português. Até mais de meados do século XIX (1864), esse objectivo nunca foi conseguido. Salvou-se o trabalho feito em 1527, o célebre Numeramento do Reino, mas mesmo este foi muito incompleto e cheio de incertezas e dúvidas. Começa, desde logo, por falar apenas em fogos (moradas), deixando para a interpretação a contagem das pessoas. Para este efeito, usa-se um duplo multiplicador, o 4 ou o 5 e isso pode fazer toda a diferença. Deste modo, há quatrocentos e noventa anos, produziu-se um estudo que, entre outros aspectos, teve, pelo menos, o condão de mostrar ligações administrativas e o nome de nossas terras, indicando ainda a referência aos tais fogos por lugar. Pegando neste documento, constata-se logo que, nessa época, os concelhos eram bem diferentes dos de hoje, sendo que eram muitos mais. Cruzamentos havia-os em abundância, se analisarmos povoação por povoação e verificarmos a que concelho pertenciam cada um desses povoados. Saiu-se de um lado para outro, ao mesmo tempo que muitas dessas divisões administrativas acabaram por cair, sobretudo no já citado século XIX. Adaptando a grafia à actualidade, citemos aqui alguns exemplos, bastantes, acerca dos nossos antepassados que habitavam o território de S. Pedro do Sul, deste século XXI, nas suas divisões internas. Vejamo-las (1527), tendo em conta que, para se ter uma estimativa do número de residentes, se deve multiplicar, como dissemos, por 4 ou 5: - Concelho de Sul – 156 (146?) moradores, assim distribuídos: Sul – 25; Oliveira – 14; Aveloso – 13; Adopisco – 4; Pisões – 9; Corpelha – 11; Amaral – 12; Lageosa e “Sea” – 11; Posmil – 7; Macieira – 12; Santa Maria – 17 e Póvoa de Fojães – 11. - Corpo da Vila de S. Pedro – 48; Negrelos – 14; Figueiredo – 14; Real – 6; Real/Fermil – 5; Monsanto – 3; Comenda de Ansemil – 1; Outeiro da Comenda – 3; Arcozelo – 12; Casal da Ribeira – 1; Taboadelo – 4; Cotos – 4; Cotães – 5; Galifonge – 4; Ranhadinhos – 2; Ranhados – 2; Vila Nova – 3; Travanca – 8; Louredo – 4; Mondelos – 7; Sacados – 10; Pouves – 9; Novais – 5 e Outeiro – 2. NOTA – A actual freguesia de Figueiredo das Donas (Vouzela) estava integrada naquele espaço. - Freguesia de Pinho – Moldes – 8; Pinhosão – 6; Igreja de Pinho – 3; Paços – 2; Pinho – 9; Sobral – 2; Pindelo – 10, Rio de Mel – 7, estes dois últimos povos, hoje, de Pindelo dos Milagres. - Figueiredo de Alva – Figueiredo – 13; Fermontelos – 3; Igreja – 2. - Santa Cruz – Sobrosa – 3; Burgetas – 3; Eiras – 8; Lourosa – 14; Landeira – 4; Vilarinho – 4; Salgueiro – 3; Bondança – 1; Gestosinho – 1; Gestoso – 3; Calçadas – 4; Manhos (?) – 3; Sequeiros – 2; Sernadinha – 4; Bordonhos – 1; Igreja de Bordonhos – 3; Lugar de Bordonhos – 17; Vilar – 3 e Figueirosa – 15. Engloba ainda a freguesia de Bordonhos. - Carvalhais – Germinade – 6; Torre – 6; Casal de Rendo – 3; Lugar das Barbas – 2; Sá – 13; Mourel – 21; Ramalinho – 2; Ramarel – 8; Carvalhais – 15; Vados – 7; Igreja de Carvalhais – 1; Paços – 3; Reguengo – 7; Pendores – 6; Póvoa da Rada – 1; Póvoa do Coro – 1; P. de Roçados – 1; P. das Bouças – 1; P. da Marroca – 1; P. do Pisão – 2; Candal – 8; Póvoa das Leiras – 4; P. da Coelheira – 4; Goja . 11; Gyosim – 5; Nespereira – 30; Quinta do Contador – 1; Lugar de Doude – 6; Vila Meã – 9. Nesta área, há uma boa dose de misturas de freguesias, incluindo-se Candal e, eventualmente, outras mais. - Várzea - Póvoa da Lameira – 1; Quinta de Drizes – 2; Lugar de Drizes – 6; Mais aí – 3; Adro e Carvalhal – 5; Quintela – 2; Lugar de Avocães – 2; Quinta de Canhões – 1; Cónega – 1; Vale das Eiras – 1; No lugar descrito da freguesia de Cavanhão (?) – 5; Mais aí – 1; Rebelo – 3. Referem-se ainda várias quintas dispersas. - S. Martinho das Moitas – Covalinhos(?) – 4; Sete Fontes – 4; Serrim(?) – 10; Nodar – 1; Ameixiosa – 10; Covas do Rio – 10; Pena – 6; Deilão – 5; Bordozedo – 2; Furguselos – 3; Covas – 11. Do concelho de Arouca, tínhamos – Regoufe – 9; Covelo – 8; Drave – 2; Palhais – 1; Póvoa da Légua – 1 e Palença – 1. Ali temos também Covas do Rio. - Baiões – Segadães – 4; Igreja - 1; Lágea – 3; Quinta dos Barões – 2; Outeiro – 2; Bargeta – 2 e Souto – 2 - Serrazes – Ferrreiros – 8; Dondanede – 2; Covelas – 11; Igreja – 6; Serrazes – 26; Freixo – 28 e Penso – 7 No território de S. Pedro do Sul, aparece ainda S. Miguel do Mato, agora a pertencer a Vouzela. Importa dizer-se que a tradução da grafia de 1527 pode não ter sido aqui a mais correcta, pelo que cremos que há lugares já desaparecidos e outros que, nesta página, foram mal assinalados. Por estas falhas, pedimos desculpa aos nossos leitores. Querendo apenas fornecer pistas para um melhor conhecimento do chão que pisamos, esse foi o objectivo que nos motivou a fazer esta resenha. E ela foi pensada como mais uma pista e nunca como um dado absoluto. Por estas informações se deduz que os nossos territórios, há quase 500 anos, já se encontravam povoados. Hoje, em 2017, talvez assim já não aconteça, apesar de todas as condições, infraestruturas e equipamentos que se foram alcançando. Afinal, que falta fazer-se para fixar as nossas gentes? Esta é uma magna questão que ainda não tem resposta conveniente, nem nada que se pareça com isso. Infelizmente. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Dezembro, 2017

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