quarta-feira, 7 de março de 2018

A história e S. Pedro do Sul

Nlafões3set15 Viajar pela história de S. Pedro do Sul Perdidas nos muitos quilómetros de documentos que se encontram guardados a sete chaves no Arquivo Nacional Torre do Tombo (ANTT), há sempre pérolas ali encontradas que fazem as nossas delícias e são uma forma de melhor conhecermos o nosso passado. Grande parte dele – o da pré-História - não está dentro daquelas instalações, mantendo-se firme por aqui ou então a ter merecido a cobiça de quem, caçando esses tesouros, os transportou consigo, ou, por outro lado, os fez divulgar num qualquer museu. Neste último caso, valha-nos a vantagem dessa opção. É de papéis ou outro género de testemunhos escritos que vamos falar, que foram esses que ali encontrámos, entre muitos outros, e que aqui registamos sem muitas considerações, da forma que se segue: - 1245 – Bula de Inocêncio IV, dirigida ao Prior de Grijó, pedindo-lhe que resolva as questões em que são intervenientes os bispos de Coimbra e Viseu acerca das igrejas de S. Pedro do Sul e outras, existente nos documentos eclesiásticos, 1102-1365, Sé de Coimbra. Com esta cidade com notável prepoderância nestas alturas, a Sé e o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra estendem a estas nossas terras os seus poderosos e absorventes tentáculos a todos os níveis. - 1528 – D. João III (ver Livro 52 da sua Chancelaria) manda apartar a vila de Gafanhão da jurisdição e limite da terra de Lafoens, por ser importante o seu crescimento. Deduz-se que estava então em franco progresso, que a fazia credora dessa emancipação, com prejuízo para o administração do concelho lafonense. - 1718 – Carta em que o Rei D. João V faz mercê e doação ao Senhor Dom Miguel, na pessoa de seu filho, o Duque de Lafões, D. Pedro, para que venha a ter na sua posse a terra e concelho de Lafões, que compreendia duas vilas, as de Vouzela e S. Pedro do Sul, com todas as respectivas implicações, como se pode ler no Livro 10 da Chancelaria daquele rei, D. João V. Este ducado veio a possuir, através de seus detentores, notáveis contributos na história de Portugal, nomeadamente, no combate às Invasões Francesas, no Batalhão Académico e noutros postos e funções, assim como, num período negro em perseguições, no âmbito do processo que envolveu os Távoras, chegou a pensar-se que havia ligação do Duque à propalada conjura destinada a derrubar D. José I. Provou-se depois que esse boato tinha pouco fundamento, pelo que foi ilibado das acusações que lhe faziam. Pior sorte tiveram os seus familiares, o Duque de Aveiro e os Távoras em si, que foram dizimados de todo, tendo-se queimado suas propriedades e raspado os brasões que lhes diziam respeito. - 1751 – Carta de D. José I enviada ao Conde de Resende D. António José de Castro, confirmando-lhe a doação por sucessão das terras de Bemviver, Sul, e da Quinta de Roriz, tal como se relata no Livro 15, da sua Chancelaria. - 1761 – Alvará atribuído a D. Rodrigo António Lopes de Carvalho Fonseca Camões de Lencastre, concedido por D. José I, com mercê do senhorio dos coutos de Abadim e Negrelos, de que foi donatário seu avô, presumindo nós próprios, com pedido de ressalva para eventual falha que estejamos a cometer, de que se trata de domínios existentes nesta nossa Região (Livro 4) Estes foram apenas uns curtos apontamentos extraídos um pouco ao acaso, o que mostra bem a riqueza em informação que o ANTT encerra nas suas modernas instalações, situadas na Cidade Universitária de Lisboa, que merecem uma atenção meticulosa no sentido de se irem colher muitas e muitas mais fontes, para com elas se ligarem os respectivos nós e se escrever a história deste concelho, tão rico e tão diverso na sua essência. Mas essa é operação que requer outra atenção e tempos infindos para se não perder pitada das Chancelarias e outras origens documentais, algumas delas ainda não acessíveis mas a caminho dessa disponibilização total. Diga-se que, na esfera da divulgação científica, foram dados passos gigantescos, indo-se ainda no início, quanto à oferta de digitalização online, o que vem dar uma acessibilidade incomparável a estas preciosidades. No limite, aqueles quilómetros e quilómetros de folhas estarão ao nosso alcance qualquer dia. Vindo longe esse momento, ele surgirá de certeza. Ou pelo menos assim o cremos. Carlos Rodrigues

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